tag:blogger.com,1999:blog-2026200407167191262024-02-19T06:11:31.407-03:00Geografia: Conceitos e TemasConceitos, temas, polêmicas e opinião. Educação, ensino de geografia e vestibular. Do professor para os alunos, para os colegas e para quem se interessa pela geografia.Unknownnoreply@blogger.comBlogger58125tag:blogger.com,1999:blog-202620040716719126.post-5113445348055313792022-05-12T21:47:00.001-03:002022-05-12T21:51:55.614-03:00PRINCIPAIS GRUPOS EXTREMISTAS DO MUNDO ISLÂMICO<p style="text-align: justify;">O <b><span style="color: #2b00fe;">terrorismo</span></b> é uma manifestação da violência, usada como forma de impor a vontade de uma pessoa ou grupo, normalmente com finalidade política. A violência é caracterizada pela prática de atentados com variável potencial destrutivo e cujo objetivo é a desorganização da sociedade existente e a tomada do poder.</p><p style="text-align: justify;">Diversas organizações terroristas marcaram a história ao longo do século 20. Muito antes do fundamentalismo islâmico ganhar destaque com os atentados de 11 de setembro de 2001, grupos terroristas tiravam a paz de milhões de pessoas, inclusive em países desenvolvidos. É o caso da Irlanda do Norte, com a atuação do <b><span style="color: red;">IRA</span></b>, o Exército Republicano Irlandês, e é também o caso da Espanha, com o <b><span style="color: red;">ETA</span></b>, Euskadi Ta Askatasuna (Pátria Basca e Liberdade).</p><p style="text-align: justify;">Contudo, é verdade que o terrorismo era protagonizado por atores locais e regionais durante a velha ordem mundial e passou a ter dimensão global na nova ordem, com a sistemática de atentados promovidos por organizações como a Al Qaeda, que articulou os ataques às Torres Gêmeas e ao Pentágono. O terrorismo global, que articula células de <b><span style="color: #2b00fe;">organizações complexas estruturadas em redes</span></b>, é uma das faces da globalização.</p><p style="text-align: justify;">É importante ressaltar que o terrorismo não é uma prática exclusiva de grupos políticos extremistas. Existe o <b><span style="color: #2b00fe;">terrorismo de Estado</span></b>, especialmente comum nas ditaduras, nas quais ocorrem perseguições políticas, prisões arbitrárias, torturas e assassinatos de dissidentes. Mesmo em democracias frágeis, onde os direitos constitucionais são violados por instituições de Estado, o terrorismo encontra espaço, como o que é praticado por forças policiais e militares contra populações periféricas do Brasil.</p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><b>Grupos extremistas de linha sunita wahhabita ou salafistas:</b></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><b>- Al Qaeda</b></p><p style="text-align: justify;">Grupo criado pelo saudita Osama bin Laden no Afeganistão com finalidade original de lutar contra a ocupação soviética (1979-89), pela qual recebeu ajuda financeira e militar dos Estados Unidos. Após a ação americana na Guerra do Golfo (1991) e da instalação de bases militares estadunidenses na península arábica, o grupo volta-se contra alvos americanos e foi o responsável pelos atentados de 11 de setembro de 2001 e outros atentados na África, no Oriente Médio e ao jornal Charlie Hebdo, em Paris.</p><p style="text-align: justify;"><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEio5vDifhmNhZdYbvrppQdEMe93SdvH5BjI8Ve-FpUwDYP9ivTP37V5mfSgACGvwz1SQx-Is_-aFNYF0JKz8QyjZaaIv0ZcBSMmD8c69MZXKKPWiuZgctx_coQKDmW5pxMllIAhURj7S5JLg-sCdQYA7u9-Vk4H01jG1BXIL2YGGcLFH4RkN-tUu5sk-Q/s1280/%C4%B0D_bayra%C4%9F%C4%B1_ile_bir_militan.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="853" data-original-width="1280" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEio5vDifhmNhZdYbvrppQdEMe93SdvH5BjI8Ve-FpUwDYP9ivTP37V5mfSgACGvwz1SQx-Is_-aFNYF0JKz8QyjZaaIv0ZcBSMmD8c69MZXKKPWiuZgctx_coQKDmW5pxMllIAhURj7S5JLg-sCdQYA7u9-Vk4H01jG1BXIL2YGGcLFH4RkN-tUu5sk-Q/s320/%C4%B0D_bayra%C4%9F%C4%B1_ile_bir_militan.jpg" width="320" /></a></div><br /><p style="text-align: center;">Militante do ISIS carrega a bandeira do grupo.</p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><b>- ISIS - Estado Islâmico do Iraque e da Síria</b></p><p style="text-align: justify;">Também conhecido como Daesh, esse grupo surgiu nos anos 2000, tendo por base a atuação em territórios de maioria sunita no Iraque, durante a ocupação norte-americana. Ele foi criado para estabelecer um califado nesses territórios. Com o início da guerra da Síria, os objetivos foram expandidos a partir da atuação do grupo em partes daquele país. O grupo é acusado de de diversos crimes de guerra como a perseguição religiosa, o tratamento brutal dado a civis, a imposição do islamismo aos civis, a violência sexual contra mulheres e a destruição de patrimônios históricos da humanidade. Depois de ter o domínio de extensas áreas, perdeu o controle sobre todos os territórios porém sem se desmobilizar para o terror aproveitando a onda de refugiados rumo à Europa para inserir membros do grupo no Ocidente.</p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><b>- Boko Haram</b></p><p style="text-align: justify;">Grupo extremista que atua no norte da Nigéria, do Camarões e também no Chade e no Níger. Criado nos anos 2000, já realizou diversos ataques terroristas entre os quais se destacam as ações contra igrejas católicas que mataram 28 pessoas em 2011 e o sequestro de mais de 200 meninas em uma escola do nordeste da Nigéria. O grupo cometeu milhares de assassinatos, já forçou o deslocamento de mais de 2 milhões de pessoas e foi considerado o grupo terrorista mais mortífero do mundo em 2015.</p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><b>- Al Shabaab</b></p><p style="text-align: justify;">É uma milícia terrorista filiada à rede Al-Qaeda que atua na Somália. Surgiu nos anos 2000 em meio à guerra civil do país e controla diferentes partes do território, com áreas rurais, partes do sul da Somália e trechos da capital Mogadíscio. O grupo foi responsável pelo segundo maior atentado terrorista do século 21, usando um caminhão-bomba contra um edifício e matando pelo menos 587 pessoas.</p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><b>Principais grupos extremistas palestinos</b></p><p style="text-align: justify;"><b><br /></b></p><p style="text-align: justify;"><b>- Hamas.</b></p><p style="text-align: justify;">É uma das mais importantes organizações palestinas, composta por muçulmanos sunitas. O grupo possui um braço armado (Brigadas Izz ad-Din al-Qassam), contudo também possui um braço filantrópico e um braço política, de forma que sua classificação como organização terrorista não é unânime entre as nações. Atua especialmente na Faixa de Gaza, está vinculado à Irmandade Muçulmana e tem como objetivos a autodeterminação da Palestina, a recuperação dos territórios palestinos e impedir o avanço de Israel sobre a Faixa de Gaza.</p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><b>- Hezbollah.</b></p><p style="text-align: justify;">Grupo extremista transnacional de orientação xiita que surge como uma milícia de apoio à revolução iraniana e desenvolve uma estrutura importante no Líbano, onde atua como partido político e tem relevância por atuar em serviços sociais e na agricultura, dando apoio a milhares de libaneses no Sul daquele país. O grupo operou forte resistência contra operações israelenses ao Líbano, conquistando relevante apoio popular no país. Recebe ajuda financeira do Irã e apoiou o governo xiita da Síria contra os rebeldes sunitas e o ISIS.</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-202620040716719126.post-15077516336872048752022-04-03T11:08:00.002-03:002022-04-03T11:11:52.714-03:00A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL<p style="text-align: justify;">Um dos traços geopolíticos mais marcantes da Nova Ordem Mundial é o crescimento da <b>Cooperação Sul-Sul</b>. Os países do Sul Global têm se organizado para desenvolver mecanismos de apoio mútuo de forma independente da ação dos países desenvolvidos. Mas antes de explorar esses mecanismos, vamos compreender um pouco mais sobre a cooperação internacional.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtPsssXMTcCD9OQPf0WqODG56NePf7KQN7R6pfFEhV5lwf-jiPiQZ0qxk0JfqLwsGefUFBVp5yM9nbvD_XBhUBxFiQP61Skl2kcd92e9P_tfM0Drf8zzS--AG8bEaxlsN9PmLC6LFTFd4pbjs41jxZdXhHHMCVXkwqfZv7VnFNSyEfvul40Pu4p9hrrw/s960/BRICS.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="960" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtPsssXMTcCD9OQPf0WqODG56NePf7KQN7R6pfFEhV5lwf-jiPiQZ0qxk0JfqLwsGefUFBVp5yM9nbvD_XBhUBxFiQP61Skl2kcd92e9P_tfM0Drf8zzS--AG8bEaxlsN9PmLC6LFTFd4pbjs41jxZdXhHHMCVXkwqfZv7VnFNSyEfvul40Pu4p9hrrw/s320/BRICS.jpg" width="320" /></a></div><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">Qual é o sentido de cooperar?</span> </b></p><p style="text-align: justify;">As iniciativas para cooperação internacional eram bem menos comuns antes da segunda guerra mundial. O pós-guerra é marcado pelo entendimento de que a <b>paz mundial</b> e a <b>estabilidade política</b> no cenário internacional só seriam possíveis se houvesse cooperação para a <b>promoção do desenvolvimento</b> e a <b>redução das assimetrias</b> entre os países mais ricos e os mais pobres.</p><p style="text-align: justify;">Com isso, avançaram diversas medidas de Cooperação Norte-Sul nas quais os países desenvolvidos ajudam países em desenvolvimento e, atualmente, muitas dessas medidas de apoio constam em acordos, tratados ou compromissos internacionais, como é o caso das metas específicas dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Cada objetivo possui pelo menos uma meta vinculada à cooperação internacional.</p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">Quais são os principais tipos de cooperação internacional?</span></b></p><p style="text-align: justify;">Existem diversos tipos de cooperação. Uma das mais percebidas é a <b>humanitária</b>, que vemos de diversas formas, especialmente através do envio de alimentos, roupas e outros itens básicos para populações que tenham sofrido com alguma catástrofe de causa natural ou antrópica. </p><p style="text-align: justify;">Há, também, a cooperação <b>militar</b>, na qual os países podem trocar experiências referentes à operações e tecnologias militares, realizar treinamentos conjuntos ou até criar vínculos de assistência militar recíproca em casos de conflito.</p><p style="text-align: justify;">Outro exemplo de cooperação á a <b>científico-tecnológica</b>. Nela, os países e instituições podem colaborar para a produção de novas pesquisas e de artigos científicos, contribuindo para a expansão e a difusão do conhecimento. Muitas empresas participam dessa modalidade financiando pesquisas que podem ser úteis às suas produções.</p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">Quais são os principais mecanismos de cooperação internacional?</span></b></p><p style="text-align: justify;">Existem diversos mecanismos para promover a cooperação internacional, entre os quais se destacam a criação de <b>Organismos Intergovernamentais</b>, como blocos econômicos e outros grupos de interesse mútuo, além da participação em <b>Tratados, Acordos ou Convenções Internacionais</b>, sejam eles bilaterais ou multilaterais.</p><p style="text-align: justify;">A Organização das Nações Unidas (ONU), a Organização Mundial do Comércio (OMC), a União Europeia (UE), a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) são exemplos de organismos intergovernamentais. Esses organismos podem possuir propósito único ou amplo e podem ter abrangência regional ou global.</p><p style="text-align: justify;">Os tratados internacionais são chamados de bilaterais quando são celebrados por dois países e são chamados de multilaterais quando celebrados por mais de dois países.</p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">Qual é diferença entre tratados, acordos e convenções internacionais?</span></b></p><p style="text-align: justify;">O termo "<b>tratado</b>" é utilizado de forma mais genérica, para se referir aos pactos internacionais solenes. A expressão "<b>acordo</b>" é usada para designar normas internacionais de cunho econômico. E o termo "<b>convenção</b>" é usado para se referir a normas gerais aplicadas aos Estados.</p><p style="text-align: justify;">Os tratados se dividem em dois tipos: tratado-contrato e tratado-lei. O <b>tratado-contrato</b>, tipicamente bilateral, se diferencia do <b>tratado-lei</b>, que é tipicamente multilateral. pois o primeiro permite que os Estados tenham obrigações distintas enquanto o segundo possui normas jurídicas que os Estados adotam como normas de conduta considerando que estas são válidas para todos os signatários.</p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">O que é reciprocidade diplomática?</span></b></p><p style="text-align: justify;">Diante de situações nas quais não haja tratados internacionais para reger as relações entre os estados, a cooperação costuma se dar a partir do princípio da reciprocidade diplomática, através do qual os Estados se comportam da mesma forma um diante do outro.</p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">Da Cooperação Norte-Sul à Cooperação Sul-Sul</span></b></p><p style="text-align: justify;">Na Nova Ordem Mundial, com o crescimento dos países emergentes e a construção de um equilíbrio de poder multipolar, os países do Sul Global buscaram construir alternativas de cooperação que reduzissem sua dependência em relação aos países do Norte para a promoção do desenvolvimento e a redução das assimetrias. Afinal, estava claro que as iniciativas de cooperação Norte-Sul não estavam gerando os efeitos desejados.</p><p style="text-align: justify;">As principais iniciativas tomadas no âmbito da cooperação Sul-Sul, em linhas gerais, buscam promover a autossuficiência dos países em desenvolvimento, trocar experiências, compartilhar recursos e ampliar a integração dos países. Nesse contexto, observamos o surgimento de diversos Organismos Intergovernamentais e Tratados Internacionais entre países do Sul Global na Nova Ordem Mundial.</p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">Quais são as principais iniciativas de Cooperação Sul-Sul?</span></b></p><p style="text-align: justify;">Nesse sentido, vimos surgir inúmeros <b>acordos comerciais multilaterais</b> entre países do Sul Global. Facilitar o comércio para promover o desenvolvimento mútuo se enquadra nos princípios da cooperação internacional. No entanto, a maioria das iniciativas se restringe a meras zonas de livre comércio, com reduções ou eliminações de barreiras comerciais. São exemplos a Comunidade Andina das Nações (pacto Andino), a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), e a Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).</p><p style="text-align: justify;">Contudo, a mais importante iniciativa de integração comercial do Sul Global foi a criação do Mercado Comum do Sul (<b>MERCOSUL</b>). Esse bloco, criado em 1991 por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, é uma União Aduaneira, indo além do simples perfil das zonas de livre comércio, e adota o mecanismo da Tarifa Externa Comum (TEC). A Venezuela tornou-se um Estado-membro do bloco em 2012.</p><p style="text-align: justify;">O <b>Fórum de diálogo IBAS</b> (Índia, Brasil e África do Sul) surgiu em 2003 e promoveu a cooperação em áreas de ciência, tecnologia e defesa. Essa articulação também gerou bons resultados na OMC e nos campos da propriedade intelectual e dos direitos humanos.</p><p style="text-align: justify;">Os mesmos países participam do grupo <b>BRICS</b>, criado por Brasil, Rússia, Índia e China, realizando sua primeira reunião de cúpula em 2009 e tendo a primeira participação da África do Sul em 2011. Esse grupo apresenta uma visão emergente do mundo com potencial para alterar o equilíbrio de poder mundial.</p><p style="text-align: justify;">Entre suas iniciativas, destacam-se a criação de instituições financeiras capazes de desafiar a hegemonia das instituições criadas na Conferência de <i>Bretton Woods</i>. Trata-se do <b>Novo Banco de Desenvolvimento</b> (NBD), com atribuições semelhantes às do Banco Mundial, e do <b>Arranjo Contingente de Reservas</b>, que funciona de modo similar ao Fundo Monetário Internacional (FMI).</p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #2b00fe;">A crise dos BRICS. Rumo ao Norte?</span></b></p><p style="text-align: justify;">Depois da criação do grupo BRICS, o Fórum IBAS chegou a permanecer seis anos sem uma reunião de cúpula. Isso ocorreu em consequência das crises políticas vividas pelo Brasil e pela África do Sul, além de sofrer a influência da tentativa chinesa de incorporar o IBAS ao BRICS. Já nos BRICS, temas sensíveis como a reforma do Conselho de Segurança da ONU, o terrorismo, a descarbonização da economia e as tensões políticas regionais dificultam a conciliação das agendas políticas internacionais dos membros.</p><p style="text-align: justify;">Os governos Temer e Bolsonaro dedicaram a agenda internacional à um certo pragmatismo comercial. Em meio à crise dos BRICS, o Brasil concentra suas energias em promover um acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia e em conquistar uma vaga na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Ou seja, fragiliza as iniciativas de cooperação com os países do Sul Global enquanto busca se aproximar dos países do Norte.</p><p style="text-align: justify;">O A<b>cordo Mercosul x União Europeia</b> cria uma das maiores áreas de livre comércio do mundo.<span style="font-family: inherit;"> <span style="text-align: left;">O acordo prevê que em 10 anos</span><span style="text-align: left;"> </span><span style="text-align: left;">as tarifas de exportação da América do Sul a Europa, seja zerada e em contrapartida, a Europa precisa realizar a retirada de 91% das tarifas de exportação que ela faz ao Mercosul. Apesar disso, o acordo prevê uma série de cotas que estabelecem limites e tarifas para a importação de produtos do Mercosul pela União Europeia.</span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: inherit;"><span style="text-align: left;">O Brasil recebeu o convite para <b>adesão à OCDE</b> em janeiro de 2022. A Presidência da República respondeu de imediato aceitando o convite e se comprometeu a aderir aos diversos dispositivos da organização para que a adesão se concretize. A estimativa é de que a entrada ocorra até o final de 2024.</span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: inherit;"><span style="text-align: left;"><br /></span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="color: #2b00fe; font-family: inherit;"><span style="text-align: left;"><b>Para citar esse texto:</b></span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: inherit;"><span style="text-align: left;">MOREIRA, Diego de Moraes. <i>A cooperação internacional.</i> 03/04/2022. Disponível em: conceitosetemas.blogspot.com/ Acesso em: (inserir data de acesso).</span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: inherit;"><span style="text-align: left;"><br /></span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: inherit;"><span style="text-align: left;">Se você gostou desse texto, clique em um dos anúncios presentes na página e ajude a manter esse blog ativo.</span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: inherit;"><span style="text-align: left;"><br /></span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: inherit;"><span style="text-align: left;">REFERÊNCIAS:</span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: inherit;"><span style="text-align: left;"><a href="https://www.cartacapital.com.br/blogs/gr-ri/para-alem-do-brics-o-ibas-e-estrategico-para-o-brasil/" target="_blank">Para além do BRICS: o IBAS é estratégico para o Brasil</a><br /></span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: inherit;"><a href="https://www.cartacapital.com.br/politica/a-terra-treme-no-mercosul/" target="_blank">A terra treme no Mercosul</a><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><a href="https://www.google.com/url?sa=t&source=web&rct=j&url=http://www.publicadireito.com.br/artigos/%3Fcod%3D9c9b9968f53b8478%23:~:text%3DOs%2520tratados%252Dleis%2520s%25C3%25A3o%252C%2520em,que%2520matem%2520rela%25C3%25A7%25C3%25B5es%2520entre%2520si.%26text%3DH%25C3%25A1%2520distinta%2520terminologia%2520para%2520denominar,relevantes%2520tra%25C3%25A7os%2520distintivos%2520entre%2520eles.&ved=2ahUKEwi_-sOn5ff2AhVEILkGHQSEDREQFnoECAQQBg&usg=AOvVaw2lEBmMNcqtY6_uB9S9v8Q3 " target="_blank">A eficácia normativa dos tratados internacionais em matéria tributária</a><br /></p><p style="text-align: justify;"><a href="https://conceitosetemas.blogspot.com/2012/06/sobre-os-brics.html" target="_blank">Sobre os BRICS</a><br /></p><p style="text-align: justify;"><a href="https://www.fazcomex.com.br/blog/acordo-mercosul-e-ue/" target="_blank">Acordo entre Mercosul e UE promete movimentar comércio exterior</a><br /></p><p style="text-align: justify;"><a href="https://www.todamateria.com.br/blocos-economicos/#:~:text=O%20que%20s%C3%A3o%20blocos%20econ%C3%B4micos,redu%C3%A7%C3%A3o%20ou%20elimina%C3%A7%C3%A3o%20de%20impostos." target="_blank">Blocos Econômicos</a><br /></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-202620040716719126.post-21889780570392000752014-03-20T16:00:00.000-03:002014-03-20T17:08:09.821-03:00FATORES DE DEVASTAÇÃO DAS VEGETAÇÕES BRASILEIRAS<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Esse texto pretende apontar aos
estudantes e interessados no tema quais os principais fatores que promoveram ou
promovem a devastação dos diferentes biomas brasileiros.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">É interessante notar que alguns
desses fatores estão presentes em todos as situações. É o caso da falta de
fiscalização em Áreas de Preservação Permanente, que favorece o avanço de
atividades ilegais.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEogduVpw1Xjxp9wSa0MVWSQ06Ifpj8VH_uZ3Ol7VeOFkg4EN49PT1WaX9HBJYAqtlXdgxOJ7KVn-UBrJZDyN10pctK1gmyyBMEDK0w_kpklEA1ZVLBN5p26ynKJJoeEXvaYQ9xo28NXKw/s1600/CHARGE+ANGELI.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEogduVpw1Xjxp9wSa0MVWSQ06Ifpj8VH_uZ3Ol7VeOFkg4EN49PT1WaX9HBJYAqtlXdgxOJ7KVn-UBrJZDyN10pctK1gmyyBMEDK0w_kpklEA1ZVLBN5p26ynKJJoeEXvaYQ9xo28NXKw/s1600/CHARGE+ANGELI.jpg" height="317" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; font-size: x-small;">Charge de Angeli</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span> </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Segundo o código florestal, as
