Os estudos sobre "gentrification", termo acadêmico usualmente traduzido para o português como "gentrificação", já têm quase 50 anos e não são mais tratados exatamente como uma novidade. No entanto a quantidade de exemplos desse processo cresceu rapidamente nos últimos anos despertando maior atenção para o fenômeno e demandando uma maior difusão dos elementos quen compõem esse processo.
A gentrificação é, essencialmente, um processo de enobrecimento do espaço urbano a partir da renovação dos elementos que compõem o espaço tais como construções, parques, praças, comércio, equipamentos de diversão, cultura, arte etc. Ocorre, geralmente, nas áreas centrais das cidades que apresentam maior grau de degradação dessa parcela do espaço urbano, tendo, consequentemente, construções abandonadas, invasões, cortiços etc. aglomerando população de baixa renda.
Normalmente os projetos urbanos que conduzem à gentrificação são apresentados como projetos de "revitalização". O termo sugere a falta de "vida" própria nos lugares renovados explicando, assim, por quê tal projeto seria indispensável ao espaço, atribuindo-lhe uma dimensão positiva.
De fato, renovar o espaço, melhorando, ampliando e modernizando suas infraestruturas, será sempre muito bom para as pessoas que vivem nesse espaço, desde que, para que as melhorias acontençam, elas não tenham que ser removidas de lá, ou que percam condições de seguir se sustentando naquela localidade em função do aumento dos custos de vida após as reformas.
No entanto, inevitavelmente é isso que acontece nos processos de gentrificação: se os moradores tradicionais não são removidos pela arbitrariedade do poder público, acabam saindo ao longo desse processo pela força do capital imobiliário e sua especulação que eleva os preços dos aluguéis e da aquisição de moradias.
No início de 2011 tive a oportunidade de falar um pouco sobre esse tema para os vestibulandos que consultam o site g1.com.br e alertar sobre a difusão desse conceito e a possibilidade de ele ser cobrado nos vestibulares. No final do ano a PUC-Rio cobrou o tema (veja o link) em uma de suas provas específicas de Geografia. Você pode assistir a essa mini-aula aqui, no site do g1, ou aqui, no YouTube.
Citei, na aula, Rio de Janeiro e São Paulo como principais cidades brasileiras onde o processo é obsevado. Disse ainda, que, no Rio, a principal região é a Lapa e, em São Paulo, o processo é mais evidente no entorno da Praça da Sé. Aproveito esta oportunidade para completar esse quadro de gentrificação nas duas maiores cidades brasileiras.
No Rio de Janeiro, uma outra área que vive a gentrificação é a Zona Portuária, onde a prefeitura da cidade executa um projeto chamado "Porto Maravilha". Baseia-se, exatamente, na demolição de algumas construções antigas, reordenamento das vias de circulação (com destaque para a demolição do elevado da perimetral), e na abertura de espaços para novas construções, sendo que alguns terrenos tiveram seus gabaritos ampliados para permitir construções de até 50 andares.
Já em São Paulo, o projeto de "revitalização" indutor da gentrificação é o "Nova Luz". Nesse projeto, 33% da área construída será completamente demolida, processo que já começou e deve avançar nos próximos anos. O bairro da Luz, que abriga um elevado número de pessoas de baixa renda, ganhou o apelido de "cracolândia", em função da presença de usuários de crack pelas ruas do bairro.
Tanto o fenômeno em si (a presença de viciados) quanto a difusão na mídia do apelido pejorativo ajudam a desvalorizar ainda mais o bairro atendendo aos interreses do capital imobiliário que pretende se apropriar dos terrenos a preços baixos, e negociá-los, após a renovação, a preços elevados.
É natural que zonas centrias sejam atrativas para a classe média que pretende morar perto do trabalho, especialmente em cidades congestionadas. No Rio, um condomínio lançado na Lapa, em 2005, vendeu todas as suas 688 unidades em 2 horas, valendo-se de sua presença no centro e da tradição do espírito boêmio do bairro.
Processo muito semelhante deve acontecer na Nova Luz. Dos prédios degradados, das ocupações irregulares e dos cortiços, devem sair milhares de pessoas que serão conduzidas a tentar moradia nas periferias distantes da cidade ou ao desabrigo. Elas não terão condições de continuar participando da vida no novo bairro que vai surgir, por sua condição social.
Uma alternativa para isso é a efetivação das chamadas ZEIS, Zonas Especiais de Interesse Social, que, são áreas de assentamentos habitacionais de população de baixa renda, surgidos espontaneamente, existentes, consolidados ou propostos pelo Poder Público, onde haja possibilidade de urbanização e regularização fundiária, de acordo com a definicão dada pela prefeitura de Recife, cidade pioneira na proposição dessas zonas (ver link).
