Esse texto pretende apontar aos
estudantes e interessados no tema quais os principais fatores que promoveram ou
promovem a devastação dos diferentes biomas brasileiros.
É interessante notar que alguns
desses fatores estão presentes em todos as situações. É o caso da falta de
fiscalização em Áreas de Preservação Permanente, que favorece o avanço de
atividades ilegais.
Charge de Angeli
Segundo o código florestal, as
Áreas de Preservação Permanente são aquelas que, cobertas ou não por vegetação
nativa, tem a função ambiental de preservar recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade
geológica, a biodiversidade e o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo
e assegurar o bem-estar de populações humanas.
Toda a vegetação que se encontra
às margens dos cursos d’água, como as matas ciliares, é considerada Área de
Preservação Permanente, tendo seus limites definidos pela largura dos rios.
O histórico da geopolítica
ambiental do Estado brasileiro também tem muito a contribuir para entendermos o
atual quadro de devastação. O desenvolvimentismo nos levou a defender o avanço
sobre as florestas e a poluição sob a justificativa de combate à pobreza.
“Que venha a poluição, desde que as fábricas venham com ela... a pior
forma de poluição é a pobreza”, disse o representante do Brasil na
conferência ambiental de Estocolmo, em 1972.
O quadro é grave especialmente na
Mata Atlântica e no Cerrado, dois dos biomas brasileiros que compõem a lista de
hotspots ecológicos, que são biomas
de alta biodiversidade ameaçados pela devastação.
Vejamos a seguir os principais
fatores históricos e/ou atuais de devastação dos biomas brasileiros.
Mata Atlântica
Reduzida a pequenas manchas nas
vertentes das serras do planalto oriental.
Ocupação histórica; plantations,
agroindústrias, práticas agrícolas inadequadas, queimadas, desmatamento, intenso
crescimento urbano, industrialização, especulação imobiliária e favelização.
Cerrado
Frentes de expansão e povoamento
no cerrado na primeira metade do século XX; correção de solos ácidos permitindo
a expansão da agricultura sobre o cerrado, especialmente a sojicultura; terras planas;
transferência da capital para Brasília; rodoviarismo; intensa urbanização em
curso no centro-oeste; pecuária bovina de corte extensiva;
Amazônia
A grande devastação florestal
atingiu, na realidade, principalmente as áreas de transição formadas por
cerrados nos limites da região fisiográfica da Amazônia.
Polos madeireiros amazônicos em
mata de terra firma ao norte do arco do desmatamento. Mogno no oeste do Pará e
Norte do Mato Grosso.
Agropecuária no arco ao sul da
bacia amazônica do nordeste e sul do Pará, passando pelo norte do Mato Grosso e
se estendendo até Rondônia.
Pecuária promove grande derrubada
de florestas; desmatamento favorece a erosão e lixiviação dos solos pobres da
região; hidrelétricas como santo Antônio, Jirau e Belo Monte favorecem a
expansão de atividades desmatadoras.
Pantanal
Reserva da Biosfera da UNESCO; erosão
nas cabeceiras dos rios provocada pelo desmatamento de matas ciliares e das
regiões do entorno para agricultura e o consequente assoreamento dos rios;
Agrotóxicos; garimpo e a
consequente contaminação dos rios com mercúrio; atividades urbanas e o despejo
de resíduos industriais; turismo;
Pecuária de corte tradicional com
gado nelore; caça ilegal e pesca predatória;
Obras de dragagem e retificação
de canais da hidrovia do Paraguai diminui o transbordamento dos rios reduzindo
a inundação natural da planície.
Caatinga
Intensificação do pastoreio tradicional;
desmatamento para obtenção de lenha; agricultura com técnicas indevidas;
Desertificação é uma das sérias
consequências da ação humana indevida sobre a caatinga. Ver este link.
Araucárias
Araucárias foram devastadas pela
urbanização, e pelo setor madeireiro movido pelas indústrias da construção
civil e de móveis.
Campos
Arenização dos solos ligada ao
pisoteio do gado; uso de mecanização pesada na agricultura; queimadas para a
eliminação de sobras secas das pastagens após o inverno e a ação das águas e do
vento sobre depósitos arenosos pouco consolidados em ambiente de clima úmido.
Manguezais e vegetações costeiras
Aterros para a expansão urbana; especulação
imobiliária; lançamento de esgotos;
Mata dos Cocais
Bioma historicamente prejudicada
por atividades de mineração e extração madeireira estimuladas pelo
desenvolvimentismo do regime militar.
Atualmente a região convive com o
extrativismo vegetal sobre suas palmáceas de carnaúba, babaçu, oiticica, buriti
e açaí.
1- Expansão
dos programas governamentais de combate a queimadas
2- Melhoria
das condições de fiscalização presencial e remota das Áreas de Preservação
Permanente.
3- Efetivação
do manejo das florestas como forma de conservação das matas
4- Regularização
fundiária
5- Aumento
dos estímulos fiscais para atividades sustentáveis.
Um comentário:
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