Áreas de Preservação Permanente são aquelas que, cobertas ou não por vegetação
nativa, tem a função ambiental de preservar recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade
geológica, a biodiversidade e o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo
e assegurar o bem-estar de populações humanas.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Toda a vegetação que se encontra
às margens dos cursos d’água, como as matas ciliares, é considerada Área de
Preservação Permanente, tendo seus limites definidos pela largura dos rios.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">O histórico da geopolítica
ambiental do Estado brasileiro também tem muito a contribuir para entendermos o
atual quadro de devastação. O desenvolvimentismo nos levou a defender o avanço
sobre as florestas e a poluição sob a justificativa de combate à pobreza.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">“<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Que venha a poluição, desde que as fábricas venham com ela... a pior
forma de poluição é a pobreza</i>”, disse o representante do Brasil na
conferência ambiental de Estocolmo, em 1972.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">O quadro é grave especialmente na
Mata Atlântica e no Cerrado, dois dos biomas brasileiros que compõem a lista de
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">hotspots</i> ecológicos, que são biomas
de alta biodiversidade ameaçados pela devastação.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Vejamos a seguir os principais
fatores históricos e/ou atuais de devastação dos biomas brasileiros.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><o:p><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> </span></o:p></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Mata Atlântica<o:p></o:p></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Reduzida a pequenas manchas nas
vertentes das serras do planalto oriental.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Ocupação histórica; plantations,
agroindústrias, práticas agrícolas inadequadas, queimadas, desmatamento, intenso
crescimento urbano, industrialização, especulação imobiliária e favelização.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<o:p><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> </span></o:p></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Cerrado<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Frentes de expansão e povoamento
no cerrado na primeira metade do século XX; correção de solos ácidos permitindo
a expansão da agricultura sobre o cerrado, especialmente a sojicultura; terras planas;
transferência da capital para Brasília; rodoviarismo; intensa urbanização em
curso no centro-oeste; pecuária bovina de corte extensiva;<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<o:p><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> </span></o:p></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Amazônia<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">A grande devastação florestal
atingiu, na realidade, principalmente as áreas de transição formadas por
cerrados nos limites da região fisiográfica da Amazônia.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Polos madeireiros amazônicos em
mata de terra firma ao norte do arco do desmatamento. Mogno no oeste do Pará e
Norte do Mato Grosso.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Agropecuária no arco ao sul da
bacia amazônica do nordeste e sul do Pará, passando pelo norte do Mato Grosso e
se estendendo até Rondônia.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Pecuária promove grande derrubada
de florestas; desmatamento favorece a erosão e lixiviação dos solos pobres da
região; hidrelétricas como santo Antônio, Jirau e Belo Monte favorecem a
expansão de atividades desmatadoras.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<o:p><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> </span></o:p></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Pantanal<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Reserva da Biosfera da UNESCO; erosão
nas cabeceiras dos rios provocada pelo desmatamento de matas ciliares e das
regiões do entorno para agricultura e o consequente assoreamento dos rios;<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Agrotóxicos; garimpo e a
consequente contaminação dos rios com mercúrio; atividades urbanas e o despejo
de resíduos industriais; turismo;<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Pecuária de corte tradicional com
gado nelore; caça ilegal e pesca predatória;<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Obras de dragagem e retificação
de canais da hidrovia do Paraguai diminui o transbordamento dos rios reduzindo
a inundação natural da planície.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<o:p><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> </span></o:p></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Caatinga<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Intensificação do pastoreio tradicional;
desmatamento para obtenção de lenha; agricultura com técnicas indevidas;<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Desertificação é uma das sérias
consequências da ação humana indevida sobre a caatinga. Ver </span><a href="http://conceitosetemas.blogspot.com.br/2012/10/desertos-desertizacao-e-desertificacao.html" target="_blank"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">este link</span></a><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<o:p><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> </span></o:p></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Araucárias<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Araucárias foram devastadas pela
urbanização, e pelo setor madeireiro movido pelas indústrias da construção
civil e de móveis.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<o:p><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> </span></o:p></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Campos<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Arenização dos solos ligada ao
pisoteio do gado; uso de mecanização pesada na agricultura; queimadas para a
eliminação de sobras secas das pastagens após o inverno e a ação das águas e do
vento sobre depósitos arenosos pouco consolidados em ambiente de clima úmido.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<o:p><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> </span></o:p></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Manguezais e vegetações costeiras<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Aterros para a expansão urbana; especulação
imobiliária; lançamento de esgotos;<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<o:p><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> </span></o:p></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Mata dos Cocais<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Bioma historicamente prejudicada
por atividades de mineração e extração madeireira estimuladas pelo
desenvolvimentismo do regime militar.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Atualmente a região convive com o
extrativismo vegetal sobre suas palmáceas de carnaúba, babaçu, oiticica, buriti
e açaí.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<o:p><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> </span></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<o:p></o:p><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Sugestões para o combate à devastação:<o:p></o:p></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="margin: 0cm 0cm 0pt 36pt; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-list: Ignore;">1-<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><!--[endif]-->Expansão
dos programas governamentais de combate a queimadas<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin: 0cm 0cm 0pt 36pt; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-list: Ignore;">2-<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><!--[endif]-->Melhoria
das condições de fiscalização presencial e remota das Áreas de Preservação
Permanente.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin: 0cm 0cm 0pt 36pt; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-list: Ignore;">3-<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><!--[endif]-->Efetivação
do manejo das florestas como forma de conservação das matas<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin: 0cm 0cm 0pt 36pt; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-list: Ignore;">4-<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><!--[endif]-->Regularização
fundiária<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="margin: 0cm 0cm 8pt 36pt; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-list: Ignore;">5-<span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><!--[endif]-->Aumento
dos estímulos fiscais para atividades sustentáveis.<o:p></o:p></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-202620040716719126.post-4928122384500483062013-05-02T07:03:00.003-03:002013-05-02T07:40:29.915-03:00GEOPOLÍTICA DA AMAZÔNIA<div style="text-align: justify;">
Compartilho um breve texto escrito pela geógrafa <b>Bertha Becker</b>, professora do Departamento de Geografia e Coordenadora do Laboratório de Gestão do Território, da UFRJ. O link para a publicação original você encontra <a href="http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142005000100005" target="_blank">aqui</a>. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
DE INÍCIO, cabe uma pequena explanação sobre geopolítica: trata-se de um campo de conhecimento que analisa relações entre poder e espaço geográfico. Foi o fundamento do povoamento da Amazônia, desde o tempo colonial, uma vez que, por mais que quisesse a Coroa, não tinha recursos econômicos e população para povoar e ocupar um território de tal extensão. Portugal conseguiu manter a Amazônia e expandi-la para além dos limites previstos no tratado de Tordesilhas, graças a estratégias de controle do território. Embora os interesses econômicos prevalecessem, não foram bem-sucedidos, e a geopolítica foi mais importante do que a economia no sentido de garantir a soberania sobre a Amazônia, cuja ocupação se fez, como se sabe, em surtos ligados a demandas externas seguidos de grandes períodos de estagnação e de decadência. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A geopolítica sempre se caracterizou pela presença de pressões de todo tipo, intervenções no cenário internacional desde as mais brandas até guerras e conquistas de territórios. Inicialmente, essas ações tinham como sujeito fundamental o Estado, pois ele era entendido como a única fonte de poder, a única representação da política, e as disputas eram analisadas apenas entre os Estados. Hoje, esta geopolítica atua, sobretudo, por meio do poder de influir na tomada de decisão dos Estados sobre o uso do território, uma vez que a conquista de territórios e as colônias tornaram-se muito caras. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Verifica-se o fortalecimento do que se chama de coerção velada. Pressões de todo tipo para influir na decisão dos Estados sobre o uso de seus territórios. Essa mudança está ligada intimamente à revolução científico-tecnológica e às possibilidades criadas de ampliar a comunicação e a circulação no planeta através de fluxos e redes que aceleram o tempo e ampliam as escalas de comunicação e de relações, configurando espaços-tempos diferenciados. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O espaço sempre foi associado ao tempo. E hoje, na acentuação de diferentes espaços-tempos reside uma das raízes da geopolítica contemporânea. As redes são desenvolvidas nos países ricos, nos centros do poder, onde o avanço tecnológico é maior e a circulação planetária permite que se selecionem territórios para investimentos, seleção que depende também das potencialidades dos próprios territórios. Ocorre que ao se expandirem e sustentarem as riquezas circulante, financeira e informacional, as redes se socializam. E essa socialização está gerando movimentos sociais importantes, os quais também tendem a se transnacionalizarem. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Há, hoje, portanto, dois movimentos internacionais: um em nível do sistema financeiro, da informação, do domínio do poder efetivamente das potências; e outro, uma tendência ao internacionalismo dos movimentos sociais. Todos os agentes sociais organizados, corporações, organizações religiosas, movimento sociais etc., têm suas próprias territorialidades, acima e abaixo da escala do Estado, suas próprias geopolíticas, e tendem a se articular, configurando uma situação mundial bastante complexa.
A Amazônia é um exemplo vivo dessa nova geopolítica, pois nela se encontram todos esses elementos. Constitui um desafio para o presente, não mais um desafio para o futuro. Qual é este desafio atual? A Amazônia, o Brasil, e os demais países latino-americanos são as mais antigas periferias do sistema mundial capitalista. Seu povoamento e desenvolvimento foram fundados de acordo com o paradigma de relação sociedade-natureza, que Kenneth Boulding denomina de economia de fronteira, significando com isso que o crescimento econômico é visto como linear e infinito, e baseado na contínua incorporação de terra e de recursos naturais, que são também percebidos como infinitos. Esse paradigma da economia de fronteira realmente caracteriza toda a formação latino-americana.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Hoje, o imperativo é modificar esse padrão de desenvolvimento que alcançou o auge nas décadas de 1960 a 1980. É imperativo o uso não predatório das fabulosas riquezas naturais que a Amazônia contém e também dosaber das suas populações tradicionais que possuem um secular conhecimento acumulado para lidar com o trópico úmido. Essa riqueza tem de ser melhor utilizada. Sustar esse padrão de economia de fronteira é um imperativo internacional, nacional e também regional. Já há na região resistências à apropriação indiscriminada de seus recursos e atores que lutam pelos seus direitos. Esse é um fato novo porque, até então, as forças exógenas ocupavam a região livremente, embora com sérios conflitos. Essa é uma das hipóteses deste texto.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Com as resistências regionais os conflitos na região alcançam um patamar mais elevado. Não se trata mais apenas de conflito pela terra; é o conflito de uma região em relação às demandas externas. Esses conflitos de interesse, assim como as ações deles decorrentes contribuem para manter imagens obsoletas sobre a região, dificultando a elaboração de políticas públicas adequadas ao seu desenvolvimento. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Para que se possa mudar esse padrão de desenvolvimento é necessário entender os diferentes projetos geopolíticos e seus atores, que estão na base dos conflitos, para tentar encontrar modos de compatibilizar o crescimento econômico com a conservação dos recursos naturais e a inclusão social. Enfim, não se trata de mero ambientalismo, muito menos de mais um momento destrutivo. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Como efetuar tal compatibilização? Esse é um grande desafio para a Ciência e Tecnologia, e se apontarão aqui problemas em que a Ciência pode contribuir por meio de três hipóteses: </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
1. O novo significado geopolítico da Amazônia em âmbito global como a grande fronteira do capital natural; </div>
<div style="text-align: justify;">
2. o novo lugar da Amazônia no Brasil; </div>
<div style="text-align: justify;">
3. a urgência de uma nova política de desenvolvimento e de estratégias básicas para implementá-la. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: large;">A Amazônia e a mercantilização da natureza</span></b> </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O ponto de partida para se fazer essa análise é o reconhecimento de profundas mudanças estruturais que ocorreram na Amazônia nas últimas décadas do século XX. Todos sabem como o projeto de integração nacional acarretou perversidades em termos ambientais e sociais. Mas, com sangue, suor e lágrimas deve-se reconhecer o que restou de positivo nesse processo, porque são elementos com os quais a região conta hoje para seu desenvolvimento. E não se pode esquecê-los. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>A dinâmica regional recente</b> </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No final do século XX, houve, portanto, impactos negativos, mas também mudanças estruturais e novas realidades geradas na fronteira, a qual tomo como espaço não plenamente estruturado e por isso mesmo capaz de gerar realidades novas. Dentre as mudanças, destaca-se a da conectividade regional, um dos elementos mais importantes na Amazônia. Não se trata apenas das estradas, elementos que contribuíram para depredação dos recursos e da sociedade, mas sim, sobretudo, das telecomunicações, porque a rede de telecomunicações na Amazônia permitiu articulações locais/ nacionais, bem como locais/ globais. Outra mudança importante é a da economia, que passou da exclusividade do extrativismo para a industrialização, com a exploração mineral e com a Zona Franca de Manaus, que foi um posto avançado geopolítico colocado pelo Estado na fronteira norte, em pleno ambiente extrativista tradicional. Há problemas na Zona Franca, mas hoje ela é grande produtora não só de bens de consumo duráveis, como da indústria de duas rodas, de telefonia e mesmo de biotecnologia. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Uma grande modificação estrutural ocorreu no povoamento regional que se localizou ao longo das rodovias e não mais ao longo da rede fluvial, como no passado, e no crescimento demográfico, sobretudo urbano. Processou-se na região uma penosa mobilidade espacial, com forte migração e contínua expropriação da terra e, assim, ligada a um processo de urbanização. Em vista disso, a Amazônia teve a maior taxa de crescimento urbano no país nas últimas décadas. No censo de 2000, 70% da população na região Norte estavam localizados em núcleos urbanos, embora carentes dos serviços básicos (Figura 1). Muitos discordam dessa tese, porque não consideram tais nucleamentos como urbanos. Mas esse é o modelo de urbanização no Brasil e, ademais, a urbanização não se mede só pelo crescimento e surgimento de novas cidades, mas também pela veiculação dos valores da urbanização para sociedade. Por essa razão, desde a década de 1980, chamo a Amazônia de uma "floresta urbanizada". </div>
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Por outro lado, organizou-se a sociedade como nunca antes verificado. Os grandes conflitos de terras e de territórios das décadas de 1960 a 1980 constituíram um aprendizado político e, na década de 1990, transformaram-se em projetos alternativos, com base na organização da sociedade civil. É extremamente importante lembrar que hoje, essa sociedade tem voz ativa na Amazônia e no Brasil, inclusive muitos grupos indígenas. Essa organização da sociedade política trouxe, por sua vez, mudanças no apossamento do território, com a multiplicação de unidades de conservação federais e estaduais, assim como também com a demarcação de terras indígenas. </div>
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Que projetos e que atores produzem hoje a dinâmica regional e os novos significados da Amazônia? Essas transformações não são vistas de forma homogênea pelos diferentes atores, porque dependem de interesses diversos e geram ações diferentes na região. Existem muitos conflitos dentro dessas percepções, mas há algumas dominantes. </div>
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O uso do método geográfico para análise dos projetos geopolíticos e seus atores por diferentes escalas geográficas é útil para colaborar nessa análise. </div>
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<b>Globalização e Amazônia como fronteira do capital natural<span style="font-size: large;"> </span></b></div>
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A primeira hipótese é a constituição da Amazônia como fronteira do capital natural em nível global, em que se identificam dois projetos: o primeiro é um projeto internacional para a Amazônia, e o segundo é o da integração da Amazônia, sul-americana, continental. </div>
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Até recentemente, dominava no projeto internacional a percepção da Ama-zônia como uma imensa unidade de conservação a ser preservada, tendo em vista a sobrevivência do planeta, devido aos efeitos do desmatamento sobre o clima e a biodiversidade. A base dessa percepção teve como origem, em grande parte, a tecnologia dos satélites, que permitiu pela primeira vez uma visão de conjunto da superfície da Terra e da sua unidade trazendo o sentimento da responsabilidade comum, assim como a percepção do esgotamento da natureza, que se tornou um recurso escasso. </div>
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A natureza foi então reavaliada e revalorizada a partir de duas lógicas muito diferentes, mas que convergem para o mesmo projeto de preservação da Amazônia. A primeira lógica é a civilizatória ou cultural, que possui uma preocupação legítima com a natureza pela questão da vida, o que dá origem aos movimentos ambientalistas. A outra lógica é a da acumulação, que vê a natureza como recurso escasso e como reserva de valor para a realização de capital futuro, fundamentalmente no que tange ao uso da biodiversidade condicionada ao avanço da tecnologia. Outro recurso de que pouco se fala, mas que já é fundamental, é a água como fonte de vida e de energia em razão dos isótopos de hidrogênio, questão teórica ainda não solucionada, mas que vem sendo pesquisada em muitos países, especialmente na Alemanha e nos EUA.
