Esse texto visa apresentar
respostas objetivas para dez questões relevantes que envolvem os temas apresentados
em seu título. Aborda a dinâmica da Natureza e a interação do homem com o meio
ambiente como agente causador de impactos. As questões que apresentamos aqui são as
seguintes:
1) O que são desertos?
2) O que é desertização?
3) Como ocorre a desertização?
4) O que é desertificação?
5) Como ocorre a desertificação?
6) Quais são as principais
consequências da desertificação?
7) Quais são os principais
espaços que sofrem a desertificação no Mundo atualmente?
8) Quais são os principais
espaços que sofrem a desertificação no Brasil atualmente?
9) Como evitar ou controlar o
avanço da desertificação?
10) A desertificação é um
processo reversível?
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O que são desertos?
Desertos são espaços onde os
níveis de precipitação registrados são muito baixos, em geral até 250 mm anuais
em média, e onde os níveis de evaporação superam os de precipitação.
A baixa presença de vapor d’água
na atmosfera cria condições para uma elevada amplitude térmica (variação de
temperatura) diária. O vapor d’água é um gás estufa, por isso, nas áreas
úmidas, o calor do dia é bastante retido à noite. Já nos desertos, a pobreza em
vapor d’água favorece a dissipação do calor na atmosfera, tornando as noites
bem mais frias que os dias.
Como resultado disso, as
paisagens desérticas costumam ter solos muito arenosos ou rochosos. A variação
de temperatura induz a ocorrência da meteorização das rochas (uma forma de
intemperismo físico), em que a sucessiva dilatação (que ocorre com o
aquecimento durante o dia) e a contração (que ocorre com o resfriamento durante
a noite) gera a fratura das rochas em blocos menores, o que garante o aspecto
arenoso ou rochoso do solo.
As formas de vida são apenas
aparentemente pouco diversificadas. As espécies se adaptam ao rigor do clima
desértico. Os vegetais, em geral plantas xerófitas, são muito resistentes à
seca e à alta salinidade. Encontram-se de forma dispersa no espaço, desenvolvem
raízes profundas e armazenam água em seus caules, folhas e raízes. Apresentam
espinhos que contribuem para a realização da fotossíntese evitando a perda de
água para o meio por causa de seu formato aciculifoliado (folhas em forma de
agulhas). Muitos animais mantêm hábitos noturnos e passam o dia protegidos dos
intensos raios solares, escondidos na areia ou em tocas.
A maioria dos rios dos desertos tem caráter
temporário. Surgem nos momentos de chuva e depois desaparecem. Como nos
desertos as tempestades podem trazer grande volume de chuva concentrado em poucos
minutos, caminhar pelo leito dos rios enquanto estão secos pode ser perigoso. É
comum eles transbordarem em pouco tempo após o início das chuvas. Excetuando
esses casos, os principais rios que cortam desertos têm nascentes em áreas não
desérticas com chuvas regulares, como é o caso do rio Nilo.
O que é desertização?
Desertização é um processo natural em que um ambiente transforma-se em um deserto. Trata-se de um processo lento e que possui causas naturais independentes da ação humana.
Como ocorre a desertização?
A desertização é resultado de complexas interações entre a atmosfera, a litosfera, a hidrosfera e a biosfera. Os desertos que encontramos na Terra atualmente são formados por pelo menos um dos fatores, ou uma associação deles, a seguir:
- Desertos em zonas de alta pressão subtropical: essas áreas são caracterizadas pela descida dos ventos contra-alísios, que têm uma ação ressecante. Os ventos contra-alísios, ao descerem nas altas pressões subtropicais, dispersam moléculas e dificultam a subida do vapor d’água, que é fundamental para que haja condensação e chuvas.
- Desertos em áreas à sotavento de grandes barreiras orográficas: alguns desertos do planeta se encontram impedidos por montanhas de ter um contato mais amplo com massas de ar úmidas. Dizemos que essas montanhas constituem barreiras orográficas ao fluxo da umidade. A vertente da montanha que é voltada para a origem do fluxo, e que recebe umidade, é chamada de “barlavento”. Já a vertente voltada contra a origem do fluxo, e que não recebe a umidade, é chamada de “sotavento”.
- Desertos Polares: são áreas onde a precipitação é muito baixa pois as temperaturas médias, que ficam sempre abaixo ou muito próximas de 0°C, restringem demais a evaporação que forma as chuvas. Não se encontram dunas de areia mas dunas de neve em certas áreas de desertos polares.
- Desertos costeiros: são os mais complexos. Estão presentes nas margens ocidentais da América, da África e da Oceania, sempre nas regiões próximas aos trópicos. O desvio Coriollis, provocado pela rotação da Terra, faz com que os ventos predominantes nessas margens ocidentais soprem do continente para o oceano, dificultando a ação de ventos úmidos do oceano. Soma-se a isso o fato dessas áreas serem invariavelmente banhadas por correntes marinhas frias, que reduzem a evaporação nos oceanos e refrigeram a baixa troposfera, exercendo um efeito ressecante na atmosfera, ou seja, provocando chuvas sobre o oceano, que não chegam ao continente. A presença comum de dunas em formato de Lua Crescente voltadas para o mar são uma evidência clara do sentido dos ventos. O deserto de Atacama, que é o mais árido do planeta, é um deserto costeiro.
Muitos estudos em Geologia e Paleoclimatologia (ciência que estuda os climas antigos) apontam para a formação de desertos muito antigos no planeta, alguns já desaparecidos, muitos deles cobertos por florestas atualmente. Acredita-se que muitos desertos surgiram ao longo das glaciações que a Terra viveu. As glaciações congelam grande parte da água do planeta, tornando os climas mais secos, o que favorece a desertização.
