quinta-feira, 20 de março de 2014

FATORES DE DEVASTAÇÃO DAS VEGETAÇÕES BRASILEIRAS

Esse texto pretende apontar aos estudantes e interessados no tema quais os principais fatores que promoveram ou promovem a devastação dos diferentes biomas brasileiros.
 
É interessante notar que alguns desses fatores estão presentes em todos as situações. É o caso da falta de fiscalização em Áreas de Preservação Permanente, que favorece o avanço de atividades ilegais.

 
Charge de Angeli
 
 
Segundo o código florestal, as Áreas de Preservação Permanente são aquelas que, cobertas ou não por vegetação nativa, tem a função ambiental de preservar recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade e o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar de populações humanas.
Toda a vegetação que se encontra às margens dos cursos d’água, como as matas ciliares, é considerada Área de Preservação Permanente, tendo seus limites definidos pela largura dos rios.
O histórico da geopolítica ambiental do Estado brasileiro também tem muito a contribuir para entendermos o atual quadro de devastação. O desenvolvimentismo nos levou a defender o avanço sobre as florestas e a poluição sob a justificativa de combate à pobreza.
Que venha a poluição, desde que as fábricas venham com ela... a pior forma de poluição é a pobreza”, disse o representante do Brasil na conferência ambiental de Estocolmo, em 1972.
O quadro é grave especialmente na Mata Atlântica e no Cerrado, dois dos biomas brasileiros que compõem a lista de hotspots ecológicos, que são biomas de alta biodiversidade ameaçados pela devastação.
Vejamos a seguir os principais fatores históricos e/ou atuais de devastação dos biomas brasileiros.
 
Mata Atlântica
Reduzida a pequenas manchas nas vertentes das serras do planalto oriental.
Ocupação histórica; plantations, agroindústrias, práticas agrícolas inadequadas, queimadas, desmatamento, intenso crescimento urbano, industrialização, especulação imobiliária e favelização.
 
Cerrado
Frentes de expansão e povoamento no cerrado na primeira metade do século XX; correção de solos ácidos permitindo a expansão da agricultura sobre o cerrado, especialmente a sojicultura; terras planas; transferência da capital para Brasília; rodoviarismo; intensa urbanização em curso no centro-oeste; pecuária bovina de corte extensiva;
 
Amazônia
A grande devastação florestal atingiu, na realidade, principalmente as áreas de transição formadas por cerrados nos limites da região fisiográfica da Amazônia.
Polos madeireiros amazônicos em mata de terra firma ao norte do arco do desmatamento. Mogno no oeste do Pará e Norte do Mato Grosso.
Agropecuária no arco ao sul da bacia amazônica do nordeste e sul do Pará, passando pelo norte do Mato Grosso e se estendendo até Rondônia.
Pecuária promove grande derrubada de florestas; desmatamento favorece a erosão e lixiviação dos solos pobres da região; hidrelétricas como santo Antônio, Jirau e Belo Monte favorecem a expansão de atividades desmatadoras.
 
Pantanal
Reserva da Biosfera da UNESCO; erosão nas cabeceiras dos rios provocada pelo desmatamento de matas ciliares e das regiões do entorno para agricultura e o consequente assoreamento dos rios;
Agrotóxicos; garimpo e a consequente contaminação dos rios com mercúrio; atividades urbanas e o despejo de resíduos industriais; turismo;
Pecuária de corte tradicional com gado nelore; caça ilegal e pesca predatória;
Obras de dragagem e retificação de canais da hidrovia do Paraguai diminui o transbordamento dos rios reduzindo a inundação natural da planície.
 
Caatinga
Intensificação do pastoreio tradicional; desmatamento para obtenção de lenha; agricultura com técnicas indevidas;
Desertificação é uma das sérias consequências da ação humana indevida sobre a caatinga. Ver este link.
 
Araucárias
Araucárias foram devastadas pela urbanização, e pelo setor madeireiro movido pelas indústrias da construção civil e de móveis.
 
Campos
Arenização dos solos ligada ao pisoteio do gado; uso de mecanização pesada na agricultura; queimadas para a eliminação de sobras secas das pastagens após o inverno e a ação das águas e do vento sobre depósitos arenosos pouco consolidados em ambiente de clima úmido.
 
Manguezais e vegetações costeiras
Aterros para a expansão urbana; especulação imobiliária; lançamento de esgotos;
 
Mata dos Cocais
Bioma historicamente prejudicada por atividades de mineração e extração madeireira estimuladas pelo desenvolvimentismo do regime militar.
Atualmente a região convive com o extrativismo vegetal sobre suas palmáceas de carnaúba, babaçu, oiticica, buriti e açaí.
 
Sugestões para o combate à devastação:
1-      Expansão dos programas governamentais de combate a queimadas
2-      Melhoria das condições de fiscalização presencial e remota das Áreas de Preservação Permanente.
3-      Efetivação do manejo das florestas como forma de conservação das matas
4-      Regularização fundiária
5-      Aumento dos estímulos fiscais para atividades sustentáveis.

Um comentário:

Unknown disse...

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