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Torna-se patente que, se há uma valorização da natureza e da Amazônia, há também a relativização do poder da virtualidade dos fluxos e redes do mundo contemporâneo, com a globalização, que acaba com as fronteiras e com os Estados. Na verdade, os fluxos e redes não eliminam o valor estratégico da riqueza localizada, in situ; eles sustentam a riqueza circulante do sistema financeiro, da informação, mas a riqueza localizada no território também tem seu papel e seu valor. </div>
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Isso, conseqüentemente, trouxe uma disputa das potências pelos estoques das riquezas naturais, uma vez que a distribuição geográfica de tecnologia e de recursos está distribuída de maneira desigual. Enquanto as tecnologias avançadas são desenvolvidas nos centros de poder, as reservas naturais estão localizadas nos países periféricos, ou em áreas não regulamentadas juridicamente. Esta é, pois, a base da disputa. </div>
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Há três grandes eldorados naturais no mundo contemporâneo: a Antártida, que é um espaço dividido entre as grandes potências; os fundos marinhos, riquíssimos em minerais e vegetais, que são espaços não regulamentados juridicamente; e a Amazônia, região que está sob a soberania de estados nacionais, entre eles o Brasil. </div>
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Esse contexto geopolítico, principalmente na década de 1980 e 1990, gerou sugestões mundiais pela soberania compartilhada e o poder de gerenciar a Amazônia, que abalou até o Direito Internacional. Hoje, contudo, são crescentes os interesses ligados à valorização do capital natural, que tende a se sobrepor à lógica cultural. </div>
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Observa-se um processo de mercantilização da natureza. Elementos da natureza estão se transformando em mercadorias fictícias, usando a expressão de Karl Polanyi, em seu livro A grande transformação. Fictícias por quê? Porque elas não foram produzidas para venda no mercado – o ar, a água, a biodiversidade. Mas, no entanto, através desta ficção são gerados mercados reais e isto se deu, como Polanyi mostra muito bem, no início da industrialização, quando terra, dinheiro e trabalho foram transformados em mercadorias fictícias, gerando mercados reais. </div>
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O que é o protocolo de Kyoto se não o mercado do ar? É a tentativa de estabelecer cotas de emissão de carbono nos países fortemente industrializados e poluidores em troca de manutenção de florestas em países com elas dotadas. O mercado do ar é o mais avançado. Em outras palavras, esses mercados reais tentam se institucionalizar em fóruns globais, o que também é uma vertente nova dentro do Direito Internacional. </div>
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Não é fantasia o fato de que está em curso na Amazônia a transformação de bens da natureza em mercadorias. É o caso da Peugeot, que faz investimentos no sentido de seqüestro do carbono no Mato Grosso; na ilha do Bananal, a empresa inglesa S. Barry; a Mil Madeireira que, tem um projeto neste sentido no estado do Amazonas; a Central South West Corporations, de Dallas, uma empresa de energia que fez uma aquisição no Paraná de setecentos mil hectares, através da mediação da National Conservancy, da reserva da Serra de Itaqui; além dos projetos que não conhecemos, visto que uns são oficiais e outros não. Há restrições a colocar nesse sentido porque a terra e a floresta são bens públicos, e a venda de floresta significa venda de território e não é correta do ponto de vista do país. </div>
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É digno de nota lembrar que existem esforços para regular o mercado da biodiversidade, como a Prototipe Carbon Fund, do Banco Mundial, sistema difícil de implementar, visto que as patentes e a distribuição de benefícios para as populações locais não foram ainda regulamentadas no país. </div>
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O mercado dos recursos hídricos é o mais atrasado, embora haja múltiplas tentativas de regularização desse mercado. A água é considerada o ouro azul do século XXI, em termos globais, porque há escassez e consumo crescente no mundo, sobretudo nos países semi-áridos que utilizam a irrigação. Ademais, há previsões de que a disputa por água pode chegar até a conflitos armados. </div>
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Polanyi mostra que há uma necessidade de organização da sociedade para impedir o livre jogo das forças de mercado em relação aos elementos vitais para o homem. Para tanto, foram criados sindicatos para proteger o mercado do trabalho e organizadas associações para regular o mercado da terra e o papel do estado tornou-se fundamental. Que vamos fazer no Brasil, e qual deve hoje ser nossa reação? Temos todos esses trunfos – florestas, biodiversidade, água; como a sociedade e o governo brasileiro devem se comportar em relação ao seu uso? Hoje, o movimento de mercantilização é irreversível e temos de saber como lidar com ele. Parece-me que caberia ao governo e à sociedade lutar pela regulação desses mercados, mas ela deveria ser bem negociada. </div>
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Quais são os principais atores nesse projeto internacional? Os movimentos ambientalistas, onde se destacam as ONGs nacionais e internacionais, a cooperação internacional técnica, financeira, científica em grandes projetos, como é o caso do Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais Brasileiras (PP-G7), do LBA e do Probem1, além de organizações religiosas de todos os tipos, assim como de agências de desenvolvimento de governos estrangeiros e também de empresas voltadas para o seqüestro de carbono e/ ou madeira certificada. </div>
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A cooperação internacional é fundamental para o desenvolvimento da Ciência e da Tecnologia no Brasil. Mas, por vezes, essa cooperação tecnocientífica tem um excesso de autonomia. A questão crucial é o controle da informação, porque muitas vezes os pesquisadores brasileiros, em parcerias, conhecem o subprojeto ligado à sua parceria, mas não o projeto como um todo. Deve haver, portanto, uma conscientização dos pesquisadores no sentido da globalização da pesquisa, de modo que não tenham acesso apenas a uma parte da informação. </div>
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A cooperação internacional tem um lado extremamente importante que é o da relação com as comunidades locais, graças às redes de telecomunicação. Há uma forte presença internacional que se estabeleceu na Amazônia devido também aos impactos do projeto anterior, que excluía as populações regionais, expulsava pequenos produtores e ameaçava índios, e esses grupos conseguiram apoios internacionais, como foi o caso de Chico Mendes, que foi a Washington para obter um reforço a fim de manter sua própria sobrevivência. É necessário que a sociedade e o governo estejam atentos à questão da face interna da soberania, no sentido de reconhecer que o povo não é homogêneo, tem demandas diferentes que não são devidamente atendidas, o que gera conflitos que afetam a governabilidade. </div>
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<b>A integração da Amazônia sul-americana</b> </div>
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Um segundo projeto internacional diz respeito à integração da Amazônia transnacional, da Amazônia sul-americana. Trata-se de uma nova escala para pensar e agir na Amazônia. Esse dado é importante por múltiplas razões. Primeiro, porque a união dos países amazônicos pode fortalecer o Mercosul e, de certa maneira, construir um contraponto nas relações com a Alca e com a própria União Européia. Em segundo lugar, para ter uma presença coletiva e uma estratégia comum no cenário internacional, fortalecendo a voz da América do Sul. Em terceiro lugar, porque é fundamental para estabelecer projetos conjuntos quanto ao aproveitamento da biodiversidade e da água, inclusive nas áreas que já possuem equipamento territorial e intercâmbio, como é o caso das cidades gêmeas localizadas em pontos das fronteiras políticas. </div>
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Além disso, esse dado é importante porque pode ajudar a conter as atividades ilícitas – narcotráfico, contrabando, lavagem de dinheiro etc. – e uma possível "ajuda" militar no território brasileiro. Há uma crescente presença militar na fachada do Pacífico e na América Central, através do que se denomina de "localidades de operação avançada", cuja maior expressão é o Plano Colômbia. O Brasil virou uma ilha cercada de "localidades de operação avançada" por todos os lados, com instalações norte-americanas apoiadas pela União Européia, com exceção das fronteiras com a Venezuela e a Argentina. O Brasil tenta impedir esse cêrco com várias respostas, como com a criação do Ministério do Meio Am-biente e o projeto Sipam (Sistema de Informação para Proteção da Amazônia), embora tenha apoio financeiro para o aparelhamento da Polícia Federal. </div>
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Esse processo levou a uma forte reativação das fronteiras políticas da Amazônia, consideradas anteriormente como fronteiras mortas, e basta ir a Tabatinga e a Letícia para constatar a vivificação das mesmas, o que vem a constituir uma preocupação para todos os países. </div>
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Mas o fato de a globalização incidir na Amazônia dos países vizinhos através da presença militar, e no Brasil por intermédio da cooperação internacional,constitui uma diferença importante. </div>
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Realiza-se uma articulação sul-americana por meio do resgate do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), e também a partir da iniciativa do planejamento físico da integração por meio de transporte multimodal, difusão da internet nos países vizinhos e intercâmbio energético. Em Roraima deu-se o primeiro passo para a integração oficial através da construção da estrada que liga Manaus à Venezuela. O gás já vem sendo transferido da Bolívia e do Peru, e a Bolsa de Mercadorias e Estudos propõe a extensão da fronteira agropecuária do centro-oeste brasileiro para os países vizinhos. </div>
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Desejamos que a integração sul-americana se faça nos moldes do que foi a integração dos anos de 1970? Nada contra expandir a soja e a pecuária para áreas propícias do cerrado, mas não que se faça tal expansão em áreas de florestas. Esse é um desafio à Ciência e à Tecnologia. A integração deve ser baseada na circulação fluvial, que merece um investimento enorme, pois sempre foi o grande meio de circulação na Amazônia, e também na aérea, que foi muito importante e ainda o é para o transporte de cargas de alto valor agregado. </div>
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Um outro elemento importante da integração reside nas cidades gêmeas – Santa Helena e Pacaraima em Roraima, Tabatinga e Letícia no Amazonas, além de outras no Acre, onde já existem embriões de integração, fluxos e equipamentos que podem acelerar o intercâmbio. Aliás, a cidade é um elemento fundamental no desenvolvimento e planejamento da Amazônia, porque nela a população está concentrada, constitui o nó das redes de relações, e pode, inclusive, impedir a expansão demográfica na floresta. </div>
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<b><span style="font-size: large;">A Amazônia no espaço nacional: uma região em si </span></b></div>
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A segunda hipótese proposta para debate diz respeito ao lugar da Amazônia no Brasil. Afirma-se aqui que a Amazônia não é mais mera área de expansão da fronteira móvel, mas sim uma região em si, com base em dois argumentos: a nova feição da fronteira e os avanços regionais em termos econômicos, sociais políticos.
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A situação de conflito entre desenvolvimento e proteção ambiental transparecia nas políticas públicas da década de 1990 que eram, a um só tempo, expressão e indução do conflito. Por um lado, o Ministério do Meio Ambiente que fazia a política da proteção das florestas e, por outro lado, o Ministério do Planejamento e Orçamento, criando corredores de exportação. Evidentemente, os corredores de exportação coincidiam com os ecológicos. </div>
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Multiplicaram-se as unidades de conservação, foram demarcadas terras indígenas e se criou o projeto Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), uma iniciativa do Banco Mundial e do WWF para ampliar em 10% as áreas protegidas até 2010. Trata-se de um projeto preservacionista que só com a pressão da ministra Marina Silva aceitou aumentar muito pouco a área de uso sustentável (noventa mil quilômetros quadrados). Portanto, a Amazônia terá, em breve, mais de 30% do seu território em áreas protegidas, uma área equivalente ao território da Espanha. Que resultou desse conflito? </div>
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<b>As novas feições da fronteira móvel</b> </div>
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Aqui se coloca uma hipótese polêmica: na década de 1990, o ambientalismo dominou e se delineou como uma tendência ao esgotamento da Amazônia como fronteira móvel, isto é, como fronteira de expansão econômica e demográfica no território. As frentes passaram a apresentar diferenças com a expansão da fronteira na década de 1970, tais como: </div>
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1. Nos anos de 1970, o que sustentou a fronteira foram os incentivos fiscais e a migração generalizada do país inteiro, esta induzida pelo governo federal. Atualmente, a migração dominante é intra-regional, de um estado para o outro e, sobretudo, rural-urbana (exceção feita ao Mato Grosso, que continua atraindo população de fora, principalmente do Sul e do Nordeste). </div>
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2. Outro elemento importante de diferenciação é o comando das frentes por parte de Belém e de Cuiabá, sobretudo, hoje de âmbito regional. Assim, o que há de novo na expansão das frentes é que são comandadas por madeireiras, pecuaristas e sojeiros já instalados na região, que a promovem com recursos próprios. Não se trata mais, pois, de uma expansão subsidiada pelo governo federal, como foi a da fronteira nos anos de 1970. </div>
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<br /></div>
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3. Ademais, as frentes hoje são localizadas. Nos anos de 1970 elas se localizavam nas duas grandes artérias, Belém-Brasília e Brasília-Cuiabá, de modo que a expansão seguiu a fímbria das florestas. Agora, as frentes estão mais localizadas em torno das estradas que já existiam, as que pre-tendem ser pavimentadas ou as abertas pelos próprios madeireiros e pecuaristas. </div>
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Na virada do milênio, entretanto, a fronteira tomou novo alento. São três as grandes frentes na Amazônia hoje: uma parte de São Felix do Xingu, Sudeste do Pará, em direção ao rio Iriri; outra parte do extremo Norte de Mato Grosso pela rodovia Cuiabá-Santarém, em torno de cuja pavimentação há grande discórdia, pois ela atravessa não mais a borda, mas o meio da floresta; a terceira parte do Norte de Mato Grosso e de Rondônia em direção ao Sul do Estado do Amazonas. </div>
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A tecnologia serve também para a destruição da floresta: os madeireiros estão se apossando de terras via satélite, descobrem onde há terras disponíveis e fazem a grilagem em imensas glebas. Um lado tragicômico é que existem, no Sul do Amazonas, muitos fazendeiros que vieram do Pontal do Paranapanema, expulsos pelo MST, porque não tinham terras regularizadas, e o MST sabe muito bem quem possui ou não terras regularizadas. </div>
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Mas o mais importante elemento que justifica a hipótese aqui tratada é a consolidação do povoamento, em contrapartida às frentes de expansão. </div>
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<b>A consolidação do povoamento</b> </div>
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A tendência à consolidação do povoamento é patente no avanço econômico significativo e na tecnificação da agroindústria no cerrado, particularmente no Mato Grosso, que planta soja e agora também algodão colorido. Com o crescimento da produção e o aumento da produtividade da soja, a terra não é mais ocupada como reserva de valor, como foi na época da fronteira anterior. Agora o que sucede é o uso produtivo da terra. Acrescem mudanças também na pecuária, principalmente no Sudeste do Pará e no Mato Grosso, onde ocorrem melhorias com respeito às pastagens, aos rebanhos e à indústria de couro e de leite. Mudanças bastante significativas em termos econômicos. </div>
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<br /></div>
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As redes e cidades permitem a expansão dessa área econômica avançada que é chamada de "arco de fogo", ou do desmatamento ou "de terras degradadas", porque foi onde se expandiu a fronteira e o desmatamento. Mas está na hora de mudar essa denominação, tendo em vista que se trata da maior área produtora mundial de soja. O Rio de Janeiro já foi um pântano, mas não é, hoje, denominado de pântano, e sim de metrópole. Sugere-se, então, a mudança de nome para área de povoamento consolidado, porque a denominação de arco do fogo atrapalha a política pública. </div>
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<br /></div>
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Existe, assim, um gigantesco confronto entre a expansão da agroindústria da soja, da pecuária, assim como da exploração da madeira e o uso conservacionista da floresta, defendido pela produção familiar, pelos ambientalistas e por diversas categorias de cientistas. </div>
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<br /></div>
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Nos últimos anos, houve uma retomada vigorosa das frentes, nas três localizações referidas, devido à valorização da soja no mercado internacional e as incertezas da economia nacional. Conclui-se, assim, que a fronteira é um elemento estrutural do crescimento econômico no Brasil, mas hoje depende da conjuntura; ou seja, ela se expande ou se retrai em função da conjuntura econômica e política. É, portanto, um conceito espaço-temporal. É muito difícil estabelecer um prognóstico sobre o conflito entre agronegócio e conservação da floresta. Um grupo de pesquisadores do Inpa liderado por um norte-americano realizou um modelo afirmando que, em 2020, a Amazônia estaria totalmente destruída. Um modelo linear, que não prevê alteração alguma, o que não se pode aceitar num mundo de imprevisibilidade. </div>
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<br /></div>
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Hoje, a Amazônia não é mais mera fronteira de expansão de forças exógenas nacionais ou internacionais, mas sim uma região no sistema espacial nacional, com estrutura produtiva própria e múltiplos projetos de diferentes atores. Nela, a sociedade civil passou a ser um ator fundamental, tanto no campo como nas cidades, especialmente pelas suas reivindicações de cidadania, que inclusive influem no desenvolvimento urbano. O Grupo de Trabalho Amazônico (GTA) tem 315 associações, entre elas a federação das organizações indígenas. Os índios são espertíssimos, aprendem tudo rapidamente, mantêm a sua cultura e crescem num ritmo que é o dobro da taxa nacional. Além disso, criam ONGs para ajudar outras comunidades não tão informadas como a deles. </div>
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<br /></div>
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Outro grupo importante, mais localizado, é o de Altamira, antigo projeto de colonização em que a produção familiar é organizada e tem uma força política significativa, resistindo à construção da hidrelétrica de Belo Monte. </div>
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<br /></div>
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Atores fundamentais são os governos estaduais, que, com a crise do Estado central, assumiram responsabilidades e força política. É interessante e importante saber que esses governos, por suas condições histórico-geográficas, têm estratégias diferentes. O Mato Grosso e o Pará têm estratégias extensivas de uso da terra, o estado do Amazonas tem uma estratégia pontual industrial, localizada em Manaus; o Acre e o Amapá se baseiam na estratégia da florestania, modernização do extrativismo; em Rondônia procura-se expandir a pecuária e mesmo a soja, e, em Roraima, a soja no lavrado (cerrado) cercado por florestas e terra indígenas. O município também é um ente político que tem voz na região, embora sem recursos financeiros. Economicamente, não tem força, mas a tem do ponto de vista político, e é responsável pela urbanização recente, transformando as vilas em cidades. </div>
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<br /></div>
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As empresas do agronegócio, além das madeireiras e pecuaristas, são outros atores que estão se firmando e se expandindo não só no Mato Grosso. O que tem passado despercebido, no meu entender, em todos os projetos e em todas as escalas, é justamente o fato de a Amazônia hoje ser uma região que possui uma dinâmica própria: tem vinte milhões de habitantes, há demandas específicas e resistências organizadas e uma estrutura produtiva própria, o que comprova a sua mudança de caráter, inclusive com uma nova geografia. Nela reconheço três macrorregiões: a primeira é essa que chamam de "arco do fogo" e que denomino de arco do povoamento consolidado, porque é onde estão as cidades, as densidades demográficas maiores, as estradas e o cerne da economia; a outra macrorregião, da Amazônia central, corresponde ao restante do estado do Pará, que é a porção mais vulnerável da Amazônia, porque cortada pelos eixos, pelas estradas e onde estão duas das frentes localizadas; a última é a Amazônia ocidental, que tem a maior área de fronteira política e'é a mais preservada (porque não foi cortada por estradas e seu povoamento foi pontual, na Zona Franca de Manaus, enquanto o resto do estado ficou abandonado). E o fato de ser uma região em si, constitui uma força de resistência à destruição da floresta. </div>
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<br /></div>
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<b><span style="font-size: large;">Como impedir a destruição das florestas?</span></b> </div>
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<br /></div>
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<b>O papel das políticas públicas</b> </div>
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<br /></div>
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Se a Amazônia é efetivamente uma região, então há que se substituir a política de ocupação por uma política de consolidação do desenvolvimento. Uma política de ocupação não tem mais cabimento, porque a região já está ocupada. As florestas que restaram devem permanecer com seus habitantes. É necessário articular os diferentes projetos e os diversos interesses e conflitos que incidem na região. O governo atual pretende ser um marco no rumo do desenvolvimento regional. Elaborou um novo Plano Amazônia Sustentável (PAS), com o qual pretende superar a polaridade conflitiva entre a política ambiental e a de desenvolvimento. </div>
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<br /></div>
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O governo atual propõe também no PPA, (Plano Plurianual 2004-2007) a necessidade tanto da produtividade e competitividade, como da inclusão social, emprego e renda. No caso da Amazônia, existe um novo princípio, da transversalidade, em que o meio ambiente deixa de ser tratado como uma variável independente e participa das políticas de todos os ministérios. Importante também são os cinco eixos estratégicos do PAS, que vai ser posto em discussão com a sociedade: gestão ambiental e ordenamento do território, novo padrão de financiamento, inclusão social, infra-estrutura para o desenvolvimento e produção sustentável com inovação tecnológica e competitividade. </div>
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<br /></div>
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O ponto central, que gera conflitos, é a questão da pavimentação da rodovia Cuiabá-Santarém (BR-163), porque as corporações da soja, por um lado, pressionam o governo para a pavimentação rápida, visto que é considerada um elemento central para o escoamento da produção, pelo Norte, com o objetivo de encurtar distâncias e baixar custos. Por outro lado, os ambientalistas e a produção familiar não querem a pavimentação. O governo propôs que se fizesse um modelo para transformar a rodovia Cuiabá-Santarém numa estrada indutora de desenvolvimento, em vez de uma indutora de depredação. É importante registrar que há em Brasília a criação de grupos de trabalho interministeriais para os planos governamentais, algo extremamente positivo, com catorze ministérios participando para fazer o novo planejamento da estrada como instrumento de desenvolvimento. </div>
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<br /></div>
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O Incra está fazendo um esforço no sentido de preparar um cadastro tendo em vista a centralidade da questão fundiária. Em vez de dar títulos de terra, poder-se-ia fazer concessões de terra condicionadas a determinados comportamentos. O problema é que todos os atores na Amazônia (pecuaristas, madeireiros, índios, pequenos produtores) querem, como primeira demanda, a presença do Estado, por motivações diferentes. Como segunda demanda desejam o zoneamento. Tais demandas expressam, por um lado, a necessidade de definição clara das regras do jogo, ou seja, do fortalecimento institucional e, por outro, a pertinência da sub-regionalização, porque as regiões têm finalidades próprias e problemas específicos. O Estado pode dialogar melhor com essas necessidades específicas, encontrar as parcerias necessárias e direcionar melhor os recursos para melhor atendê-las. </div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Finalmente, mas não menos importante, a par do fortalecimento institucional e da regionalização, cabe à Ciência, Tecnologia e Inovação, papel primordial na sustentabilidade dos ecossistemas florestais, por sua importância econômica, social e política. </div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A floresta só deixará de ser destruída se tiver valor econômico para competir com a madeira, com a pecuária e com a soja. Mesmo com os grandes avanços na sua proteção, a questão de manter a capacidade sustentável da floresta ainda não foi solucionada. Florestas e terras são bens públicos e, por isso, são trunfos que estão sob o poder do Estado, que tem autoridade para dispor deles, segundo o interesse da nação. Propõe-se, assim, uma verdadeira revolução científico-tecnológica para a Amazônia Florestal. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O Brasil já efetuou três grandes revoluções tecnológicas: a exploração do petróleo em águas profundas; a transformação de cana-de-açúcar em combustível (álcool) na Mata Atlântica e a correção dos solos do cerrado, que permitiu a expansão da soja. Está na hora de implementar uma revolução cientifico-tecnológica na Amazônia que estabeleça cadeias tecno-produtivas com base na biodiversidade, desde as comunidades da floresta até os centros da tecnologia avançada. Esse é um desafio fundamental hoje, que será ainda maior com a integração da Amazônia sul-americana. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Notas</b> </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
1 LBA é um vasto projeto de pesquisa coordenado pelo Brasil em parceria com a Nasa e, em menor escala a União Européia, denominado Large Scala Biosphere-Atmosphere Experiment in the Amazon. O Probem foi criado para implantar a pesquisa e desenvolver o uso da biodiversidade através do fortalecimento da biotecnologia. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Bibliografia Básica</b> </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
BECKER, Bertha K. "Cenários de curto prazo para o desenvolvimento da Amazônia". Cadernos NADIAM, Brasília, MMA, 1999. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
_______. Amazônia: geopolítica na virada do III milênio. Rio de Janeiro, Garamond, 2004. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
BOULDING, Keneth. "The Economics of Coming Space-ship Earth". Em: Environment Quality in a Growing Economy. Baltimore, John Hopkins, 1966. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
IIRSA. Iniciativa para implantação da infraestrutura regional da América do Sul. Brasília, Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos, MPOG, 2002. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
POLANYI, Karl. A Grande transformação. Rio de Janeiro, Campus, 1980.</div>
Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-202620040716719126.post-62987123880205480072013-02-24T15:30:00.000-03:002013-02-24T20:18:33.614-03:00A ESTRUTURA FUNDIÁRIA BRASILEIRA<div style="text-align: justify;">
A estrutura fundiária brasileira é historicamente concentrada. E isso significa que, tradicionalmente, poucas pessoas são donas de vastas extensões de terras enquanto a maioria da população não possui terras no Brasil.</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Desde o início da colonização a implantação dos regimes de capitanias hereditárias e de sesmarias transferiu a posse de imensos latifúndios para os benfeitores da coroa portuguesa. O controle dessas terras por parte dessa elite latifundiária baseou-se na expropriação de nativos indígenas e no estabelecimento de <i>plantations</i>, um sistema agrícola monocultor, escravista e voltado para exportações praticado nesses latifúndios.</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Com a proclamação da independência, em 1822, foi extinto o sistema de sesmarias permitindo a proliferação do mecanismo de posse e o aumento da violência no campo embasada na disputa por terras travada pelos latifundiários através de seus homens armados. Nesse contexto, ainda com a escravidão em vigor, a luta pela terra se travava, então, numa camada social elevada, a dos grandes proprietários de terras.
