sábado, 7 de março de 2009

INTEMPERISMO

Chamamos de agentes exógenos ou externos os elementos da natureza que realizam o trabalho de transformar as estruturas físicas e químicas das rochas e transportar, seja a curtas, médias ou longas distâncias, os fragmentos dessas rochas que eles são capazes de desgastar. Entre os principais agente exógenos ou externos temos as chuvas, os ventos, os rios, os mares e o gelo. Eles são capazes de causar tanto o intemperismo quanto a erosão.

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Mas qual é a diferença entre intemperismo e erosão?

Intemperismo correponde ao processo de alteração, ou seja, de transformação das estruturas físicas (através da desagregação), ou químicas (através da decomposição) das rochas da superfície terrestre. Já a erosão corresponde ao transporte dos fragmentos de rochas desgastadas, ou seja, o deslocamento de materiais intemperizados. Nesse texto dedicaremos algumas palavras para descrever os principais tipos de intemperismo, suas principais formas de ocorrência e seus agentes causadores.

Como ocorre o intemperismo?
O intemperismo ocorre essencialmente de duas formas, podendo a alteração das rochas ser de caráter físico ou químico. O intemperismo físico corresponde à alteração da estrutura física das rochas feita a partir de uma desagregação mecânica. Por exemplo: quando uma única rocha é dividida em duas partes, ela sofreu uma alteração física e não química pois as duas partes não tiveram sua composição química alterada pela simples quebra da rocha. Para que haja intemperismo químico é necessário que ocorra uma alteração da estrutura química da rocha. O intemperismo físico é típico de climas secos, sejam eles quentes ou frios. Já o intemperismo químico, cuja atuação é mais profunda e importante do que a do intemperismo físico, tem sua ocorrência em áreas úmidas e quentes.

Intemperismo Físico

Vejamos, então, os principais agentes que podem causar o intemperismo físico.

a) Variação de temperatura

A variação diária de temperatura (insolação) e a variação anual (estações do ano) atuam sobre as rochas provocando dilatação (pelo aquecimento ao longo do dia ou do verão) e contração (ao longo das noites ou do inverno). Essa dinâmica de dilatação e contração provoca a termoclastia, ou seja, a fragmentação ou desagregação das rochas pela variação de temperatura. Esse fenômeno é mais comum em climas secos (como os dos desertos) onde ocorre grande variação de temperatura diária e anual. Em alguns pontos do deserto do Saara, as temperaturas superam os 50 graus célcius durante o dia e caem drasticamente para níveis perto de zero grau à noite. O reflexo está na paisagem arenosa, fruto da fragmentação excessiva das rochas do local. Cabe destacar, ainda, que o comportamento dos diferentes minerais, que compõem uma mesma rocha e possuem coeficientes de dilatação distintos, é diferente provocando o "deslocamento relativo entre os cristais, rompendo a coesão inicial entre os grãos". [1]

b) Alívio de pressões
Frequentemente alguns blocos rochosos de grande dimensão que estão posicionados em partes profundas da crosta (chamados de batólitos) e que encontram sobre si um grande volume de rochas que atingem a superfície (chamadas de rochas encaixantes) sofrem um processo de soerguimento. Nesse processo o material da rocha encaixante é erodido e seu peso imenso é retirado, pela erosão, de cima do batólito causando um grande alívio de pressão. Esse alívio faz surgir um conjunto de fendas mais ou menos paralelas à superfície na estrutura da rocha soerguida. Essa alteração (fendilhamento) é de caráter essencialmente físico sendo mais um exemplo de intemperismo. Outras rochas, que não são batólitos, também sofrem intemperismo por alívio de pressão, como ocorre com os gnaisses e os arenitos.

c) Crescimento de cristais
A existência de poros ou fendas nas rochas possibilita o acúmulo de água e de sais (cloretos, sulfatos, carbonatos...). Em regiões frias, o congelamento da água acumulada nas fendas das rochas aumenta seu volume em aproximadamente 9% exercendo forte pressão para o alargamento dessas fendas podendo causar aumento das fraturas e fragmentar as rochas (crioclastia). O acúmulo de cristais nessas fendas também provoca essa abertura. Os cristais podem expandir-se pelo aumento da temperatura.


d) Hidratação de minerais.
"A cristalização de sais dissolvidos nas águas de infiltração tem o mesmo efeito [que o crescimento de cristais*]. Com o passar do tempo, o crescimento desses minerais também causa expansão das fraturas e fragmentação das rochas". [1] Ou seja, ressalta-se aqui o papel da absorção de umidade pelos minerais como agente físico causador de fraturas e, principalmente, esfoliações das rochas.

e) Processos físico-biológicos

A ação mecânica das raízes dos vegetais e de outros organismos também pode provocar a fratura ou a fragmentação das rochas. Quando, por exemplo, as raízes de uma árvore crescem na fenda de uma rocha, elas forçam a sua abertura gerando a desagregação dos blocos separados pela fenda.

