Como resultado da Guerra dos Sete Anos, os franceses perderam vastas extensões de terras na América do Norte para os ingleses que passaram a colonizar a região. Não bastassem os conflitos que envolveram esses dois países na Europa, a rivalidade deixou marcas, percebidas até os dias atuais, fora do continente de origem, especialmente no Canadá.
Mesmo depois da derrota naqueles idos do século XVIII, mais de seis mil franceses permaneceram em solo canadense submetendo-se ao domínio inglês. Concentrados na atual província de Quebec, eles resistiram à dominação cultural e religiosa, mantendo o uso da língua francesa e preservando o catolicismo, em oposição ao uso da língua inglesa e ao protestantismo anglicano disseminados naquele território.
Em 1960 os seis mil franceses já tinham se transformado em mais de seis milhões correspondendo a aproximadamente 80% da população de Quebec. Em 1977, o idioma francês foi adotado como oficial nas escolas, na atividade comercial e na administração local, na época sob o comando do separatista Partido Quebequense. Em 1980 foi proposta uma associação soberana para Quebec com unidade monetária e aduaneira, descartando a idéia de uma separação unilateral, no entanto o plebiscito realizado naquele ano rejeitou tal proposta por 59,5 contra 40,5% dos votos.
Em 1994, o governador eleito Jacques Parizeau, membro do Partido Quebequense, assumiu o compromisso de converter Quebec num Estado soberano. Por solicitação do partido um novo plebiscito foi realizado no dia 30 de outubro de 1995, no entanto a separação foi rechaçada por 50,5 contra 49,5% dos votos. Mesmo com essa expressiva votação a favor da separação a ameaça de secessão quebequense retrocedeu em 1996 diante da transferência de poderes feita pelo governo central às províncias com intuito de minimizar as tensões separatistas no país.
Contudo, é comum o fortalecimento desses movimentos separatistas quando o país se encontra em contexto de crise econômica. As crises atingem de forma mais negativa os quebecois e não há nada que impeça a evolução desse processo separatista já que a questão não está plenamente resolvida. A qualquer momento um novo plebiscito pode ser proposto e o resultado pode ser diferente.
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