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Para evitar a expansão desses conflitos entre grandes posseiros, o Império aprovou, em 18 de setembro de 1850, a <a href="http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L0601-1850.htm" target="_blank">Lei de Terras</a>, regulamentada em 30 de janeiro de 1854, que restringia o acesso a terra pela compra. Excetuavam-se as terras dentro da faixa de 10 léguas dos limites do império, que poderiam ser doadas pelo governo, o que muito foi feito para fins de ocupação do interior e garantia de posse no caso de contestações futuras dos países vizinhos.</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Mesmo com o fim da escravidão e a proclamação da república, os grandes latifundiários mantiveram grande poder político, o que impediu os avanços de qualquer discussão sobre a distribuição de terras. Somente nos anos 1950 e 60, em meio ao processo de modernização do Brasil nas cidades e nos campos, que a discussão sobre a reforma agrária ganha força a partir das reivindicações das ligas camponesas, nascidas no Nordeste. As ligas camponesas pediam reforma agrária “na lei ou na marra”, mas sucumbiram diante da repressão do regime militar. </div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Os militares aprovaram o <a href="http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L4504.htm" target="_blank">Estatuto da Terra</a> (Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964). Através dele foi criado o conceito de “Módulo Rural”, baseado na noção de “propriedade familiar”, definida como unidade de medida, expressa em hectare, que busca refletir a interdependência entre a dimensão, a situação geográfica do imóvel rural, a forma e as condições do seu aproveitamento econômico. Todos teriam direito à terra, mas, na prática, a reforma agrária não prosperou. </div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Em 1979, a <a href="http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/128322/lei-6746-79" target="_blank">Lei nº 6.746</a>, de 10 de dezembro daquele ano, altera o Estatuto da Terra determinando que a cobrança de impostos seja feita com base no número de Módulos Fiscais de cada propriedade. E define que o tamanho dos módulos fiscais é determinado por cada município em função do tipo de exploração predominante; da renda obtida na exploração predominante; de outras explorações existentes no Município que, embora não predominantes, sejam expressivas em função da renda ou da área utilizada; e no conceito de propriedade familiar. </div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Esse conceito de Módulo Fiscal é importante pois, com a <a href="http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8629.htm" target="_blank">Lei 8.629</a>, de 25 de fevereiro de 1993, ele tornou-se referência para a classificação das propriedades rurais em quatro tipos, quais sejam: </div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
1 – <b>Minifúndio</b>: imóvel rural de área inferior a 1 (um) módulo rural; (Decreto n.º 55.891 de 31 de março de 1965 em seu art. 13, I, c/c o art. 6º, II); </div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
2 – <b>Pequena Propriedade</b>: imóvel rural de área compreendida entre 1 (um) e 4 (quatro) módulos fiscais; </div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
3 – <b>Média Propriedade</b>: imóvel rural de área compreendida entre 4 (quatro) e 15 (quinze) módulos fiscais; </div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
4 – <b>Grande Propriedade</b>: imóvel rural de área superior a 15 (quinze) módulos fiscais. </div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
O processo de redemocratização foi importante para a retomada das lutas camponesas por reforma agrária. Sendo assim, em 1984, muitos camponeses reuniram-se em Cascavel, no Paraná, onde organizaram a criação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST. Desde então esse tem sido o principal movimento social em luta por reforma agrária no Brasil. De inspiração marxista e cristã-progressista, o MST nasce com o apoio da Pastoral da Terra.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibXvU_nFQ30VzFShUaigNM_B59BRL1JqBv-MP6YYQv8mlXPXaDx6XTxYbn_Wc4Fmyfwmq86zeJVMvrVADD-A7TIBfg0TuXFHlGRP5udJIpvkldQoX9EPKHa-xmKVNuNiDnD0UQXonKQKev/s1600/marchamst.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="239" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibXvU_nFQ30VzFShUaigNM_B59BRL1JqBv-MP6YYQv8mlXPXaDx6XTxYbn_Wc4Fmyfwmq86zeJVMvrVADD-A7TIBfg0TuXFHlGRP5udJIpvkldQoX9EPKHa-xmKVNuNiDnD0UQXonKQKev/s320/marchamst.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Não obstante os muitos avanços legais e institucionais que concorrem para uma estrutura fundiária mais justa e menos concentrada, os conflitos no campo seguem intensos e marcados por alto nível de violência. Diversos atores sociais entre os quais os latifundiários, posseiros, grileiros, madeireiros, garimpeiros, extrativistas, indígenas e quilombolas, seguem protagonizando disputas mortais pelo controle da terra. Chamou bastante atenção o genocídio dos índios Guarani Kaiowá, no Mato Grosso do Sul, praticado por membros da agroindústria canavieira. </div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Desde o início da política de assentamentos da reforma agrária, mais de um milhão e duzentas mil famílias já foram assentadas. Contudo, a terra não basta. Essas famílias precisam de assistência técnica, comercial e financeira para que sua produção possa viabilizar aquilo que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, o INCRA, preconiza como sua função primordial: o desenvolvimento de um campo com justiça social, produção de alimentos, trabalho, renda, cidadania e sustentabilidade econômica e ambiental. O desafio ainda é grande e os trabalhadores continuam na luta.
</div>
Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-202620040716719126.post-28320479794495200662012-10-30T15:37:00.002-02:002022-10-13T14:22:49.041-03:00DESERTOS, DESERTIZAÇÃO E DESERTIFICAÇÃO<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Esse texto visa apresentar
respostas objetivas para dez questões relevantes que envolvem os temas apresentados
em seu título. Aborda a dinâmica da Natureza e a interação do homem com o meio
ambiente como agente causador de impactos. As questões que apresentamos aqui são as
seguintes:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">1) O que são desertos?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">2) O que é desertização?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">3) Como ocorre a desertização?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">4) O que é desertificação?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">5) Como ocorre a desertificação?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">6) Quais são as principais
consequências da desertificação?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">7) Quais são os principais
espaços que sofrem a desertificação no Mundo atualmente?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">8) Quais são os principais
espaços que sofrem a desertificação no Brasil atualmente?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">9) Como evitar ou controlar o
avanço da desertificação?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">10) A desertificação é um
processo reversível?</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
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<div class="MsoNormal">
<b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif" style="background-color: white; font-size: 10pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlvLRlbYJyl2MOThrhdr599Itd4VUchvGG_qdPqPG95xybHchWWQjoCuto0GgguixWExQeoCgQ87alGc7X4QdZ2S-5Jdz5cGSmxlR22AQT2Vd4Sl_nsgV9KO_0Dk8weh6ZGAP-hGnHwA_s/s1600/deserto-do-saara.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="204" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlvLRlbYJyl2MOThrhdr599Itd4VUchvGG_qdPqPG95xybHchWWQjoCuto0GgguixWExQeoCgQ87alGc7X4QdZ2S-5Jdz5cGSmxlR22AQT2Vd4Sl_nsgV9KO_0Dk8weh6ZGAP-hGnHwA_s/s320/deserto-do-saara.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif"><span style="color: blue;">O que são desertos?</span><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Desertos são espaços onde os
níveis de precipitação registrados são muito baixos, em geral até 250 mm anuais
em média, e onde os níveis de evaporação superam os de precipitação.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">A baixa presença de vapor d’água
na atmosfera cria condições para uma elevada amplitude térmica (variação de
temperatura) diária. O vapor d’água é um gás estufa, por isso, nas áreas
úmidas, o calor do dia é bastante retido à noite. Já nos desertos, a pobreza em
vapor d’água favorece a dissipação do calor na atmosfera, tornando as noites
bem mais frias que os dias.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Como resultado disso, as
paisagens desérticas costumam ter solos muito arenosos ou rochosos. A variação
de temperatura induz a ocorrência da meteorização das rochas (uma forma de
intemperismo físico), em que a sucessiva dilatação (que ocorre com o
aquecimento durante o dia) e a contração (que ocorre com o resfriamento durante
a noite) gera a fratura das rochas em blocos menores, o que garante o aspecto
arenoso ou rochoso do solo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">As formas de vida são apenas
aparentemente pouco diversificadas. As espécies se adaptam ao rigor do clima
desértico. Os vegetais, em geral plantas xerófitas, são muito resistentes à
seca e à alta salinidade. Encontram-se de forma dispersa no espaço, desenvolvem
raízes profundas e armazenam água em seus caules, folhas e raízes. Apresentam
espinhos que contribuem para a realização da fotossíntese evitando a perda de
água para o meio por causa de seu formato aciculifoliado (folhas em forma de
agulhas). Muitos animais mantêm hábitos noturnos e passam o dia protegidos dos
intensos raios solares, escondidos na areia ou em tocas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif" style="line-height: 115%;">A maioria dos rios dos desertos tem caráter
temporário. Surgem nos momentos de chuva e depois desaparecem. Como nos
desertos as tempestades podem trazer grande volume de chuva concentrado em poucos
minutos, caminhar pelo leito dos rios enquanto estão secos pode ser perigoso. É
comum eles transbordarem em pouco tempo após o início das chuvas. Excetuando
esses casos, os principais rios que cortam desertos têm nascentes em áreas não
desérticas com chuvas regulares, como é o caso do rio Nilo.</span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span face=""trebuchet ms" , sans-serif"><br /></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="line-height: 17px;"><span face=""trebuchet ms" , sans-serif" style="color: blue;"><b>O que é desertização?</b></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="line-height: 17px;"><span face=""trebuchet ms" , sans-serif"><br /></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="line-height: 17px;"><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Desertização é um processo natural em que um ambiente transforma-se em um deserto. Trata-se de um processo lento e que possui causas naturais independentes da ação humana.</span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="line-height: 17px;"><span face=""trebuchet ms" , sans-serif"><br /></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="line-height: 17px;"><span face=""trebuchet ms" , sans-serif" style="color: blue;"><b>Como ocorre a desertização?</b></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="line-height: 17px;"><span face=""trebuchet ms" , sans-serif"><br /></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="line-height: 17px;"><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">A desertização é resultado de complexas interações entre a atmosfera, a litosfera, a hidrosfera e a biosfera. Os desertos que encontramos na Terra atualmente são formados por pelo menos um dos fatores, ou uma associação deles, a seguir:</span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="line-height: 17px;"><span face=""trebuchet ms" , sans-serif"><br /></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="line-height: 17px;"><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">- <b>Desertos em zonas de alta pressão subtropical</b>: essas áreas são caracterizadas pela descida dos ventos contra-alísios, que têm uma ação ressecante. Os ventos contra-alísios, ao descerem nas altas pressões subtropicais, dispersam moléculas e dificultam a subida do vapor d’água, que é fundamental para que haja condensação e chuvas.</span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="line-height: 17px;"><span face=""trebuchet ms" , sans-serif"><br /></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="line-height: 17px;"><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">- <b>Desertos em áreas à sotavento de grandes barreiras orográficas</b>: alguns desertos do planeta se encontram impedidos por montanhas de ter um contato mais amplo com massas de ar úmidas. Dizemos que essas montanhas constituem barreiras orográficas ao fluxo da umidade. A vertente da montanha que é voltada para a origem do fluxo, e que recebe umidade, é chamada de “barlavento”. Já a vertente voltada contra a origem do fluxo, e que não recebe a umidade, é chamada de “sotavento”.</span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="line-height: 17px;"><span face=""trebuchet ms" , sans-serif"><br /></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="line-height: 17px;"><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">- <b>Desertos Polares</b>: são áreas onde a precipitação é muito baixa pois as temperaturas médias, que ficam sempre abaixo ou muito próximas de 0°C, restringem demais a evaporação que forma as chuvas. Não se encontram dunas de areia mas dunas de neve em certas áreas de desertos polares.</span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="line-height: 17px;"><span face=""trebuchet ms" , sans-serif"><br /></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="line-height: 17px;"><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">- <b>Desertos costeiros</b>: são os mais complexos. Estão presentes nas margens ocidentais da América, da África e da Oceania, sempre nas regiões próximas aos trópicos. O desvio Coriollis, provocado pela rotação da Terra, faz com que os ventos predominantes nessas margens ocidentais soprem do continente para o oceano, dificultando a ação de ventos úmidos do oceano. Soma-se a isso o fato dessas áreas serem invariavelmente banhadas por correntes marinhas frias, que reduzem a evaporação nos oceanos e refrigeram a baixa troposfera, exercendo um efeito ressecante na atmosfera, ou seja, provocando chuvas sobre o oceano, que não chegam ao continente. A presença comum de dunas em formato de Lua Crescente voltadas para o mar são uma evidência clara do sentido dos ventos. O deserto de Atacama, que é o mais árido do planeta, é um deserto costeiro.</span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="line-height: 17px;"><span face=""trebuchet ms" , sans-serif"><br /></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="line-height: 17px;"><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Muitos estudos em Geologia e Paleoclimatologia (ciência que estuda os climas antigos) apontam para a formação de desertos muito antigos no planeta, alguns já desaparecidos, muitos deles cobertos por florestas atualmente. Acredita-se que muitos desertos surgiram ao longo das glaciações que a Terra viveu. As glaciações congelam grande parte da água do planeta, tornando os climas mais secos, o que favorece a desertização.</span></span></div>
<div style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif"><br /></span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif" style="color: blue;">O que é desertificação?</span></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Desertificação é um processo
regressivo da biosfera de um ambiente, gerado pela ação humana. É notavelmente
mais comum em áreas de clima semiárido, sub-úmido e em áreas que circundam desertos. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif"><span style="color: blue;">Como ocorre a desertificação?</span><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Diversas ações inapropriadas do
homem sobre o solo podem provocar esse processo. Vejamos os principais:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">- <b>Monoculturas intensivas sobre ecossistemas frágeis</b>. As monoculturas
desgastam muito o solo pois exigem muitos nutrientes da Natureza, o que provoca
seu empobrecimento. Em ambientes frágeis, a superexploração do solo pode ser
perigosa nesse sentido.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">- <b>Desmatamento</b>. A retirada da cobertura vegetal expõe os solos à
radiação solar mais intensa e ao contato direto com as águas das chuvas.
Naturalmente, esse desmatamento reduz a infiltração das águas no solo, a
alimentação dos lençóis freáticos e aumenta o escoamento superficial das águas,
potencializando a erosão, que empobrece o solo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">- <b>Técnicas agropecuárias impróprias</b>. Diversas formas indevidas de uso
podem favorecer a erosão e a perda de solo, facilitando assim a desertificação.
Entre essas formas, destacam-se a pecuária extensiva, em que o gado criado
solto pisoteia e compacta os solos dificultando o crescimento dos vegetais; e o
plantio direto sem curvas de nível em encostas, que favorece a erosão.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif"><span style="color: blue;">Quais são as principais consequências da desertificação?</span><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">As áreas afetadas sofrem diversas
consequências, tanto no âmbito ecológico quanto nos âmbitos social e econômico.
São consequências comuns em espaços desertificados:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">- Redução
da retenção de recursos hídricos; impactos sobre a fauna e a flora; mimetização
de espécies no ambiente transformado; impactos sociais decorrentes da falta de
água, como desnutrição e desidratação; expansão da pobreza; migrações;
desagregação familiar associada às migrações; perda de potencial e produtividade
agropecuárias; redução das receitas agropecuárias locais; etc.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Uma forma
moderna de exploração dos espaços desertificados é o cultivo de eucaliptos. A
planta já demonstrou capacidade de crescer nesse tipo de ambiente, no entanto
sua presença em larga escala age de forma nociva ao ambiente. O eucalipto é uma espécie de
crescimento muito rápido e de grande absorção de água do solo. Essa relação
gera enorme extração de água dos solos das regiões desertificadas, o que
contribui para a expansão do espaço desertificado.</span></div>
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span face=""trebuchet ms" , sans-serif"><br /></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif"><span style="color: blue;">Quais são os principais espaços que sofrem a desertificação no Mundo
atualmente?</span><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">A desertificação é um processo
que ocorre principalmente em ambientes que possuem alguma fragilidade, como as
regiões semiáridas, sub-úmidas e as que circundam desertos. Alguns casos chamam a atenção no
Mundo. Vejamos alguns:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">- <b>Sahel africano</b>: a palavra “sahel” tem origem árabe e significa “orla”.
A região conhecida como Sahel corresponde à orla semiárida meridional do
deserto do Saara, uma faixa relativamente fina de terras semidesérticas ao sul
do Saara. É uma das regiões mais pobres do planeta, com péssimos indicadores
sociais. Lá, boa parte da população combina uma agricultura itinerante
rudimentar com um pastoreio nômade. As duas atividades contribuem para a
desertificação. Há também a presença de monoculturas exportadoras comandadas
principalmente por empresas europeias, que também contribuem para a
desertificação.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">- <b>Mar de Aral</b>: </span><span style="line-height: 115%;"><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">nos
anos 1920, a antiga União Soviética desviou os cursos dos principais rios que
alimentavam o Mar de Aral para irrigar projetos agrícolas na região semiárida
do entorno do mar, processo que continuou sendo ampliado nas décadas seguintes.
Com a redução dessa alimentação, o volume de água do mar foi progressivamente
reduzindo-se. Hoje ele corresponde a aproximadamente 10% da área original e é
uma das maiores tragédias ambientais da história. A região conta com um “cemitério
de navios” encalhados e com águas e solo altamente salinizados.</span></span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIPCSf-3LoQqRmRNFxaQARPYVlK2lhpfFm7Cg0BrRyGMZYTFa4HVCthgqfr_hpEnrVuU7DxkDYOqQSrQAmov6UhIfYep6cgihwWomcu1YOyk6WVP2VV69LHiIC1wRLc-Kd0q8Hn6d5PwFy/s1600/706px-Aral_Sea_1989-2008.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="271" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIPCSf-3LoQqRmRNFxaQARPYVlK2lhpfFm7Cg0BrRyGMZYTFa4HVCthgqfr_hpEnrVuU7DxkDYOqQSrQAmov6UhIfYep6cgihwWomcu1YOyk6WVP2VV69LHiIC1wRLc-Kd0q8Hn6d5PwFy/s320/706px-Aral_Sea_1989-2008.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">- <b>Portugal Meridional</b>: as províncias do Alentejo e do Algarve sofrem
forte pressão hidrográfica causada pelos baixos índices pluviométricos, pela
agricultura intensiva e pela ampla infraestrutura turística. Em Alentejo, os
portugueses construíram a barragem do Alqueva, criando o maior lago artificial
da Europa para enfrentar a falta de chuvas e viabilizar a irrigação agrícola.