A gentrificação é, essencialmente, um processo de enobrecimento do espaço urbano a partir da renovação dos elementos que compõem o espaço tais como construções, parques, praças, comércio, equipamentos de diversão, cultura, arte etc. Ocorre, geralmente, nas áreas centrais das cidades que apresentam maior grau de degradação dessa parcela do espaço urbano, tendo, consequentemente, construções abandonadas, invasões, cortiços etc. aglomerando população de baixa renda.
Normalmente os projetos urbanos que conduzem à gentrificação são apresentados como projetos de "revitalização". O termo sugere a falta de "vida" própria nos lugares renovados explicando, assim, por quê tal projeto seria indispensável ao espaço, atribuindo-lhe uma dimensão positiva.
De fato, renovar o espaço, melhorando, ampliando e modernizando suas infraestruturas, será sempre muito bom para as pessoas que vivem nesse espaço, desde que, para que as melhorias acontençam, elas não tenham que ser removidas de lá, ou que percam condições de seguir se sustentando naquela localidade em função do aumento dos custos de vida após as reformas.
No entanto, inevitavelmente é isso que acontece nos processos de gentrificação: se os moradores tradicionais não são removidos pela arbitrariedade do poder público, acabam saindo ao longo desse processo pela força do capital imobiliário e sua especulação que eleva os preços dos aluguéis e da aquisição de moradias.
No início de 2011 tive a oportunidade de falar um pouco sobre esse tema para os vestibulandos que consultam o site g1.com.br e alertar sobre a difusão desse conceito e a possibilidade de ele ser cobrado nos vestibulares. No final do ano a PUC-Rio cobrou o tema (veja o link) em uma de suas provas específicas de Geografia. Você pode assistir a essa mini-aula aqui, no site do g1, ou aqui, no YouTube.
Citei, na aula, Rio de Janeiro e São Paulo como principais cidades brasileiras onde o processo é obsevado. Disse ainda, que, no Rio, a principal região é a Lapa e, em São Paulo, o processo é mais evidente no entorno da Praça da Sé. Aproveito esta oportunidade para completar esse quadro de gentrificação nas duas maiores cidades brasileiras.
No Rio de Janeiro, uma outra área que vive a gentrificação é a Zona Portuária, onde a prefeitura da cidade executa um projeto chamado "Porto Maravilha". Baseia-se, exatamente, na demolição de algumas construções antigas, reordenamento das vias de circulação (com destaque para a demolição do elevado da perimetral), e na abertura de espaços para novas construções, sendo que alguns terrenos tiveram seus gabaritos ampliados para permitir construções de até 50 andares.
Já em São Paulo, o projeto de "revitalização" indutor da gentrificação é o "Nova Luz". Nesse projeto, 33% da área construída será completamente demolida, processo que já começou e deve avançar nos próximos anos. O bairro da Luz, que abriga um elevado número de pessoas de baixa renda, ganhou o apelido de "cracolândia", em função da presença de usuários de crack pelas ruas do bairro.
Tanto o fenômeno em si (a presença de viciados) quanto a difusão na mídia do apelido pejorativo ajudam a desvalorizar ainda mais o bairro atendendo aos interreses do capital imobiliário que pretende se apropriar dos terrenos a preços baixos, e negociá-los, após a renovação, a preços elevados.
É natural que zonas centrias sejam atrativas para a classe média que pretende morar perto do trabalho, especialmente em cidades congestionadas. No Rio, um condomínio lançado na Lapa, em 2005, vendeu todas as suas 688 unidades em 2 horas, valendo-se de sua presença no centro e da tradição do espírito boêmio do bairro.
Processo muito semelhante deve acontecer na Nova Luz. Dos prédios degradados, das ocupações irregulares e dos cortiços, devem sair milhares de pessoas que serão conduzidas a tentar moradia nas periferias distantes da cidade ou ao desabrigo. Elas não terão condições de continuar participando da vida no novo bairro que vai surgir, por sua condição social.
Uma alternativa para isso é a efetivação das chamadas ZEIS, Zonas Especiais de Interesse Social, que, são áreas de assentamentos habitacionais de população de baixa renda, surgidos espontaneamente, existentes, consolidados ou propostos pelo Poder Público, onde haja possibilidade de urbanização e regularização fundiária, de acordo com a definicão dada pela prefeitura de Recife, cidade pioneira na proposição dessas zonas (ver link).
Previstas como intrumento de política urbana no Estatuto da Cidade, de 2001, essas zonas garantem que os projetos de modernização e "revitalização" incluam a construção de moradias populares. Desse modo, a população pobre não seria completamente apartada do convívio no lugar.
Uma excelente abordagem sobre o caso do projeto Nova Luz você pode ver no vídeo a seguir.
Uma excelente abordagem sobre o caso do projeto Nova Luz você pode ver no vídeo a seguir.
LUZ from Left Hand Rotation on Vimeo.
P.S.: Uma tese interessante sobre a Gentrificação em cidades históricas menores, escrita pelo Mestre em arquitetura Gustavo Pimenta de Pádua Zolini, pode ser encontrada aqui. Clique para ver!
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