Nesse texto abordamos dois tipos de movimentos populacionais cujas características despertam interesse e dúvidas nos alunos. Por isso, apresentamos cinco perguntas importantes para você dominar esses temas.
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O que é Migração Pendular?
Migração Pendular é um movimento
populacional regular em que as pessoas viajam da cidade em que residem para
outra cidade onde trabalham ou estudam em tempo integral. A rigor, não se trata
de uma migração já que o tempo de permanência não é longo e os movimentos
definidos como migração são entendidos como movimentos definitivos ou de longa
duração.
Metrô do Rio de Janeiro lotado.
A Migração Pendular é, necessariamente, um movimento diário?
Tomando por base a definição
estabelecida acima, podemos afirmar que as migrações pendulares não devem ser
entendidas somente como movimentos de caráter diário mas de qualquer intervalo
de tempo, desde que se trate de um movimento regular em que o tempo entre a ida
e a volta não seja muito longo.
Quais são os principais exemplos
de Migração Pendular?
No campo, o principal exemplo de
movimento pendular é o realizado pelos trabalhadores volantes, conhecidos
popularmente como boias-frias. Em geral, eles se deslocam no início da manhã,
da cidade em que vivem para o campo, de onde voltam para suas casas, na cidade, no final do dia.
Outra situação exemplar é a dos
trabalhadores que moram nos municípios de uma Região Metropolitana e fazem o
movimento diário de suas cidades para trabalhar na metrópole ou em outra cidade
da região. A lotação dos meios de transporte intermunicipais e os
congestionamentos das vias urbanas e interurbanas no início da manhã e no fim do dia são fortes
evidências desse movimento.
Entre os casos em que o movimento
não é diário, destacam-se as seguintes situações:
1 – Executivos – Muitos viajam da
cidade em que vivem para a cidade em que trabalham no início da semana,
abrigam-se em hotéis ou apart-hotéis, e retornam para casa no fim de semana.
2 – Políticos – Deputados
estaduais, deputados federais, senadores e outros representantes políticos
vivem, em muitos casos, em cidades diferentes daquela em que trabalham. O
próprio Congresso Nacional do Brasil não possui reuniões plenárias regulares
nos dias de segunda-feira e sexta-feira pois esses são os dias em que os
parlamentares chegam e saem de Brasília.
3 – Petroleiros – Muitos trabalhadores
petroleiros passam de 10 a 15 dias consecutivos embarcados em plataformas de
petróleo, de onde retornam para casa para alguns dias consecutivos de descanso.
4 – Profissionais liberais –
Médicos e professores muitas vezes possuem empregos diferentes. Sendo assim, alguns
acabam viajando pelo menos uma vez por semana para outra cidade a fim de
realizar um plantão ou ministrar suas aulas semanais .
Quais são as principais
diferenças entre Migração Pendular e Transumância?
A migração pendular e a
transumância têm em comum o fato de serem movimentos regulares com ida e
retorno periódicos. A transumância é um movimento descrito tradicionalmente
como sendo executado por rebanhos, vaqueiros e pastores que sobem montanhas no
verão em busca do clima ameno das altitudes e descem para as planícies no
inverno fugindo do rigor do frio nas montanhas. Fica claro que trata-se de um movimento
sazonal, ou seja, regulado pelas estações do ano, o que não ocorre nos
movimentos pendulares.
No entanto, o movimento de transumância ganha outro
significado quando interpretado do ponto de vista de trabalhadores rurais. O termo
“transumância” é usado para designar o movimento migratório realizado por
camponeses que vão para a cidade em busca de emprego nos períodos em que o
calendário agrícola não oferece trabalho no campo. Numa questão do primeiro
exame de qualificação da UERJ de 2009, o movimento é apresentado a partir de um
texto de jornal que o descreve do seguinte modo, com grifo nosso na frase
definitiva [1]:
“Assim, conversinha mole e a criançada que se multiplica. ‘Eu não vou
para São Paulo’, anuncia Ari Félix, 12. Mas o irmão dele foi. ‘Difícil ficar’ é
a frase mais repetida. Safras perdidas, falta de emprego, família crescendo. A soma faz os homens alternarem: seis meses
lá, seis meses cá. Acostumada às despedidas, Vila São Sebastião sabe a
rotina: abraços, apertos de mão e adeusinhos frenéticos que, no caso deles,
sempre querem dizer ‘até logo’”.
Como as transformações no campo e
na cidade contribuíram para Migração Pendular nas Regiões Metropolitanas brasileiras?
O processo de modernização do
campo que ganha força no Brasil a partir da crise de 29 e se expande nos anos 1960 e 1970
promove transformações nas relações de trabalho e de produção rurais que tem
como consequência uma forte liberação de mão de obra e uma notável concentração
fundiária.
Essas realidades associadas às
transformações impostas pelo avanço da industrialização nas principais cidades
do país, movida pelo desenvolvimentismo brasileiro, criaram uma grande atração
de pessoas para esses centros urbanos. Assim, o Brasil observou, em meados da
década de 1960, uma mudança na distribuição espacial da população, que passou a
viver mais em áreas urbanas do que em áreas rurais.
Diante dessas metamorfoses,
podemos dizer que ao mesmo tempo em que o Brasil se urbanizava, o país vivia o
processo de metropolização [2] de suas principais capitais, sendo ambos os
processos resultados de um fantástico fluxo migratório no sentido campo-cidade
observado naquele contexto. Fluxo que convencionamos chamar de êxodo rural,
pelo caráter de massa dessas migrações internas.
Assim, o acelerado crescimento
dos aglomerados metropolitanos se traduz no crescimento do núcleo metropolitano
e, principalmente, na expansão das suas periferias, que nas últimas três
décadas passaram a crescer mais rápido que seus respectivos núcleos. É a população
residente nessas cidades periféricas em expansão que vai protagonizar os
movimentos pendulares diários, principalmente no sentido
periferia-núcleo-periferia.
REFERÊNCIAS:
[1] 1º Exame de Qualificação da
UERJ 2009: http://www.vestibular.uerj.br/portal_vestibular_uerj/arquivos/arquivos2009/2009_1eq_3de3.pdf
[2] Fausto Brito e Joseane de
Souza: Expansão urbana nas grande metrópoles e o significado das migrações
intrametropolitanas e da mobilidade pendular na reprodução da pobreza. http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-88392005000400003&script=sci_arttext
3 comentários:
Muito bom conteúdo. Ajudou bastante. VLW!
Optimo site, muitos parabêns. Ajudou-me imenso para um teste. Continue o bom trabalho.
Muito bom. Conteúdo claro, correto e bem sintetizado.
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