Além disso, o governo restringiu o uso de água para atividades turísticas em
Algarve como em piscinas e campos de golfe.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif" style="color: blue;">Quais são os principais espaços que sofrem a desertificação no Brasil
atualmente?</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif" style="line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif" style="line-height: 115%;">No Brasil, os principais espaços que sofrem
desertificação são municípios do Sertão nordestino. O clima tropical semiárido e as formas tradicionais de uso do solo favorecem esse processo.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""trebuchet ms" , sans-serif" style="line-height: 115%;"><br /></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""trebuchet ms" , sans-serif" style="line-height: 115%;">Na microrregião da
Campanha ocidental, no Sudeste Rio-grandense, com destaque para Itaqui e Alegrete, ocorre um processo de arenização do solo. Cabe destacar que, embora os processos tenham aspectos semelhantes, a arenização se desenvolve em ambientes úmidos.</span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuFcv-c_AuRrU5qDNUltWviwGW1K_b3nsLfFe-nqs1Fntjvbi6w-scjWo50Fxn8nHuW8dbxiL8GWMGFH4V8VkH9qWBO5b7IjATJI5QtRKSJ8XpzjaBSJSgw2k91tUQTSS0xmjtGBzC2ZQ4/s1600/Desertifica%C3%A7%C3%A3o+no+Brasil.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="243" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuFcv-c_AuRrU5qDNUltWviwGW1K_b3nsLfFe-nqs1Fntjvbi6w-scjWo50Fxn8nHuW8dbxiL8GWMGFH4V8VkH9qWBO5b7IjATJI5QtRKSJ8XpzjaBSJSgw2k91tUQTSS0xmjtGBzC2ZQ4/s320/Desertifica%C3%A7%C3%A3o+no+Brasil.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p><span style="line-height: 115%;"><span face=""trebuchet ms" , sans-serif"><br /></span></span></o:p></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p><span style="line-height: 115%;"><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">No Nordeste, o clima semiárido associado a prática de uma agricultura de
subsistência vinculada ao pastoreio de bovinos e caprinos explica a evolução da
desertificação. Na campanha ocidental, é a pecuária de bovinos, uma atividade
histórica com mais de dois séculos na região, que explica o processo, através
da compactação dos solos provocada pelo pisoteio do gado.</span></span></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif"><span style="color: blue;">Como evitar ou controlar o avanço da desertificação?</span><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Para evitar a desertificação ou
controlar seu avanço é necessário identificar e agir sobre as causas do
processo. Deve-se proteger a vegetação; praticar a agropecuária de maneira
apropriada, sem superexploração do solo ou uso de técnicas indevidas; e manejar
os recursos hídricos de forma sustentável, evitando grandes desvios ou
transposições de rios.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span face=""trebuchet ms" , sans-serif" style="color: blue;">A desertificação é um processo reversível?</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif" style="line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif" style="line-height: 115%;">Sim! É possível observar a retomada da expansão
vegetal em ambientes que vivem a desertificação. No entanto, dependendo do grau
de comprometimento, o processo pode levar séculos para se completar. O homem
contribui para essa retomada desocupando as terras e aplicando formas de manejo
que contribuam para a reversão do quadro. Esse manejo pode ser extremamente
dispendioso, podendo custar bilhões de dólares.</span></div>
Unknownnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-202620040716719126.post-57912172458584117642012-10-26T19:15:00.000-02:002012-10-30T15:38:15.194-02:00MIGRAÇÃO PENDULAR E TRANSUMÂNCIA<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Nesse texto abordamos dois tipos de movimentos populacionais cujas características despertam interesse e dúvidas nos alunos. Por isso, apresentamos cinco perguntas importantes para você dominar esses temas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><b>SE VOCÊ GOSTAR DESSE TEXTO, CLIQUE EM UM DOS ANÚNCIOS AO LADO OU ACIMA E AJUDE A MANTER ESSE BLOG.</b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><b>O que é Migração Pendular?</b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Migração Pendular é um movimento
populacional regular em que as pessoas viajam da cidade em que residem para
outra cidade onde trabalham ou estudam em tempo integral. A rigor, não se trata
de uma migração já que o tempo de permanência não é longo e os movimentos
definidos como migração são entendidos como movimentos definitivos ou de longa
duração.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmW7c_0p1PFcRce22G5QzJ-wUMpjQsZ0LvkAJRIcQ6qfTgR0Gnov9iYY_BPtrca7-xb76wdIqE5q14emlZxdTkH7aPUYUGdB0iQk2H2Oaei5fU62tZwC3YxWpR_YKU-u5c43kjgrfKtxji/s1600/metro_lotado-1d8e1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmW7c_0p1PFcRce22G5QzJ-wUMpjQsZ0LvkAJRIcQ6qfTgR0Gnov9iYY_BPtrca7-xb76wdIqE5q14emlZxdTkH7aPUYUGdB0iQk2H2Oaei5fU62tZwC3YxWpR_YKU-u5c43kjgrfKtxji/s320/metro_lotado-1d8e1.jpg" width="250" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Metrô do Rio de Janeiro lotado.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><b>A Migração Pendular é, necessariamente, um movimento diário?</b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Tomando por base a definição
estabelecida acima, podemos afirmar que as migrações pendulares não devem ser
entendidas somente como movimentos de caráter diário mas de qualquer intervalo
de tempo, desde que se trate de um movimento regular em que o tempo entre a ida
e a volta não seja muito longo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><b>Quais são os principais exemplos
de Migração Pendular?</b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">No campo, o principal exemplo de
movimento pendular é o realizado pelos trabalhadores volantes, conhecidos
popularmente como boias-frias. Em geral, eles se deslocam no início da manhã,
da cidade em que vivem para o campo, de onde voltam para suas casas, na cidade, no final do dia.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Outra situação exemplar é a dos
trabalhadores que moram nos municípios de uma Região Metropolitana e fazem o
movimento diário de suas cidades para trabalhar na metrópole ou em outra cidade
da região. A lotação dos meios de transporte intermunicipais e os
congestionamentos das vias urbanas e interurbanas no início da manhã e no fim do dia são fortes
evidências desse movimento.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Entre os casos em que o movimento
não é diário, destacam-se as seguintes situações:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">1 – <b>Executivos</b> – Muitos viajam da
cidade em que vivem para a cidade em que trabalham no início da semana,
abrigam-se em hotéis ou apart-hotéis, e retornam para casa no fim de semana.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">2 – <b>Políticos</b> – Deputados
estaduais, deputados federais, senadores e outros representantes políticos
vivem, em muitos casos, em cidades diferentes daquela em que trabalham. O
próprio Congresso Nacional do Brasil não possui reuniões plenárias regulares
nos dias de segunda-feira e sexta-feira pois esses são os dias em que os
parlamentares chegam e saem de Brasília.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">3 – <b>Petroleiros</b> – Muitos trabalhadores
petroleiros passam de 10 a 15 dias consecutivos embarcados em plataformas de
petróleo, de onde retornam para casa para alguns dias consecutivos de descanso.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">4 – <b>Profissionais liberais</b> –
Médicos e professores muitas vezes possuem empregos diferentes. Sendo assim, alguns
acabam viajando pelo menos uma vez por semana para outra cidade a fim de
realizar um plantão ou ministrar suas aulas semanais .</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><b>Quais são as principais
diferenças entre Migração Pendular e Transumância?</b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">A migração pendular e a
transumância têm em comum o fato de serem movimentos regulares com ida e
retorno periódicos. A transumância é um movimento descrito tradicionalmente
como sendo executado por rebanhos, vaqueiros e pastores que sobem montanhas no
verão em busca do clima ameno das altitudes e descem para as planícies no
inverno fugindo do rigor do frio nas montanhas. Fica claro que trata-se de um <b>movimento
sazonal</b>, ou seja, regulado pelas estações do ano, o que não ocorre nos
movimentos pendulares.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">No entanto, o movimento de transumância ganha outro
significado quando interpretado do ponto de vista de trabalhadores rurais. O termo
“transumância” é usado para designar o movimento migratório realizado por
camponeses que vão para a cidade em busca de emprego nos períodos em que o
calendário agrícola não oferece trabalho no campo. Numa questão do primeiro
exame de qualificação da UERJ de 2009, o movimento é apresentado a partir de um
texto de jornal que o descreve do seguinte modo, com grifo nosso na frase
definitiva [1]:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">“<i>Assim, conversinha mole e a criançada que se multiplica. ‘Eu não vou
para São Paulo’, anuncia Ari Félix, 12. Mas o irmão dele foi. ‘Difícil ficar’ é
a frase mais repetida. Safras perdidas, falta de emprego, família crescendo. <b>A soma faz os homens alternarem: seis meses
lá, seis meses cá</b>. Acostumada às despedidas, Vila São Sebastião sabe a
rotina: abraços, apertos de mão e adeusinhos frenéticos que, no caso deles,
sempre querem dizer ‘até logo’</i>”.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><b>Como as transformações no campo e
na cidade contribuíram para Migração Pendular nas Regiões Metropolitanas brasileiras?</b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">O processo de modernização do
campo que ganha força no Brasil a partir da crise de 29 e se expande nos anos 1960 e 1970
promove transformações nas relações de trabalho e de produção rurais que tem
como consequência uma forte liberação de mão de obra e uma notável concentração
fundiária.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Essas realidades associadas às
transformações impostas pelo avanço da industrialização nas principais cidades
do país, movida pelo desenvolvimentismo brasileiro, criaram uma grande atração
de pessoas para esses centros urbanos. Assim, o Brasil observou, em meados da
década de 1960, uma mudança na distribuição espacial da população, que passou a
viver mais em áreas urbanas do que em áreas rurais.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Diante dessas metamorfoses,
podemos dizer que ao mesmo tempo em que o Brasil se urbanizava, o país vivia o
processo de metropolização [2] de suas principais capitais, sendo ambos os
processos resultados de um fantástico fluxo migratório no sentido campo-cidade
observado naquele contexto. Fluxo que convencionamos chamar de êxodo rural,
pelo caráter de massa dessas migrações internas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Assim, o acelerado crescimento
dos aglomerados metropolitanos se traduz no crescimento do núcleo metropolitano
e, principalmente, na expansão das suas periferias, que nas últimas três
décadas passaram a crescer mais rápido que seus respectivos núcleos. É a população
residente nessas cidades periféricas em expansão que vai protagonizar os
movimentos pendulares diários, principalmente no sentido
periferia-núcleo-periferia.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><b>REFERÊNCIAS:</b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">[1] 1º Exame de Qualificação da
UERJ 2009: <a href="http://www.vestibular.uerj.br/portal_vestibular_uerj/arquivos/arquivos2009/2009_1eq_3de3.pdf">http://www.vestibular.uerj.br/portal_vestibular_uerj/arquivos/arquivos2009/2009_1eq_3de3.pdf</a></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">[2] Fausto Brito e Joseane de
Souza: Expansão urbana nas grande metrópoles e o significado das migrações
intrametropolitanas e da mobilidade pendular na reprodução da pobreza. <a href="http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-88392005000400003&script=sci_arttext">http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-88392005000400003&script=sci_arttext</a></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-202620040716719126.post-15521432853433943642012-10-23T15:11:00.003-02:002012-10-30T15:38:57.785-02:00ENERGIA NUCLEAR<span style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><b>Nesse texto nós apresentamos dez perguntas importantes para quem
quer conhecer mais sobre a energia nuclear no mundo. São elas:</b></span></span><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><b>1 - Como é gerada a Energia Nuclear?<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;">2 - </span><span style="line-height: 115%;">Quais são as principais formas de uso da Energia
Nuclear?<o:p></o:p></span></b></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;">3 - </span><span style="line-height: 115%;">Como funciona uma Usina Nuclear?<o:p></o:p></span></b></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;">4 - </span><span style="line-height: 115%;">Qual é o contexto histórico do desenvolvimento e do
uso da energia nuclear?<o:p></o:p></span></b></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;">5 - </span><span style="line-height: 115%;">Como ocorre o processo de enriquecimento de urânio?<o:p></o:p></span></b></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;">6 - </span><span style="line-height: 115%;">Como os Estados se organizaram para elevar a
segurança nuclear internacional?<o:p></o:p></span></b></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;">7 - </span><span style="line-height: 115%;">Por que muitos países desconfiam do Programa Nuclear
do Irã?<o:p></o:p></span></b></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><b>8 - Por que muitos ambientalistas são contrários ao uso da
energia nuclear?<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><b>9 - Quais foram as principais catástrofes mundiais ligadas à
radioatividade até 2011?<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><b>10 - Quais são as principais vantagens e desvantagens da
energia nuclear?</b><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><strong><span style="background-color: white; line-height: 115%;">SE VOCÊ GOSTAR DESSE TEXTO,
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<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Vamos às respostas?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><b><span style="color: blue;">Como é gerada a Energia Nuclear?</span></b><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><span style="line-height: 115%;">Segundo as informações do site da Eletronuclear [1], empresa
subsidiária da Eletrobrás, vinculada ao Ministério das Minas e Energia do
Brasil, a energia nuclear pode ser produzida pois “o</span><span style="line-height: 115%;">s átomos
de alguns elementos químicos apresentam a propriedade de, através de reações
nucleares, transformar massa em energia. Esse princípio foi demonstrado por
Albert Einstein. O processo ocorre espontaneamente em alguns elementos, porém
em outros precisa ser provocado através de técnicas específicas”.</span><span style="line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><span style="line-height: 115%;"><br /></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-nUKmO_wojp063SDizrNcqnPw9OSQkSSL7kTG-wAqP0Gx2yxtD8dMiA-fsKzNPtVZPLFbkZmqvVpm3uvOm3BTa5_W4BgPMZBmoz_bOLiwTCTc3e5EopCG2FwysqdUX8xVSn26SFYENdja/s1600/energia+nuclear.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-nUKmO_wojp063SDizrNcqnPw9OSQkSSL7kTG-wAqP0Gx2yxtD8dMiA-fsKzNPtVZPLFbkZmqvVpm3uvOm3BTa5_W4BgPMZBmoz_bOLiwTCTc3e5EopCG2FwysqdUX8xVSn26SFYENdja/s1600/energia+nuclear.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><span style="line-height: 115%;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; line-height: 115%;">A Eletronuclear explica ainda que “existem
duas formas de aproveitar essa energia para a produção de eletricidade: A
fissão nuclear, onde o núcleo atômico se divide em duas ou mais partículas, e a
fusão nuclear, na qual dois ou mais núcleos se unem para produzir um novo
elemento”.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><b><span style="color: blue;">Quais são as principais formas de
uso da Energia Nuclear?</span></b><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><span style="line-height: 115%;">Uma das principais formas de uso
da Energia Nuclear no mundo contemporâneo é a <b>geração de eletricidade</b>. Ainda de
acordo com a Eletronuclear, “a fissão do átomo de urânio é a principal técnica
empregada para a geração de eletricidade em usinas nucleares. É usada em mais
de 400 centrais nucleares em todo o mundo, principalmente em países como a
França, Japão, Estados Unidos, Alemanha, Suécia, Espanha, China, Rússia, Coréia
do Sul, Paquistão e Índia, entre outros”.</span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">O site da empresa segue explicando
que “segundo a WNA (Associação Nuclear Mundial, da sigla em Inglês), hoje,
14% da energia elétrica no mundo, é gerada através de fonte nuclear e este
percentual tende a crescer com a construção de novas usinas, principalmente nos
países em desenvolvimento (China, Índia, etc.). Os Estados Unidos, que possuem
o maior parque nuclear do planeta, com 104 usinas em operação, estão ampliando
a capacidade de geração e aumentando a vida útil de várias de suas centrais.
França, com 58 reatores, e Japão, com 50, também são grandes produtores de
energia nuclear, seguidos por Rússia (33) e Coréia do Sul (21)”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">É importante ressaltar que o processo de produção de energia
nuclear em usinas ocorre através de uma fissão nuclear controlada. Bem
diferente do que ocorre no caso do uso dessa energia como <b>armamento</b>, onde a
reação ocorre de forma descontrolada.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Outra forma de uso da energia proveniente de materiais radioativos
se enquadra nos processos de radiação ionizante utilizados, sobretudo, em
<b>técnicas medicinais</b>. Exames de cintilografias, Raios-X, tomografias
computadorizadas e radioterapia para pacientes com câncer são exemplos
clássicos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">O uso de traçadores radioativos pode ser extremamente útil à
<b>agricultura</b>. O Conselho Nacional de Energia Nuclear (CNEN), através de apostila
educativa sobre aplicações da energia nuclear [2], explica que isso pode ser
feito da seguinte maneira:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">“É possível acompanhar, com o uso de traçadores radioativos,
o metabolismo das plantas, verificando o que elas precisam para crescer, o que
é absorvido pelas raízes e pelas folhas e onde um determinado elemento químico
fica retido. Uma planta que absorveu um traçador radioativo pode, também, ser ‘radiografada’,
permitindo localizar o radioisótopo. Para isso, basta colocar um filme,
semelhante ao usado em radiografias e abreugrafias, sobre a região da planta durante
alguns dias e revelá-lo. Obtém-se o que se chama de autorradiografia da planta”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">O mesmo material educativo do CNEN ainda explica como esses
traçadores podem <b>combater pragas</b> agrícolas:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">“A técnica do uso de traçadores radioativos também
possibilita o estudo do comportamento de insetos, como abelhas e formigas. Ao
ingerirem radioisótopos, os insetos ficam marcados, porque passam a “emitir
radiação”, e seu “raio de ação” pode ser acompanhado. No caso de formigas,
descobre-se onde fica o formigueiro e, no caso de abelhas, até as flores de sua
preferência. A ‘marcação’ de insetos com radioisótopos também é muito útil para
eliminação de pragas, identificando qual predador se alimenta de determinado
inseto indesejável. Neste caso o predador é usado em vez de inseticidas nocivos
à saúde”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><b><span style="color: blue;">Como funciona uma Usina Nuclear?</span></b><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><span style="line-height: 115%;">Mais uma vez, tomamos para nossa explicação o exemplo
apresentado pela Eletronuclear. Ela nos explica que “</span><span style="line-height: 115%;">a fissão
dos átomos de urânio dentro das varetas do elemento combustível aquece a água
que passa pelo reator a uma temperatura de 320 graus Celsius. Para que não
entre em ebulição – o que ocorreria normalmente aos 100 graus Celsius -, esta
água é mantida sob uma pressão 157 vezes maior que a pressão atmosférica”.</span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><span style="line-height: 115%;">A empresa segue explicando que “o
gerador de vapor realiza uma troca de calor entre as águas deste primeiro
circuito e a do circuito secundário, que são independentes entre si. Com essa
troca de calor, a água do circuito secundário se transforma em vapor e
movimenta a turbina - a uma velocidade de 1.800 rpm - que, por sua vez, aciona
o gerador elétrico.</span> Esse vapor, depois de mover a turbina, passa por um
condensador, onde é refrigerado pela água do mar, trazida por um terceiro
circuito independente. A existência desses três circuitos impede o contato da
água que passa pelo reator com as demais”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><b><span style="color: blue;">Qual é o contexto histórico do
desenvolvimento e do uso da energia nuclear?</span></b><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">O desenvolvimento da energia
nuclear para uso da sociedade contemporânea é produto do trabalho de cientistas
como Ernest Rutherford, Albert Einstein, Enrico Fermi, Ida Noddack, Otto Hahn,
Fritz Strabmann, Lise Meitner e Otto Frisch.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><span style="line-height: 115%;">O site Brasil Escola [3] nos
explica que os “primeiros resultados da divisão do átomo de metais pesados,
como o urânio e o plutônio, foram obtidos em 1938. A princípio, a energia
liberada pela fissão nuclear foi utilizada para objetivos militares.
Posteriormente, as pesquisas avançaram e foram desenvolvidas com o intuito de
produzir energia elétrica. No entanto, armas nucleares continuam sendo
produzidas através do enriquecimento de urânio”.</span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">As tecnologias que envolvem a
produção de energia nuclear são bastante sofisticadas e consideradas
compatíveis com os níveis tecnológicos da <b>terceira revolução industrial</b>. A
ampliação do uso da energia nuclear, contudo, ocorreu de forma significativa ao
longo da década de 1970 quando duas <b>crises energéticas</b> geradas pelo forte
aumento dos preços do petróleo impuseram investimentos na busca e na consolidação
de fontes energéticas alternativas ao petróleo, entre as quais, a matriz nuclear.