Intemperismo Químico

Vejamos, agora, os principais agentes capazes de gerar o intemperismo químico.

a) Oxidação
Sua ocorrência é típica de "ambientes oxidantes" [2], ou seja, os mais úmidos. É mais comum nos íons Fe++ e no Fe+++. Sua evidência mais clara manifesta-se na coloração avermelhada e amarelada das rochas e dos solos gerados pela intemperização dessas rochas.

b) Redução

É o processo inverso à oxidação. O íon Fe++ mantém-se na forma estável. Ocorre preferencialmente em "ambientes redutores" [2], que também são bastante úmidos, saturados de água. O processo resulta em rochas e solos de coloração azualda, cinzenta ou esverdeada.

c) Hidratação

Esse processo ocorre a partir da entrada de moléculas de água na estrutura mineral, modificando-a e dando origem a um mineral diferente. Ocorre também em ambientes mais úmidos.

d) Hidrólise

Sendo as rochas constituídas basicamente por silicatos, quando elas entram em contato com a água, os silicatos sofrem hidrólise e dessa reação resulta uma solução alcalina. Em um feldspato potássico, por exemplo, o hidrogênio (H+) substitui por hidrólise o potássio (K+).
e) Atividade dos ácidos
Os ácidos facilitam a ocorrência do processo de hidrólise (em função do teor H+). Os principais ácidos ativos são o ácido carbônico, o ácido sulfúrico, os ácidos húmicos, etc.

f) Dissolução

A dissolução ocorre quando a água provoca a solubilização completa de um mineral. Esse processo é mais comum em terrenos formados por rochas calcárias, que são mais suscetíveis à dissolução completa.

g) Processos químico-biológicos
Derivam principalmente da liberação de substâncias e do aumento na acidez da água de infiltração, que resultam da ação de microorganismos, plantas e tecidos animais e vegetais. O solo é um ambiente rico em CO2 em função da oxidação da matéria orgânica e da respiração das plantas pelas raízes. Esse CO2 em contato com a água das chuvas diminui o pH dessas águas dando maior poder de ataque às rochas alterando-lhes a estrutura.


AGRADECIMENTOS:

Meus sinceros agradecimentos a professora Anice Esteves Afonso, do departamento de Geografia da Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, amiga e mentora, pelo carinho e pela revisão dos conceitos desse pequeno texto sobre um tema que ela, como professora de geomorfologia, domina tão melhor do que eu.

Obrigado.

REFERÊNCIAS:

[1] TOLEDO, Maria Cristina M. et al. Decifrando a Terra. Ed. Oficina de Textos. São Paulo. 2002. pp.: 140-148.

[2] http://geomarco.com/

* Nota do Autor

16 comentários:

Unknown disse...

Parabéns pela explicacão fácil e objetiva.

Diego Moreira disse...

Valeu, Rita! Abraço!

Unknown disse...

Queria fazer uma pergunta. Ouvi dizer que intemperismo químico só acontece em lugares quentes e o físico em lugares frios, é verdade?

Diego Moreira disse...

Ludmila, respondo com um parágrafo do próprio texto:


"O intemperismo físico é típico de climas secos, sejam eles quentes ou frios. Já o intemperismo químico, cuja atuação é mais profunda e importante do que a do intemperismo físico, tem sua ocorrência em áreas úmidas e quentes."

Ok? Abraço!

Unknown disse...

Mto legal! Adorei...

angel canne disse...

Mto bom e super bem explicado
Eu a-m-e-i!
Bjins

Unknown disse...

Adorei o texto, estava procurando sobre intemperismo para um trabalho e achei tudo que precisava. Obrigada
Beijos

Unknown disse...

adorei a pagina principalmente a expricação sobre o assunto muito bem elaborado mas sem se torna chato ompreenção ou entendimento..vlw ajudou muito na minha prova..sobre esse a ssunto..

Stephanie Romão disse...

Muito bom me ajudou bastante no meu estudo para a prova.Valeu!

Stephanie Romão disse...

Participa do meu blog tb. www.informacaovariadas.blogspot.com

Lúria disse...

Muito bom!

Terço dos Homens disse...

Parabens, por este blog, tem ajudado bastante em minhas pesquisas.
Sou estudante do curso de geografia e sempre recorro a este site para fazer as minhas pesquisas

Diego Moreira disse...

Obrigado, sejam sempre bem-vindos!

Carlos A Pereira disse...

Excelente explicação , muito boa .

Cj disse...

Alguem pode me ajudar, me informando uma aplicação do intemperismo quimico de hidratação na engenharia civil? Tipo...com oq da engenharia civil ele está relacionado por exemplo..me ajudem ai galera

Unknown disse...

Obrigado pelo trabalho, ajuda muito em aproximar conceitos discutidos em sala de aula, da realidade de nosso alunos =)