O que é desertificação?
Desertificação é um processo
regressivo da biosfera de um ambiente, gerado pela ação humana. É notavelmente
mais comum em áreas de clima semiárido, sub-úmido e em áreas que circundam desertos.
Como ocorre a desertificação?
Diversas ações inapropriadas do
homem sobre o solo podem provocar esse processo. Vejamos os principais:
- Monoculturas intensivas sobre ecossistemas frágeis. As monoculturas
desgastam muito o solo pois exigem muitos nutrientes da Natureza, o que provoca
seu empobrecimento. Em ambientes frágeis, a superexploração do solo pode ser
perigosa nesse sentido.
- Desmatamento. A retirada da cobertura vegetal expõe os solos à
radiação solar mais intensa e ao contato direto com as águas das chuvas.
Naturalmente, esse desmatamento reduz a infiltração das águas no solo, a
alimentação dos lençóis freáticos e aumenta o escoamento superficial das águas,
potencializando a erosão, que empobrece o solo.
- Técnicas agropecuárias impróprias. Diversas formas indevidas de uso
podem favorecer a erosão e a perda de solo, facilitando assim a desertificação.
Entre essas formas, destacam-se a pecuária extensiva, em que o gado criado
solto pisoteia e compacta os solos dificultando o crescimento dos vegetais; e o
plantio direto sem curvas de nível em encostas, que favorece a erosão.
Quais são as principais consequências da desertificação?
As áreas afetadas sofrem diversas
consequências, tanto no âmbito ecológico quanto nos âmbitos social e econômico.
São consequências comuns em espaços desertificados:
- Redução
da retenção de recursos hídricos; impactos sobre a fauna e a flora; mimetização
de espécies no ambiente transformado; impactos sociais decorrentes da falta de
água, como desnutrição e desidratação; expansão da pobreza; migrações;
desagregação familiar associada às migrações; perda de potencial e produtividade
agropecuárias; redução das receitas agropecuárias locais; etc.
Uma forma
moderna de exploração dos espaços desertificados é o cultivo de eucaliptos. A
planta já demonstrou capacidade de crescer nesse tipo de ambiente, no entanto
sua presença em larga escala age de forma nociva ao ambiente. O eucalipto é uma espécie de
crescimento muito rápido e de grande absorção de água do solo. Essa relação
gera enorme extração de água dos solos das regiões desertificadas, o que
contribui para a expansão do espaço desertificado.
Quais são os principais espaços que sofrem a desertificação no Mundo
atualmente?
A desertificação é um processo
que ocorre principalmente em ambientes que possuem alguma fragilidade, como as
regiões semiáridas, sub-úmidas e as que circundam desertos. Alguns casos chamam a atenção no
Mundo. Vejamos alguns:
- Sahel africano: a palavra “sahel” tem origem árabe e significa “orla”.
A região conhecida como Sahel corresponde à orla semiárida meridional do
deserto do Saara, uma faixa relativamente fina de terras semidesérticas ao sul
do Saara. É uma das regiões mais pobres do planeta, com péssimos indicadores
sociais. Lá, boa parte da população combina uma agricultura itinerante
rudimentar com um pastoreio nômade. As duas atividades contribuem para a
desertificação. Há também a presença de monoculturas exportadoras comandadas
principalmente por empresas europeias, que também contribuem para a
desertificação.
- Mar de Aral: nos
anos 1920, a antiga União Soviética desviou os cursos dos principais rios que
alimentavam o Mar de Aral para irrigar projetos agrícolas na região semiárida
do entorno do mar, processo que continuou sendo ampliado nas décadas seguintes.
Com a redução dessa alimentação, o volume de água do mar foi progressivamente
reduzindo-se. Hoje ele corresponde a aproximadamente 10% da área original e é
uma das maiores tragédias ambientais da história. A região conta com um “cemitério
de navios” encalhados e com águas e solo altamente salinizados.
- Portugal Meridional: as províncias do Alentejo e do Algarve sofrem
forte pressão hidrográfica causada pelos baixos índices pluviométricos, pela
agricultura intensiva e pela ampla infraestrutura turística. Em Alentejo, os
portugueses construíram a barragem do Alqueva, criando o maior lago artificial
da Europa para enfrentar a falta de chuvas e viabilizar a irrigação agrícola.
Além disso, o governo restringiu o uso de água para atividades turísticas em
Algarve como em piscinas e campos de golfe.
Quais são os principais espaços que sofrem a desertificação no Brasil
atualmente?
No Brasil, os principais espaços que sofrem
desertificação são municípios do Sertão nordestino. O clima tropical semiárido e as formas tradicionais de uso do solo favorecem esse processo.
Na microrregião da
Campanha ocidental, no Sudeste Rio-grandense, com destaque para Itaqui e Alegrete, ocorre um processo de arenização do solo. Cabe destacar que, embora os processos tenham aspectos semelhantes, a arenização se desenvolve em ambientes úmidos.
Como evitar ou controlar o avanço da desertificação?
Para evitar a desertificação ou
controlar seu avanço é necessário identificar e agir sobre as causas do
processo. Deve-se proteger a vegetação; praticar a agropecuária de maneira
apropriada, sem superexploração do solo ou uso de técnicas indevidas; e manejar
os recursos hídricos de forma sustentável, evitando grandes desvios ou
transposições de rios.
A desertificação é um processo reversível?
Sim! É possível observar a retomada da expansão
vegetal em ambientes que vivem a desertificação. No entanto, dependendo do grau
de comprometimento, o processo pode levar séculos para se completar. O homem
contribui para essa retomada desocupando as terras e aplicando formas de manejo
que contribuam para a reversão do quadro. Esse manejo pode ser extremamente
dispendioso, podendo custar bilhões de dólares.