Tais crises encontram raízes em instabilidades políticas no Oriente Médio, com
a Guerra do Yom Kippur, para a crise de 1973, e com a Revolução Iraniana, para
a crise de 1979.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><b><span style="color: blue;">Como ocorre o processo de enriquecimento de urânio?</span></b><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">O material didático do CNEN sobre energia nuclear [4] explica
que “o processo físico de retirada de urânio-238 do urânio natural, aumentando,
em consequência, a concentração de urânio-235, é conhecido como Enriquecimento
de Urânio. Se o grau de enriquecimento for muito alto (acima de 90%), isto é,
se houver quase só urânio-235, pode ocorrer uma
reação em cadeia
muito rápida, de difícil
controle, mesmo para uma quantidade relativamente pequena de urânio, passando a
constituir-se em uma explosão: é
a ‘bomba atômica’”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">E explica ainda que “foram desenvolvidos vários processos de
enriquecimento de urânio, entre eles o da <b>Difusão Gasosa</b> e da <b>Ultracentrifugação</b>
(em escala industrial), o do <b>Jato Centrífugo</b> (em escala de demonstração
industrial) e um processo a <b>Laser</b> (em fase de pesquisa). Por se tratarem de
tecnologias sofisticadas, os países que as detêm oferecem empecilhos para que
outras nações tenham acesso a elas”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><b><span style="color: blue;">Como os Estados se organizaram
para elevar a segurança nuclear internacional? </span></b><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Em julho de 1957 foi criada a <b>Agência Internacional de
Energia Atômica</b>, com sede em Viena, na Áustria, inicialmente com 56
Estados-membros, e que contava com 155 membros em outubro de 2012. Essa agência
foi criada para ser uma entidade global voltada para a promoção da cooperação
no campo nuclear e para estimular a criação e o uso de tecnologias nucleares
pacíficas e seguras.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">No ambiente da Guerra Fria, em meio à desenfreada corrida
armamentista, as potências nucleares propuseram, em 1968, um <b>Tratado de Não Proliferação
de Armas Nucleares </b>(TNP). Os Estados Unidos, a antiga União Soviética, a
França, o Reino Unido e a China manteriam seu direito a armas nucleares e os
demais países se submeteriam à proibição internacional de produção dessas
armas.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">De início, o tratado teve poucas adesões, afinal ele legitima
uma enorme diferença de forças entre os Estados. Atualmente possui 189
signatários, entre os quais o Brasil e o Irã. Índia, Paquistão e Israel não são
Estados-membros desse tratado. A Coreia do Norte se retirou do TNP em 2003.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><b><span style="color: blue;">Por que muitos países desconfiam do Programa Nuclear do Irã?</span></b><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">O Irã é um país persa do <b>Oriente Médio</b>. Sua política externa
foi reordenada após a revolução teocrática que conduziu os <b>aiatolás xiitas</b> ao
poder em 1979. Habitualmente, as lideranças iranianas se pronunciam contra a
existência de <b>Israel</b>, Estado criado pelos seguidores do judaísmo no espaço da Palestina,
que há muitos séculos era habitado por muçulmanos e que se converteu em
território amplamente disputado por esses grupos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Nesses pronunciamentos contra Israel, é comum ocorrerem
<b>ameaças de ataques</b> ao Estado dos judeus, o que deixa o programa nuclear
iraniano sob suspeita, pois sabe-se que o país, embora seja membro da Agência
Internacional de Energia Atômica e do TNP, possui a tecnologia de
enriquecimento de urânio e impõe duros <b>limites à fiscalização</b> de seu programa
nuclear.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><b><span style="color: blue;">Por que muitos ambientalistas são contrários ao uso da
energia nuclear?</span></b><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Muitos ambientalistas são contrários à energia nuclear pois
sua produção é uma atividade que envolve <b>sérios riscos ambientais</b>. Os
funcionários das usinas devem submeter-se a rigorosos protocolos de segurança
pois o contato com a radioatividade possui elevado potencial de <b>contaminação</b>, podendo
levar a morte por câncer.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Os <b>resíduos</b> da produção, embora tenham baixo volume, são
<b>altamente radioativos</b>, o que exige um enorme rigor em seu manejo e soluções
muito seguras para o seu despejo. Além disso, mesmo com elevados investimentos
em segurança, a atividade envolve o <b>risco de vazamentos e explosões</b>, cujas
consequências para a sociedade e o meio ambiente são, em geral, catastróficas.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Apresar disso, alguns ambientalistas muito preocupados com o
aquecimento global, como o famoso James Lovelock, da célebre tese Gaia,
defendem que a matriz nuclear é indispensável por afetar muito pouco a
atmosfera com emissões de gases-estufa, que provêm, fundamentalmente, dos
insumos fabricados para serem utilizados na produção de energia nuclear. Ou
seja: são emissões indiretas.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><b><span style="color: blue;">Quais foram as principais catástrofes mundiais ligadas à
radioatividade até 2011?</span></b><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Além do uso das bombas nucleares em <b>Hiroshima</b> e <b>Nagasaki</b>, no
Japão, ocorreram acidentes nucleares que marcaram para sempre a história da
humanidade. Entre eles destacam-se as explosões em <b>Chernobyl</b> (1986) e <b>Fukushima</b>
(2011), ambos classificados, segundo a Wikipédia [5] com grau 7 na escala INES
(Escala Internacional de Acidentes Nucleares). Um acidente com risco gerado
para espaços fora do local de ocorrência (grau 5) foi o da usina de <b>Three Mile
Island</b>, nos Estados Unidos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Além desses acidentes, a Agência Internacional de Energia
Atômica possui registros de centenas de anomalias (grau 1), incidentes (graus 2
e 3) e de alguns acidentes com risco no local ocorrido (grau 4).<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><b><span style="color: blue;">Quais são as principais vantagens e desvantagens da energia
nuclear?</span></b><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Entre as vantagens destacam-se as seguintes: é uma matriz de
alta produtividade pois um baixo volume de matéria-prima gera muita energia; não
gera alta emissão de gases estufa; não gera grandes alagamentos para a formação
de represas; não depende de condições ambientais como sol, chuvas ou ventos
para sua instalação; seu combustível é basicamente o urânio natural, que pode
ser reprocessado (através de enriquecimento) para ser reutilizado; e seus
subprodutos podem ser reaproveitados, como é o caso do Plutônio, que serve como
combustível de satélites.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Entre as desvantagens destacam-se as seguintes: é uma matriz energética
que possui alto custo de construção e operação de suas usinas; exige a manipulação
de materiais altamente tóxicos; e tem elevado risco ambiental em caso de vazamentos
ou explosões de seus reatores.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><b>REFERÊNCIAS</b>:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">[1] Eletronuclear: <a href="http://www.eletronuclear.gov.br/Saibamais/Espa%C3%A7odoConhecimento/Pesquisaescolar/EnergiaNuclear.aspx">http://www.eletronuclear.gov.br/Saibamais/Espa%C3%A7odoConhecimento/Pesquisaescolar/EnergiaNuclear.aspx</a><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">[2] Conselho Nacional de Energia Nuclear (Apostila Educativa
sobre Aplicações da Energia Nuclear): <a href="http://www.cnen.gov.br/ensino/apostilas/aplica.pdf">http://www.cnen.gov.br/ensino/apostilas/aplica.pdf</a><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><span style="line-height: 115%;">[3] Brasil Escola: </span><a href="http://www.brasilescola.com/geografia/energia-nuclear.htm" style="line-height: 115%;">http://www.brasilescola.com/geografia/energia-nuclear.htm</a></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">[4] Conselho Nacional de Energia Nuclear (Apostila Educativa
sobre Energia Nuclear): <a href="http://www.cnen.gov.br/ensino/apostilas/energia.pdf">http://www.cnen.gov.br/ensino/apostilas/energia.pdf</a><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><span style="font-size: small;">[5] Wikipédia: </span><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Escala_Internacional_de_Acidentes_Nucleares">http://pt.wikipedia.org/wiki/Escala_Internacional_de_Acidentes_Nucleares</a></span><span style="font-size: small;"><o:p></o:p></span></span></div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-202620040716719126.post-6077644490014228152012-06-14T11:30:00.000-03:002012-06-14T13:31:31.562-03:00SOBRE OS BRICS<div style="text-align: justify;">
A orígem do grupo político-diplomático de países emergentes hoje conhecidos como BRICS remonta ao ano de 2001, quando o economista chefe de pesquisa em economia global do grupo financeiro Goldman Sachs, Jim O'Neil, usou a sigla "BRIC" para se referir àqueles que seriam os quatro principais países emergentes do mundo: <strong><span style="color: blue;">Brasil</span></strong>, <strong><span style="color: blue;">Rússia</span></strong>, <strong><span style="color: blue;">Índia</span></strong> e <strong><span style="color: blue;">China</span></strong>.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;">
Ao publicar o relatório "<em>Building Better Global Economic Brics</em>", o Goldman Sachs apontou que esses quatro países eram aqueles que apresentavam as melhores projeções de crescimento econômico até 2050, quando os quatro estariam entre as seis maiores economias do planeta, dividindo espaço apenas com Estados Unidos e Japão.</div>
<div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;">
Esses países têm território extenso, população grande, muitos recursos naturais, e grande importância geopolítica. Rússia e China são membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Brasil e Índia são fortes candidatos a vagas permanentes numa possível renovação ampliadora desse conselho. Todos atraem empresas transnacionais que buscam vantagens produtivas em seus territórios e possuem mercados consumidores em expansão.</div>
<div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxs6sAA9OSXipMhyphenhyphenxgzP_cjV6C3RpXbaIsVF6-fciLeQ4_leo4TMGbzRrS9sAEOdnIEybkJ3b7hG5P0MKYYBG7O6Sp6hBFB4fKYthQlJDTztp6XJZVlJx_7UiJcjZyaP4oqOc7U6YG30_1/s1600/BRICS.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="188" pca="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxs6sAA9OSXipMhyphenhyphenxgzP_cjV6C3RpXbaIsVF6-fciLeQ4_leo4TMGbzRrS9sAEOdnIEybkJ3b7hG5P0MKYYBG7O6Sp6hBFB4fKYthQlJDTztp6XJZVlJx_7UiJcjZyaP4oqOc7U6YG30_1/s320/BRICS.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-size: xx-small;">Fonte: </span><a href="http://cmarinsdasilva.com.br/wp/os-brics-e-o-boicote-da-midia/"><span style="font-size: xx-small;">http://cmarinsdasilva.com.br/wp/os-brics-e-o-boicote-da-midia/</span></a></div>
<div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Para além dessas semelhanças, existem diferenças profundas entre esses países. O Brasil se destaca por não ter armas nucleares nem conflitos separatistas como ocorre nos outros países. A Rússia é o único país do grupo que apresenta tendência de declínio populacional, tendo muitos idosos e com destaque para o grave problema do alcoolismo, que é um importante fator de mortalidade na população.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A <strong><span style="background-color: white; color: blue;">China</span></strong> possui a maior população do planeta e investe muito em qualificação de mão-de-obra formando aproximadamente um milhão de universitários por ano. Seus baixos custos de produção geram enorme atração de investimentos produtivos. Com isso, o país deve, segundo o Goldman Sachs, ter o maior PIB nominal do planeta em 2050.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A <strong><span style="color: blue;">Índia</span></strong> apresenta um significativo desenvolvimento em vários setores de tecnologia avançada como os setores de eletrônica, informática e medicamentos. O país, que hoje tem muitas fábricas de softwares e hardwares e é o maior produtor mundial de medicaments genéricos, realiza pesados investimentos em qualificação de mão-de-obra e a língua inglesa, herança da colonização, facilita a atração de empresas, especialmente as prestadoras de serviços de call-center.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na <strong><span style="color: blue;">Rússia</span></strong>, a grande potencialidade está na riqueza energética. O país é o maior produtor mundial de gás natural e o segundo maior produtor de petróleo. Além disso, o país é grande exportador de tecnologias e mão-de-obra qualificada, herança dos investimentos em educação e pesquisa, que incluíam a corrida armamentista e espacial, deixada pelo socialismo soviético.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O <strong><span style="color: blue;">Brasil</span></strong> se destaca na área de recursos naturais. O país é um grande exportador de produtos agropecuários, especialmente soja e carne bovina. Vê crescer a sua importância na área de combustíveis fósseis com o pré-sal e novas descobertas de gás natural pelo seu território. Também exporta minérios metálicos como ferro, cobre, bauxita etc. para vários países, incluíndo parceiros regionais do Mercosul. E é um líder em biodiversidade e recursos hídricos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ressaltar essas potencialidades não significa dizer que a produção desses países está limitada a esses produtos, serviços e riquezas mencionados. O Brasil, por exemplo, exporta soja, carne bovina e ferro mas também exporta aviões. A produção dos Brics vai muito além daquelas que se apresentam como suas principais vocações aparentes.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A tese do Goldman Sachs cativou as lideranças desses países, que decidiram fazer desse simples acrônimo um verdadeiro espaço de discussão sobre as principais questões mundiais, exercendo um olhar emergente sobre o mundo. Desde 2009 há reuniões oficiais. Primeiro na Rússia, depois no Brasil em 2010. Em 2011 foi a vez da China receber os membros para um encontro, que ocorreu novamente, em 2012, na Índia.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Convidada pela China, a <strong><span style="color: blue;">África do Sul</span></strong> passou a integrar o bloco político-diplomático. Não que esse país tenha as mesmas projeções de desenvolvimento econômico dos demais membros. O convite se justifica pois foi uma maneira de inserir o continente africano no espaço constituído pelo bloco e porque a África do Sul exerce importante liderança regional. Desde então, o bloco passa a ser chamado de BRICS, com o "S", de <em>South Africa</em>, no final.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É fundamental concluir que este bloco, ao mobilizar o esforço de união de países com tão grandes potencialidades, abre a perspectiva de uma importante alteração no equilíbrio de poder no mundo no futuro, com o fortalecimento dos emergentes diante das potências ocidentais tradicionais, que hoje já enfrentam fortes crises econômicas, políticas e diplomáticas.</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-202620040716719126.post-46827810705769270302012-06-07T00:30:00.000-03:002012-06-07T01:58:25.585-03:00SOBRE A XENOFOBIA NOS PAÍSES CENTRAIS<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<strong><span style="color: blue;">Xenofobia</span></strong> é um termo que se aplica a diversas situações que remetem a uma visão negativa que os nativos de um lugar têm acerca dos estrangeiros que com eles convivem. Pode ser uma doença mental que se manifesta através do medo irracional que o doente sente diante de um estrangeiro ou do desconhecido, que os estrangeiros representam. No entanto, na maioria dos casos o termo se refere a um conjunto de sentimentos contra o estrangeiro tais como antipatia, aversão, ódio e suspeita, quase sempre alimentados por componentes sociais como o racismo e o receio da ocorrência de possíveis mudanças culturais e religiosas no seio de seu povo.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nos países centrais, a presença estrangeira é um produto evidente de intensos movimentos migratórios ocorridos em momentos diversos, porém intensificados no contexto do pós-guerra. No Japão e especialmente na Europa, os trabalhos de reconstrução somados ao declínio populacional gerado pelas mortes na guerra e pela redução nas taxas de fecundidade formaram um ambiente atrativo. Nos Estados Unidos, o clima positivo foi propagado através do “<em><span style="color: blue;">american way of life</span></em>”. Na maioria desses casos havia intervenção do Estado nas economias para gerar empregos e renda favorecendo o bem estar social. Era necessário ao capitalismo, num ambiente de guerra fria, provar que era melhor que o socialismo, oferecendo direitos sociais e liberdade individual às pessoas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na outra ponta do movimento migratório, diversos fatores de repulsão impulsionaram a saída de africanos, asiáticos e latino-americanos de seus países. Milhares de pessoas fugiram do desemprego; dos reflexos de movimentos violentos de descolonização, marcados pela proliferação de conflitos étnicos na disputa pelo poder; dos vários tipos de regimes autoritários que se espalham por todo o mundo subdesenvolvido; e dos efeitos perversos da urbanização acelerada e da modernização produtiva, de notável caráter conservador e excludente, que marcaram esse momento da história dos países pobres.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O Japão recebeu alguns grupos asiáticos e descendentes de japoneses espalhados pelo mundo, inclusive nipo-brasileiros, migrantes lá conhecidos como “<em><span style="color: blue;">dekasseguis</span></em>”. A Europa recebeu muitos africanos e asiáticos, com destaque para o fato de que na maioria dos casos as pessoas saíam das colônias (ou ex-colônias) para as respectivas metrópoles. Ou seja, da Índia para a Inglaterra; da Argélia para a França etc. Já os Estados Unidos receberam migrantes de todo o mundo subdesenvolvido, porém com grande destaque para latino-americanos, de diversas origens, especialmente os mexicanos, porém incluindo muitos brasileiros, que formam um grupo importante de estrangeiros naquele país.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No período que se estende do final da segunda guerra mundial até o final dos anos 1970, a presença do imigrante gerava um incômodo menor, ou ao menos um volume bem menos significativo de manifestações xenofóbicas nos países centrais. Muitos desses países tinham situação de pleno emprego e os imigrantes, assim, não eram tão mal vistos. No entanto, no final dos anos 1970, diversos países do mundo desenvolvido promoveram uma redução da intervenção do Estado na economia para fins de proteção social. Trata-se da adoção de práticas neoliberais que permitiram a dinamização do comércio e a modernização da produção porém elevaram o nível de desemprego e de pressão sobre as conquistas sociais das populações.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nesse contexto, o trabalhador imigrante passou a ser responsabilizado pelo desemprego crescente. Fortaleceram-se a xenofobia e os partidos de extrema direita que condenam a presença dos estrangeiros nos seus países. Movimentos Neo-nazistas pregavam a violência contra imigrantes e responsabilizavam estrangeiros pelo aumento dos níveis de violência. Contudo, o argumento xenófobo é notavelmente falso, pois os imigrantes, em geral, ocupam postos de trabalho de baixo prestígio social, que admitem baixa qualificação e oferecem salários menores. São empregos sistematicamente rejeitados pelos nativos, como os trabalhos de faxineiro, coveiro, operador de caixa, empacotador, entregador, auxiliar de cozinha, agente de segurança, entre outros.</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3-jy-9XwYWWjUvevEJE6FgWzLWUAStI9F_oWAwjHxO1WF7IxNotDZG7SOf40MsZspnj2TNthYKdlpcmt4zEDC3dTViGhCdvv41EAz1xy2vi5OZgwasn0SjWAz2RrUumVeJaDYbDjuYfHp/s1600/Cartaz+do+SVP.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" fba="true" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3-jy-9XwYWWjUvevEJE6FgWzLWUAStI9F_oWAwjHxO1WF7IxNotDZG7SOf40MsZspnj2TNthYKdlpcmt4zEDC3dTViGhCdvv41EAz1xy2vi5OZgwasn0SjWAz2RrUumVeJaDYbDjuYfHp/s320/Cartaz+do+SVP.jpg" width="242" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<span style="color: blue; font-size: x-small;"><strong>Cartaz do partido suíço SVP (em alemão) e UDC (em francês) sugerindo a expulsão de imigrantes do país "por mais segurança".</strong></span><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Mesmo assim ergueram-se barreiras migratórias, tanto políticas quanto físicas, para controlar esses fluxos migratórios. No campo político, aumentou o nível de exigências para a concessão de vistos de entrada além das exigências para o período de permanência, como a apresentação da passagem de retorno, de quantias em dinheiro para os gastos diários e até dos comprovantes de reservas em hotéis. A construção de muros em fronteiras altamente policiadas, como o de Tijuana, na fronteira dos Estados Unidos com o México, e os de Ceuta e Melilla, enclaves espanhóis no norte da África, simbolizam a imposição de um limite físico ao direito humano de migrar.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A crise financeira que se estende desde 2008 vem criando paradoxos interessantes nas políticas migratórias desses países. Estando eles em crise, os capitais deixados em seus territórios pelos turistas com origem em países com Brasil, Índia, China, África do Sul, México e Argentina, adquirem maior importância. Prova disso está nas mudanças que estão sendo implantadas nos consulados dos Estados Unidos aqui no Brasil com intuito de acelerar o processo de emissão de vistos. Anos atrás, os brasileiros quase “imploravam” pelo direito de gastar suas economias nos parques, lojas e hotéis estadunidenses. Hoje, o clamor parece vir de lá para cá.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas essa abertura não se faz sem o receio de que isso estimule as tentativas de migração permanente. Assim, na União Europeia, onde vários países como Grécia, Itália, Irlanda, Portugal e Espanha estão em crise, o rigor com o controle migratório cresce e a comunidade questiona a estrutura dos acordos que criaram o Espaço Schengen de livre-circulação interna, cuja revisão dos termos é proposta por alguns membros do bloco, como a Dinamarca, que anunciou, em maio de 2011, que voltaria a controlar suas fronteiras com a Suécia e a Alemanha. A França, quando ainda sob o controle de Sarkozy, reclamava da concessão de vistos pela Itália aos tunisianos em 2011, povo do país africano que foi o epicentro do movimento conhecido como “Primavera Árabe”, pois eles estariam migrando, via Itália, para a França.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Um vídeo institucional produzido pela União Europeia e que gerou muitos protestos por ter sido interpretado como racista e xenofóbico, tendo sua veiculação proibida é esse que você pode assistir <a href="http://www.youtube.com/watch?v=G16ZNUZEbt8&fb_source=message" target="_blank"><span style="color: blue;">clicando aqui</span></a>.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No entanto, a despeito do medo, desconfiança, preconceito ou receio de mudanças culturais e religiosas, uma questão que se apresenta e exige resposta é: será que os europeus poderão, diante da evolução do seu perfil demográfico, evitar a chegada e a legalização de trabalhadores imigrantes? Pois o número de idosos cresce enquanto diminui o de jovens. É necessário repor a população economicamente ativa. Campanhas natalistas, se forem atendidas pela população, tendem a minimizar o problema, mas em longo prazo, de 25 a 30 anos. Contudo, o quê fazer para solucionar o problema que se exibe agora? Não se torna indispensável reconhecer a importância dos trabalhadores imigrantes nesse quadro? Sobre isso, as sociedades precisarão refletir e produzir uma resposta, que será dada, fundamentalmente, nas urnas, nas eleições de cada país.</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-202620040716719126.post-46508305604954683492012-02-10T06:00:00.001-02:002021-11-07T13:18:45.297-03:00O CONCEITO DE TERRITÓRIO<div style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #000099;">O território como o espaço concreto</span></strong></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A Geografia Política tradicional definiu o território como o espaço concreto em si, apropriado por um determinado agente ou grupo social, tendo em vista que a noção de apropriação empregada no conceito ilustra a existência de uma relação de poder construída pelo homem sobre um espaço delimitado.
Para Friedrich Ratzel, geógrafo alemão fundador da geografia política enquanto disciplina da ciência geográfica, mais particularmente como um ramo da geografia humana, a apropriação duradoura, perene do território é capaz de construir vínculos e identidades de forma que um povo não possa mais ser compreendido, concebido sem seu território, pois tais identidades estariam ligadas aos atributos do espaço ocupado.
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCOWwj2TgYOlGYw0wVAAWlyyaTvaPJPLYin-o-R3ZpYs1o4eScuG-SAfkR4eSmY9ZEq_8bs728KehpKPDuiUQgg0p4wVbulRxFVu41uQgOFztvKX6iwp1v61E-ZmOh0txgiYrO7oixIMK7/s1600/Mapa+Rio+Antigo.JPG"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5702730915729092434" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCOWwj2TgYOlGYw0wVAAWlyyaTvaPJPLYin-o-R3ZpYs1o4eScuG-SAfkR4eSmY9ZEq_8bs728KehpKPDuiUQgg0p4wVbulRxFVu41uQgOFztvKX6iwp1v61E-ZmOh0txgiYrO7oixIMK7/s400/Mapa+Rio+Antigo.JPG" style="cursor: hand; display: block; height: 264px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 400px;" /><p style="text-align: center;"><span style="color: #000099; font-size: 85%;">Mapa Antigo do Rio de Janeiro</span></p><p style="text-align: justify;"></p></a><div style="text-align: justify;">O pensamento de Ratzel esteve muito vinculado ao projeto de construção do Estado nacional alemão e à legitimação do expansionismo territorial do Reich. Isso tanto explica quanto exemplifica porque o conceito de território foi tão fortemente associado a um referencial político do Estado. Falar em território significava, praticamente, falar em território nacional. Tanto a Geografia quanto a Ciência Política assim restringiam o conceito tendo em vista o Estado como o detentor do poder por excelência. </div><div style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #000099;"><br /></span></strong></div><div style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #000099;">O território como campo de forças</span></strong> </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A renovação crítica do pensamento geográfico propôs uma interpretação diferente, mais ampla do que a proposta pela geografia clássica, do conceito de território. Nela, o território não é o espaço concreto em si mas as relações de poder espacialmente delimitadas que operam sobre uma base, um substrato material referencial.
Diferente da proposta de Ratzel, a constituição dos territórios não depende de um longo enraizamento para a construção de identidades e relações de poder. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Os territórios podem ser construídos e dissolvidos rapidamente ou seja, tendem a ser mais instáveis do que estáveis. Ou ainda, podem ter uma existência regular e periódica.
Marcelo José Lopes de Souza, em artigo sobre território publicado no livro Geografia: Conceitos e Temas<strong><span style="color: #000099;">*</span></strong>, explica essa proposta de conceituação do território como “<em>campo de forças</em>” [1] a partir de exemplos de territorialidade urbana, como os territórios da prostituição, do comércio ambulante e das máfias do narcotráfico no Rio de Janeiro. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Nesses casos, o autor explica que a territorialidade pode se estabelecer das seguintes maneiras: </div><div style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #000099;"><br /></span></strong></div><div style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #000099;">- Territorialidade cíclica:</span></strong> os espaços onde a prostituição ocorre são ocupados no período noturno. Durante o dia, o perfil das pessoas que ocupam o território é diferente. Ao contrário, o comércio ambulante, que também possui uma temporalidade bem definida, predomina ao longo do dia e vai se esvaindo com o anoitecer. </div><div style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #000099;"><br /></span></strong></div><div style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #000099;">- Territorialidade móvel:</span></strong> ainda tomando como exemplo a questão da prostituição, o autor explica que pode haver disputa entre grupos rivais (prostituição masculina, feminina, travestis etc.) e como conseqüência pode haver mudanças nos limites controlados por cada grupo. Os limites dos territórios da prostituição são instáveis. </div><div style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #000099;"><br /></span></strong></div><div style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #000099;">- Territorialidade em rede:</span></strong> é o exemplo da estrutura espacial do tráfico de drogas, onde cada facção detém o controle de algumas áreas (favelas) relativamente distantes entre si, e intercaladas tanto pelo “asfalto” quanto por outras áreas controladas por facções rivais. No entanto, o conjunto das áreas controladas por uma facção forma uma rede pois essas áreas são conectadas por fluxos diversos (de armas, drogas, dinheiro, ordens de comando etc.). A sobreposição das redes, tanto entre as controladas por cada facção, quanto com o “asfalto”, forma uma malha complexa constituída pelo que o autor optou chamar de “territórios descontínuos”[2]. </div><div style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #000099;"><br /></span></strong></div><div style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #000099;">Um conceito polissêmico</span></strong> </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O conceito de território refere-se à espacialidade humana e, por isso, muito além da Geografia, desperta o interesse de outros ramos do conhecimento, cada qual enfatizando suas perspectivas. Desse modo, o conceito ganha muitos significados, torna-se polissêmico.
Rogério Haesbaert dá elementos dessa polissemia quando explica a “<em>amplitude do conceito</em>”[3] a partir do enfoque geral das principais ciências que se interessam por ele: </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">“<em>Enquanto o geógrafo tende a enfatizar a materialidade do território, em suas múltiplas dimensões (que deve[ria] incluir a interação sociedade-natureza), a Ciência Política enfatiza sua construção a partir das relações de poder (na maioria das vezes, ligada a concepção de Estado); a Economia, que prefere a noção de espaço à de território, percebe-o muitas vezes como um fator locacional ou como uma das bases da produção (enquanto “força produtiva”); a Antropologia destaca sua dimensão simbólica, principalmente no estudo das sociedades ditas tradicionais (mas também no tratamento do “neotribalismo” contemporâneo); a Sociologia o enfoca a partir de sua intervenção nas relações sociais, em sentido amplo, e a Psicologia, finalmente, incorpora-o no de debate sobre a construção da subjetividade ou da identidade pessoal, ampliando-o até a escala do indivíduo</em>”.[4] </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Fica evidente que o conceito de território possui múltiplas acepções. Essas várias noções foram sintetizadas por Haesbaert em quatro vertentes: </div><div style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #000099;"><br /></span></strong></div><div style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #000099;">- Política:</span></strong> onde o território é visto como espaço delimitado onde se exerce uma relação de poder; </div><div style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #000099;"><br /></span></strong></div><div style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #000099;">- Cultural(ista):</span></strong> onde o território é interpretado como fruto da apropriação ou valorização simbólica do espaço vivido por um grupo social. </div><div style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #000099;"><br /></span></strong></div><div style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #000099;">- Econômica ou economicista:</span></strong> onde a dimensão espacial das relações econômicas é enfatizada. </div><div style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #000099;"><br /></span></strong></div><div style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #000099;">- Natural(ista):</span></strong> onde o território é visto a partir da relação entre o homem e a Natureza, do comportamento “natural” dos homens em relação ao meio físico. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Apesar do esforço de sintetizar a polissemia do conceito nessas quatro vertentes, Haesbaert propõe que a discussão seja organizada “<em>a partir de outro patamar, mais amplo, em que estas dimensões se inserem dentro da fundamentação filosófica de cada abordagem</em>”.[5] Desse modo, a conceituação de território é proposta segundo “o binômio materialismo-idealismo” e segundo “o binômio espaço-tempo”. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Entenda-se que, quanto ao binômio materialismo-idealismo, Haesbaert qualifica como perspectivas materialistas a “natural”, a econômica e a política; e qualifica como idealista a perspectiva cultural ou simbólica do território. Ele entende que tais perspectivas podem ser analisadas tanto a partir de uma visão do território que chamou de “parcial” (que enfatiza uma dessas perspectivas, seja a “natural”, a econômica etc.); ou que essas perspectivas podem ser analisadas a partir de uma visão integradora de território, para atender a questões que envolvem todas elas juntas. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A abordagem segundo o binômio espaço-tempo consiste na visão relacional de território onde este é compreendido como “<em>completamente inserido dentro de relações social-históricas</em>”. [6] Esta abordagem coincide com aquela feita por Marcelo José Lopes de Souza, explicada acima, onde o território é visto prioritariamente como um conjunto de relações sociais, um campo de forças. Haesbaert sinaliza que a interpretação de Souza é justamente cuidadosa pois não nega a materialidade do território e, por isso, evita uma ”desgeografização” do território, que seria acompanhada de um excesso de “sociologização” e “historicização” do conceito. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Sendo assim, o território, um conceito que interessa a muitas ciências, a concepção do conceito dependerá da posição filosófica de cada pesquisador e da opção por uma dessas perspectivas, ou ainda, pode-se empreender um esforço de superação dessa “dicotomia material/ideal” para integrar tanto a dimensão material quanto a dimensão simbólica como partes inseparáveis do conceito. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Referências:
[1] e [2] SOUZA, Marcelo José Lopes 1995. O território: sobre espaço, poder, autonomia e desenvolvimento. In: Castro et al. (orgs.) Geografia: Conceitos e Temas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.
[3] [4] [5] e [6] COSTA, Rogério Haesbaert da. 2006. O mito da desterritorialização: do “fim dos territórios” à multiterritorialidade. 2ªed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">* O autor desse blog, criado em 2007, não tinha conhecimento da existência do livro organizado por Castro, Gomes e Corrêa quando escolheu o título, que se adéqua à proposta do blog, que é apresentar conceitos (como faz nesse texto) e temas, como é o caso da maioria dos textos aqui publicados, uma coincidência que muito nos honra depois que tivemos contato com a obra e passamos a conhecer o conteúdo de seus textos. </div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #000099;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #000099;">Esta postagem é dedicada ao centenário do falecimento do Barão do Rio Branco, José Maria da Silva Paranhos Júnior, Ministro das Relações Exteriores do Brasil entre 1902 e 1912, falecido a 10 de fevereiro de 1912, enquanto ocupava o cargo, sendo uma unanimidade nacional em seu tempo e o principal responsável pela expansão do território brasileiro no período republicano.</span></div>Unknownnoreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-202620040716719126.post-10477699898530185932012-02-01T09:00:00.003-02:002012-09-23T22:46:28.518-03:00OS NOVOS PAÍSES INDUSTRIALIZADOS<div align="justify">
<div style="text-align: justify;">
Os espaços da industrialização clássica no mundo, aquela que despontou no século XVIII e se consolidou no século XIX, são a Europa Ocidental, a América anglo-saxônica, a Rússia e o Japão. Os demais países que hoje possuem industrialização forte podem ser chamados de “países de industrialização tardia”. Uma outra forma, que se tornou bastante comum nos últimos anos, é denominá-los “Novos Países Industrializados” (NPI’s), ou em inglês, “New Industrialized Countries” (NIC’s).</div>
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<strong><span style="color: #000099;">O contexto e o processo de industrialização</span></strong><br />
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A industrialização desses países decorre, em alguns casos, de iniciativas públicas e privadas internas, e, de maneira mais geral, do deslocamento espacial de grandes empresas transnacionais da Europa, dos Estados Unidos e do Japão para países do mundo subdesenvolvido, essencialmente da América Latina e do sul e sudeste da Ásia.<br />
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As multinacionais, especialmente no contexto do pós-guerra, aproveitaram-se dos avanços técnicos nas áreas de transportes e comunicações e transferiram fábricas para o terceiro mundo em busca de vantagens comparativas, tais como mão de obra barata, sindicatos fracos, ofertas atrativas de incentivos fiscais, menor pressão ambiental, matéria-prima abundante e mercados consumidores crescentes.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIwqx-Wjsg84pIfMDX1vjHTzRqR19OqkxkgiBFYYFQpUDnBtMbXqllrtWYsb8MsQgIWsfuwY0TGdtUidWcjuCF3lbWoaRz8M7gVn27MOWrzBIxVd9F7Qkx1XtI6DcfXHQBFhwhZgnwWpSv/s1600/Novos+Pa%25C3%25ADses+Industrializados+Wiki.png"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5703790608075776034" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIwqx-Wjsg84pIfMDX1vjHTzRqR19OqkxkgiBFYYFQpUDnBtMbXqllrtWYsb8MsQgIWsfuwY0TGdtUidWcjuCF3lbWoaRz8M7gVn27MOWrzBIxVd9F7Qkx1XtI6DcfXHQBFhwhZgnwWpSv/s400/Novos+Pa%25C3%25ADses+Industrializados+Wiki.png" style="cursor: hand; display: block; height: 176px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 400px;" />
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</a><span style="font-size: 85%;">Os Novos Países Industrializados. Fonte: </span><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Newly_Industrialized_Country.png"><span style="font-size: 85%;">Wikipedia</span></a>
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Países como Brasil, México, Turquia, China, Coréia do Sul, Taiwan, Cingapura, Índia, África do Sul e o território de Hong Kong receberam pesados investimentos industriais que mudaram o perfil de ocupação da população economicamente ativa, impulsionaram migrações do campo para as cidades e aceleraram o crescimento urbano que, em muitos casos, foi marcado pela desordem e pelas péssimas condições de vida oferecidas aos mais pobres.<br />
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Como o crescimento industrial desses países se dá em pleno contexto de guerra fria, a imposição da influência política e econômica do bloco capitalista e o combate à expansão do socialismo contribuíram para que a maioria desses países vivesse experiências políticas ditatoriais até o fim dos anos 80 ou início dos anos 90, quando a guerra fria acabou. As ditaduras ajudaram a garantir a segurança contra possíveis estatizações dos investimentos produtivos feitos pelas transnacionais nesses países.<br />
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As transformações na base produtiva das economias emergentes que constituem os Novos Países Industrializados foram capazes de substituir a velha divisão internacional do trabalho – onde os países subdesenvolvidos eram meros exportadores de bens primários e os países desenvolvidos eram exportadores de bens industrializados – por uma nova divisão internacional do trabalho, que conta não mais com dois grupos, mas com três grupos de países: os desenvolvidos com industrialização de ponta; os emergentes com industrialização de baixa tecnologia e alguns setores de ponta; e os subdesenvolvidos de baixa industrialização.<br />
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<strong><span style="color: #000099;">Diferenças importantes entre dois modelos</span></strong><br />
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No entanto, apesar das muitas semelhanças entre os Novos Países Industrializados, existem diferenças significativas entre os modelos de desenvolvimento aplicados em cada região e em cada caso. Vejamos algumas situações.<br />
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Na América Latina, o modelo geral de desenvolvimento industrial ficou conhecido como substituição de importações, isso porque a orientação dos governos foi para a instalação de indústrias de bens de consumo e de indústrias de base que reduzissem ou eliminassem a necessidade de importação de bens industriais para abastecer o mercado interno. Os trabalhadores obtiveram conquistas de direitos trabalhistas de modo geral, como no Brasil de Vargas. No entanto, os investimentos em educação e qualificação profissional foram baixos ou insuficientes.<br />
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Já nos chamados “Tigres Asiáticos”, a industrialização se dá sob o modelo que ficou conhecido como “plataforma de exportação”, pois os governos orientaram a industrialização para o atendimento ao mercado externo. Os trabalhadores não receberam os mesmos tipos de proteção trabalhista que a América Latina conheceu, sendo submetidos à elevada exploração, com jornadas longas, em ambientes insalubres e vasto uso de trabalho infantil. Contudo, os investimentos em educação e qualificação profissional foram mais consistentes que os observados na América Latina, atraindo mais indústrias de produtos de tecnologia e alto valor agregado.<br />
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<strong><span style="color: #000099;">Alguns casos em destaque</span></strong><br />
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Entre os tigres asiáticos, a <strong><span style="color: #000099;">Coréia do Sul</span></strong> destaca-se por não ter recebido tantas indústrias estrangeiras e por ter vivido o desenvolvimento de grandes indústrias nacionais, verdadeiros conglomerados formados por diversas empresas pertencentes a um mesmo grupo e que atuam em diversos setores da economia. Esses conglomerados são chamados de <em>Chaebol</em>, entre os quais se incluem empresas transnacionais como Hyundai, LG, Samsung, Daewoo e Ssangyong.<br />
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A <strong><span style="color: #000099;">China</span></strong> também pertence ao grupo dos Novos Países Industrializados embora tenha vivido trajetória bem diferente. O país é comunista e viveu sob um regime (maoísta) economicamente fechado até o final dos anos 70. A abertura econômica do país e a criação das chamadas Zonas Econômicas Especiais, onde o Estado chinês permitiu a instalação de indústrias estrangeiras, atraiu centenas de companhias transnacionais interessadas em explorar as vantagens competitivas do território.<br />
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A China, que nos últimos 30 anos foi o país que mais cresceu economicamente e hoje é a segunda maior economia do planeta, atraiu investimentos oferecendo mão de obra extremamente barata, legislação autoritária que impede a atuação sindical, proximidade com os países do eixo pacífico-índico, matéria-prima abundante e um mercado consumidor crescente, que hoje conta com uma classe média composta por mais de 300 milhões de pessoas.<br />
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<strong><span style="color: #000099;">Taiwan</span></strong> forma-se em 1949, quando a revolução chinesa conduzida por Mao Tsé-Tung perseguiu e expulsou do país os membros e seguidores do grupo derrotado, o partido Kuomintang. Eles fugiram para a ilha de Formosa, onde declararam sua independência, que ainda não foi reconhecida pela China, que considera Taiwan uma província rebelde. Os Estados Unidos apoiaram o governo de Taiwan fazendo pesados investimentos como forma de evitar a expansão do socialismo chinês sobre a ilha. Hoje o país possui diversas indústrias atuando em vários setores de tecnologia.<br />
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<strong><span style="color: #000099;">Hong Kong</span></strong> é um território chinês que esteve sob o controle do Reino Unido a partir de 1842 . Os chineses perderam o controle sobre o arquipélago como resultado da derrota sofrida na guerra do ópio. Um acordo devolveu o território aos chineses em 1997. No entanto, ao longo da guerra fria, Hong Kong serviu aos interesses capitalistas como uma espécie de “<em>vitrine do capitalismo</em>”, ou seja, uma maneira de mostrar ao povo chinês como o capitalismo seria melhor que o socialismo, e com isso atraí-lo. Nesse contexto, Hong Kong recebeu pesados investimentos financeiros e hoje tem uma bolsa de valores muito importante. A China, sabendo que receberia de volta esse território, propagou o slogan: “<em>China: um país, dois sistemas</em>”, que pode-se traduzir por um sistema político comunista fechado e um sistema econômico capitalista relativamente aberto.<br />
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Também a partir dos anos 80, na esteira do desenvolvimento dos tigres asiáticos, outros países, que ficaram conhecidos como “<strong><span style="color: #000099;">Novos Tigres Asiáticos</span></strong>”, também passaram a receber investimentos estrangeiros e a reproduzir o mesmo modelo de desenvolvimento. Nesse grupo estão Malásia, Indonésia, Tailândia e Filipinas. Um pouco depois, despontou o desenvolvimento industrial do Vietnã, com características muito semelhantes aos “Novos Tigres”. Alguns autores classificam esse país como “<strong><span style="color: #000099;">Novíssimo Tigre Asiático</span></strong>”.<br />
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A <strong><span style="color: #000099;">Índia</span></strong> alcançou a independência apenas em 1947 e viveu um franco desenvolvimento industrial a partir dos anos 50, com controle sobre as importações e os investimentos estrangeiros. A parcela da população que desfruta das melhores condições sociais possui um grau de instrução médio bastante elevado que permitiu ao país o domínio de tecnologias tradicionais e o destaque no controle de vários setores de tecnologia sofisticada, notadamente nos setores de informática, eletrônica, energia nuclear, satélites artificiais e medicamentos.<br />
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Recebeu o domínio da língua inglesa como herança colonial, o que favoreceu a instalação de empresas de telemarketing interessadas no custo médio reduzido da mão de obra do país. A Índia conta ainda com um moderno setor financeiro, liberalizou as importações e os investimentos externos no início dos anos 90 e possui uma das melhores projeções de crescimento econômico para as próximas décadas.<br />
<div align="justify">
A <strong><span style="color: #000099;">Turquia</span></strong> desenvolveu-se industrialmente após a independência, em 1923, com forte atuação estatal, planejamento rigoroso e forte controle sobre o setor privado, o comércio exterior, e os investimentos externos diretos. A liberalização da economia do país ocorreu, como no caso de vários países, nos anos 80 e foi sucedida tanto de crescimento econômico quanto de crises financeiras nos anos 90 e 2000. O país têm forte indústria naval, setor automobilístico crescente e tem um forte setor petroquímico, constituindo um importante elo entre a Europa e as regiões do Oriente Médio e, agora, também com o Mar Cáspio, com a construção do oleoduto BTC.<br />
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A <strong><span style="color: #000099;">África do Sul</span></strong>, que é o país mais industrializado do continente africano, sofreu até o início dos anos 90 com sanções aplicadas contra o país por conta da vigência do regime de apartheid (segregação racial) que foi extinto em 1994. O governo pós-apartheid, de Nelson Mandela, herdou uma economia com graves problemas mas conseguiu controlar a inflação e atrair investimentos externos. O país é um exportador de produtos primários e depende muito da importação de maquinário e de bens industriais. Apesar disso, sua economia faz parte do grupo de países emergentes mais promissores conhecido com BRICS.<br />
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No <strong><span style="color: #000099;">México</span></strong>, a industrialização, dada no modelo de substituição de importações, foi marcada por investimentos privados e estatais. No entanto, o fato do país ser vizinho dos Estados Unidos influenciou muito sua industrialização. A maior parte das indústrias instaladas no país encontra-se na porção norte do território, perto da fronteira com os Estados Unidos. Para atrair mais investimentos estadunidenses, o México criou, junto à fronteira, uma zona franca que oferece inúmeros incentivos fiscais. Essa medida intensificou a instalação de indústrias intensivas em mão-de-obra conhecidas como “<em>maquilladoras</em>”, que são indústrias de montagem e finalização de produtos industriais, altamente empregadoras, que exploram a baixa remuneração dos trabalhadores mexicanos.<br />
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<strong><span style="color: #000099;">O prestígio dos países emergentes</span></strong><br />
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Os Novos Países Industrializados têm apresentado crescente prestígio político internacional, além do crescimento econômico invejável, que inclui a internacionalização da atuação de várias empresas nacionais, inclusive estatais. A maioria dos NPI’s compõe o G-20, que reúne os países de maior relevância econômica num palco de discussões onde são tomadas algumas das principais decisões sobre os rumos da economia global.<br />
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Esses países emergentes também participam de blocos econômicos e políticos formando mercados multilaterais regionalizados que intensificam sua atividade comercial de exportação e importação e as relações políticas e diplomáticas. Brasil é o principal membro do MERCOSUL; o México integra o NAFTA; a China, o tigres e os novos tigres asiáticos integram a APEC (Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico) e/ou a ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático); a Índia participa da SAARC (Associação Sul-Asiática para Cooperação Regional); e a África do Sul integra a UAAA (União Aduaneira da África Austral).<br />
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Outra evidência do atual prestígio desses países na nova ordem mundial é o fato deles estarem sediando alguns dos principais eventos esportivos internacionais, como a Copa do Mundo de 2002, sediada pela Coréia do Sul junto com o Japão; os jogos olímpicos de 2008, sediados pela China; a Copa do Mundo de 2010, sediada pela África do Sul; e o grande destaque do Brasil nessa década, quando receberá a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. </div>
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<script>!function(d,s,id){var js,fjs=d.getElementsByTagName(s)[0];if(!d.getElementById(id)){js=d.createElement(s);js.id=id;js.src="//platform.twitter.com/widgets.js";fjs.parentNode.insertBefore(js,fjs);}}(document,"script","twitter-wjs");</script>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-202620040716719126.post-76009625515851684942012-01-19T17:00:00.006-02:002012-01-31T20:41:22.648-02:00RECONSTRUÇÃO JAPONESA OU O “MILAGRE JAPONÊS”<div align="justify">O Japão, no auge do seu processo de expansionismo territorial, que começou ainda no final do século XIX, na Era Meiji, envolveu-se na segunda guerra mundial e sofreu uma derrota marcante, que culminou com os ataques nucleares a Hiroshima e Nagasaki, em agosto de 1945. O país ficou arrasado.<br /><br />Era razoável considerar que tamanha destruição condenaria o país ao subdesenvolvimento por muitas décadas. Mas não foi assim que aconteceu. Em menos de 30 anos o país já tinha a segunda maior economia do planeta. Como isso aconteceu? É o que pretendemos explicar aqui.<br /><br /></div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOyHRI6axsnHokzE8nF2XpX5irkuJgPxLdSFL3YTHPsFJ3Zb7wgu-x_K7QM9yp-q8UVaqn-cMu7a8V6hcgsCGZokbpBnCPukOGFeq4X2WnoTbbaPSPgvZvG0qxOGV-UGV6oYD1KuxkBpgu/s1600/Bandeira-Imperial-Japonesa-Worldfla-1.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 162px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5699775980059092210" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOyHRI6axsnHokzE8nF2XpX5irkuJgPxLdSFL3YTHPsFJ3Zb7wgu-x_K7QM9yp-q8UVaqn-cMu7a8V6hcgsCGZokbpBnCPukOGFeq4X2WnoTbbaPSPgvZvG0qxOGV-UGV6oYD1KuxkBpgu/s400/Bandeira-Imperial-Japonesa-Worldfla-1.jpg" /></a> <p align="center"><span style="font-size:85%;color:#000099;">Bandeira Imperial Japonesa</span></p><div align="justify"></div><div align="justify">A reconstrução japonesa, ou o “milagre japonês”, contou com o acerto de políticas públicas, com o empenho e empreendedorismo do setor produtivo e com uma decisiva participação da sociedade. Era preciso organizar as finanças – ganhar mais e gastar menos – organizar a produção no campo, na indústria e no comércio e pensar no futuro.<br /><br />Muitos fatores contribuíram relevantemente para a reconstrução do país destruído pela guerra. Apresentamos, na sequência, uma lista com os principais fatores, cada um acompanhado de uma breve explicação sobre sua importância para a realização do “milagre japonês”.<br /><br /><strong><span style="color:#000099;">Plano Colombo</span></strong><br /><br />Criado em 1951 como um grupo de ajuda econômica para o desenvolvimento social dos países do sul e sudeste da Ásia, foi através do <a href="http://www.colombo-plan.org/">Plano Colombo</a> que os japoneses receberam uma grande ajuda financeira dos Estados Unidos, que serviu aos trabalhos de reconstrução como a recuperação da infra-estrutura de energia, de transportes e de comunicações além da própria organização das finanças do Estado no pós-guerra. Os recursos eram menos volumosos que os destinados ao Plano Marshall, para reconstrução da Europa Ocidental, e foram contraídos e utilizados com cautela pois representavam um elevado endividamento para o país.<br /><br /><strong><span style="color:#000099;">Reforma agrária<br /></span></strong><br />Após a guerra, o Japão ficou sob ocupação militar dos Estados Unidos, comandada pelo General Douglas Mac Arthur. Era necessário organizar e estimular a produção de alimentos além de gerar trabalho e renda para a população que sobreviveu ao conflito. A terra teve a sua propriedade parcelada, seu acesso facilitado, e a política agrícola implantada estimulou a produção, especialmente na porção norte do país, na ilha de Hokkaido, a parte menos urbanizada do Japão. O processo de reforma agrária, ocorrido em 1946, foi conduzido ainda sob o comando do General Douglas Mac Arthur. Todavia, com a modernização das técnicas agrícolas, a população se urbanizava cada vez mais, reduzindo a população economicamente ativa no campo e ampliando sua participação na indústria.<br /><br /><strong><span style="color:#000099;">Reforma política democrática e liberalizante</span></strong><br /><br />Os americanos pretendiam conduzir uma reforma política que anulasse o expansionismo territorial japonês. Dessa reforma nasceu, em 1947, uma nova constituição que orientava a política nacional para rumos democráticos e liberais. Foi imposto o limite de 1% do PIB para gastos militares. A economia gerada pela redução dos gastos militares foi investida na área industrial.<br /><br /><strong><span style="color:#000099;">Medidas protecionistas</span></strong><br /><br />Os Zaibatsu, poderosos grupos industriais e financeiros que tinham capitalizado o militarismo expansionista, foram dissolvidos legalmente após a segunda guerra mundial. No entanto, eles ressurgiram com novas personalidades jurídicas e valeram-se da tradicional coesão entre o Estado, as grandes indústrias e os bancos para crescer novamente, cercados de estímulos e proteções do governo, que combatia a concorrência com indústrias estrangeiras na disputa pelo mercado consumidor interno do país.<br /><br /><strong><span style="color:#000099;">Sub-valorização cambial do iene</span></strong><br /><br />O Estado japonês desvalorizou, artificialmente, a sua moeda. Com essa medida ele tinha por objetivo forçar a obtenção de balanças comerciais favoráveis. Com o iene desvalorizado, os produtos japoneses tornam-se baratos fora do Japão e os produtos importados tornam-se caros dentro do Japão. Assim, o resultado é um alto volume de exportações e um baixo volume de importações, produzindo a balança comercial positiva. Como isso funciona?<br /><br />Comparemos o iene com o dólar. Se um iene for igual a um dólar, um produto americano de 100 dólares custará, no Japão, 100 ienes. Do mesmo modo, um produto japonês de 100 ienes custará, nos Estados Unidos, 100 dólares. Vamos, agora, desvalorizar o iene. Ele não pode, portanto, continuar valendo um dólar. Tem que valer menos. Vamos supor que um dólar seja igual a dez ienes. Repare que o iene se desvalorizou. Antes, com apenas um iene era possível comprar um dólar. Agora são necessários dez ienes. A moeda se desvalorizou dez vezes.<br /><br />Sendo assim, retomemos a comparação. Agora, aquele mesmo produto japonês que custava 100 ienes não custará 100 dólares mas apenas dez dólares. Ficou fácil exportar produtos do Japão para o mundo. Por outro lado, aquele mesmo produto que custava 100 dólares não custa mais apenas 100 ienes. Ele passou a custar 1000 ienes. Ficou muito mais caro! Por isso, ficou mais difícil importar produtos americanos no Japão. Exportando mais e importando menos, o Japão atingiu seu objetivo: formar uma balança comercial positiva e, com isso, a economia do país cresceu bastante.<br /><br /><strong><span style="color:#000099;">Estímulo à produção em massa</span></strong><br /><br />Com condições econômicas capazes de estimular a exportação de forma agressiva, o Japão estimulou a produção em massa a fim de ampliar os mercados alcançados por seus produtos e incrementar os ganhos das atividades de produção para exportação.<br /><br /><strong><span style="color:#000099;">Elevada poupança interna</span></strong><br /><br />O sistema previdenciário japonês enfrentava sérias dificuldades. Não era possível confiar nele. O acentuado déficit habitacional e a necessidade de economizar para arcar com os custos de moradia completam o quadro que estimulou a compressão do consumo e a elevação da poupança interna. Os investimentos financeiros da população na poupança eram convertidos pelos bancos em capitais para financiamento da inovação industrial nas empresas cujos bancos possuíam participação nas ações, ou seja, em seus ativos financeiros. A poupança do povo financiou a inovação.<br /><br /><strong><span style="color:#000099;">Investimentos em educação, ciência e tecnologia</span></strong><br /><br />Olhando para o futuro, os japoneses viam que um posicionamento superior na Divisão Internacional do Trabalho (DIT) dependia do grau de ciência e tecnologia aplicado aos seus produtos. Isso porque, na transição da segunda para a terceira revolução industrial, a inovação tecnológica torna-se ainda mais importante para as indústrias na busca competitiva pelos mercados. E para isso era necessário investir em educação para a formação de mão-de-obra qualificada, e em ciência e tecnologia, para estimular a inovação.<br /><br />Para isso, além do produto da poupança interna, conforme mencionamos acima, o Estado japonês investiu um significativo percentual do PIB do país nesses setores estratégicos. E o patronato japonês soube aproveitar a <a href="http://www.scielo.br/pdf/ea/v5n12/v5n12a11.pdf">competência tecnológica</a> de seus empregados. O resultado foi a transição do perfil do parque industrial de baixa tecnologia (têxtil, siderurgia, indústria naval) para um parque industrial de alta tecnologia (eletrônica de consumo, microeletrônica, informática e robótica) além da conquista de um mercado global por suas principais indústrias automobilísticas.<br /><br /><strong><span style="color:#000099;">Exploração dos trabalhadores</span></strong><br /><br />A sociedade japonesa participou, decisivamente, da reconstrução do país. O alto contingente disponível de mão-de-obra gerou salários baixos. Mas o nacionalismo e a ética confucionista, que no dizer de Rosana Pinheiro-Machado "<a href="http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-71832007000200007"><em>prima pelo trabalho árduo, poupança e perspicácia, família, harmonia e equilíbrio, frugalidade, autocontrole e a evitação de excessos</em></a>", e valoriza a disciplina e o respeito à hierarquia, somaram-se ao quadro de exploração do trabalhador. Os operários recebiam pouco, tinham jornadas longas sem descanso, eventualmente não recebiam seus salários ou pelas horas extras trabalhadas e ainda assim eram muito assíduos e produtivos. Não faziam greves, não protestavam. Seus sindicatos eram fracos e sem importância política. Entendiam que esse era um esforço necessário para a reconstrução soberana do país.<br /><br />Tiveram, durante muito tempo, em contrapartida, a garantia de emprego vitalício aos trabalhadores do sexo masculino até a aposentadoria, aos 55 anos. Esse direito foi instituído entre as duas grandes guerras e permitiu que os empregados não temessem inovar nos processos de trabalho e recebessem investimentos em sua qualificação por parte das empresas.<br /><br /><strong><span style="color:#000099;">Mercado interno fortalecido</span></strong><br /><br />Com o tempo, esse modelo de exploração se esgotou, na medida em que o país crescia e se fortalecia. O poder aquisitivo cresceu e o povo japonês torna-se voraz consumidor das inovações produzidas no país, estimulando a continuidade do crescimento econômico japonês.<br /><br /><strong><span style="color:#000099;">Toyotismo: um novo modelo industrial<br /></span></strong><br />É indispensável considerar que foi durante o processo da reconstrução japonesa que nasceu, como fruto da busca pela competitividade da produção industrial no Japão, o modelo toyotista de produção. Ele é marcado pela flexibilidade da produção; pelo rigoroso controle de qualidade sobre os produtos; pela busca da alta performance industrial (zero erro, prazo zero, zero enguiço etc.); pelo uso de trabalhadores qualificados e em menor quantitativo; pelo uso da robótica na produção para a automação de processos; pela produção sob demanda (“<em>just in time</em>”); pela polivalência dos operários com valorização do trabalho coletivo; e pela produção globalizada, ou seja, com etapas dispersas pelo mundo, com cada parte da produção implantada na área onde se encontram as maiores vantagens produtivas a cada etapa.<br /><br /><strong><span style="color:#000099;">Por que esse modelo não funciona em qualquer país?</span></strong><br /><br />O “milagre japonês” possui características muito próprias. Ele estabeleceu após uma guerra. Os trabalhadores, com garantia de emprego vitalício, se submeteram temporariamente a níveis muito elevados de exploração de forma resignada e disciplinada. Possuíam forte racionalidade e competência tecnológicas. E desenvolveram um novo sistema de produção com elevada capacidade competitiva.<br /><br />Ou seja, se o milagre é produto dessas e de outras condições que procuramos explicitar aqui, seria necessário aplicar todas essas condições em um outro país para que o “milagre japonês” pudesse ser reproduzido, o que seria praticamente impossível de se realizar.<br /><br />Esse é o exemplo do Japão: organizar a economia e a produção com alguma ajuda estrangeira; reestruturar a política interna e externa; investir em educação, ciência e tecnologia; criar um novo modelo de produção; tudo isso contando com os valores nacionalistas, a disciplina, o respeito à hierarquia, a qualificação profissional e a competência tecnológica de sua população, foram passos decisivos para a recuperação do país.<br /><br />Pois foi essencialmente com essas características que o Japão deixou a condição de país arrasado pela guerra e pelos ataques nucleares para se consolidar, em pouquíssimo tempo, como uma das maiores economias do mundo e uma das principais potências tecnológicas do planeta.<br /><br /><a href="https://twitter.com/share" class="twitter-share-button" data-via="diegomoreirageo" data-lang="pt" data-size="large">Tweetar</a><br /><script>!function(d,s,id){var js,fjs=d.getElementsByTagName(s)[0];if(!d.getElementById(id)){js=d.createElement(s);js.id=id;js.src="//platform.twitter.com/widgets.js";fjs.parentNode.insertBefore(js,fjs);}}(document,"script","twitter-wjs");</script><br /><p></p></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-202620040716719126.post-614369543935128532012-01-12T22:00:00.001-02:002012-01-14T17:18:35.942-02:00GENTRIFICAÇÃO: CONCEITO E O EXEMPLO DA "NOVA LUZ"<div align="justify">Os estudos sobre "<em>gentrification</em>", termo acadêmico usualmente traduzido para o português como "gentrificação", já têm quase 50 anos e não são mais tratados exatamente como uma novidade. No entanto a quantidade de exemplos desse processo cresceu rapidamente nos últimos anos despertando maior atenção para o fenômeno e demandando uma maior difusão dos elementos quen compõem esse processo.<br /><br />A gentrificação é, essencialmente, um processo de enobrecimento do espaço urbano a partir da renovação dos elementos que compõem o espaço tais como construções, parques, praças, comércio, equipamentos de diversão, cultura, arte etc. Ocorre, geralmente, nas áreas centrais das cidades que apresentam maior grau de degradação dessa parcela do espaço urbano, tendo, consequentemente, construções abandonadas, invasões, cortiços etc. aglomerando população de baixa renda.<br /><br />Normalmente os projetos urbanos que conduzem à gentrificação são apresentados como projetos de "revitalização". O termo sugere a falta de "vida" própria nos lugares renovados explicando, assim, por quê tal projeto seria indispensável ao espaço, atribuindo-lhe uma dimensão positiva.<br /><br />De fato, renovar o espaço, melhorando, ampliando e modernizando suas infraestruturas, será sempre muito bom para as pessoas que vivem nesse espaço, desde que, para que as melhorias acontençam, elas não tenham que ser removidas de lá, ou que percam condições de seguir se sustentando naquela localidade em função do aumento dos custos de vida após as reformas.<br /><br />No entanto, inevitavelmente é isso que acontece nos processos de gentrificação: se os moradores tradicionais não são removidos pela arbitrariedade do poder público, acabam saindo ao longo desse processo pela força do capital imobiliário e sua especulação que eleva os preços dos aluguéis e da aquisição de moradias.<br /><br />No início de 2011 tive a oportunidade de falar um pouco sobre esse tema para os vestibulandos que consultam o site g1.com.br e alertar sobre a difusão desse conceito e a possibilidade de ele ser cobrado nos vestibulares. No final do ano a <a href="http://www.puc-rio.br/vestibular/repositorio/provas/2012/download/provas/vestibular2012_grupo3_prova_dia0611.pdf">PUC-Rio cobrou o tema</a> (veja o link) em uma de suas provas específicas de Geografia. Você pode assistir a essa mini-aula <a href="http://g1.globo.com/videos/vestibular-e-educacao/t/disciplinas/v/geografia-processo-de-gentrificacao/1463086/?filtro=geografia">aqui, no site do g1</a>, ou <a href="http://www.youtube.com/watch?v=P6-WplNVkKE">aqui, no YouTube</a>.<br /><br />Citei, na aula, Rio de Janeiro e São Paulo como principais cidades brasileiras onde o processo é obsevado. Disse ainda, que, no Rio, a principal região é a Lapa e, em São Paulo, o processo é mais evidente no entorno da Praça da Sé. Aproveito esta oportunidade para completar esse quadro de gentrificação nas duas maiores cidades brasileiras.<br /><br />No Rio de Janeiro, uma outra área que vive a gentrificação é a Zona Portuária, onde a prefeitura da cidade executa um projeto chamado "<a href="http://www.portomaravilha.com.br/">Porto Maravilha</a>". Baseia-se, exatamente, na demolição de algumas construções antigas, reordenamento das vias de circulação (com destaque para a demolição do elevado da perimetral), e na abertura de espaços para novas construções, sendo que alguns terrenos tiveram seus gabaritos ampliados para permitir construções de até 50 andares.<br /><br />Já em São Paulo, o projeto de "revitalização" indutor da gentrificação é o "<a href="http://www.novaluzsp.com.br/">Nova Luz</a>". Nesse projeto, 33% da área construída será completamente demolida, processo que já começou e deve avançar nos próximos anos. O bairro da Luz, que abriga um elevado número de pessoas de baixa renda, ganhou o apelido de "cracolândia", em função da presença de usuários de crack pelas ruas do bairro.<br /><br />Tanto o fenômeno em si (a presença de viciados) quanto a difusão na mídia do apelido pejorativo ajudam a desvalorizar ainda mais o bairro atendendo aos interreses do capital imobiliário que pretende se apropriar dos terrenos a preços baixos, e negociá-los, após a renovação, a preços elevados.<br /><br />É natural que zonas centrias sejam atrativas para a classe média que pretende morar perto do trabalho, especialmente em cidades congestionadas. No Rio, um condomínio lançado na Lapa, em 2005, vendeu todas as suas 688 unidades em 2 horas, valendo-se de sua presença no centro e da tradição do espírito boêmio do bairro.<br /><br />Processo muito semelhante deve acontecer na Nova Luz. Dos prédios degradados, das ocupações irregulares e dos cortiços, devem sair milhares de pessoas que serão conduzidas a tentar moradia nas periferias distantes da cidade ou ao desabrigo. Elas não terão condições de continuar participando da vida no novo bairro que vai surgir, por sua condição social.<br /><br />Uma alternativa para isso é a efetivação das chamadas ZEIS, Zonas Especiais de Interesse Social, que, <em>são áreas de assentamentos habitacionais de população de baixa renda, surgidos espontaneamente, existentes, consolidados ou propostos pelo Poder Público, onde haja possibilidade de urbanização e regularização fundiária</em>, de acordo com a definicão dada pela prefeitura de Recife, <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Zonas_Especiais_de_Interesse_Social">cidade pioneira na proposição dessas zonas</a> (ver link).</div><br /><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">Previstas como intrumento de política urbana no Estatuto da Cidade, de 2001, essas zonas garantem que os projetos de modernização e "revitalização" incluam a construção de moradias populares. Desse modo, a população pobre não seria completamente apartada do convívio no lugar.<br /><br />Uma excelente abordagem sobre o caso do projeto Nova Luz você pode ver no vídeo a seguir.<br /></div><br /><br /><p align="center"><iframe height="225" src="http://player.vimeo.com/video/32513151?title=0&byline=0&portrait=0" frameborder="0" width="400"></iframe></p><br /><br /><p align="justify"><a href="http://vimeo.com/32513151">LUZ</a> from <a href="http://vimeo.com/lefthandrotation">Left Hand Rotation</a> on <a href="http://vimeo.com/">Vimeo</a>.</p><br /><div align="justify"></div><p align="justify">P.S.: Uma tese interessante sobre a Gentrificação em cidades históricas menores, escrita pelo Mestre em arquitetura Gustavo Pimenta de Pádua Zolini, pode ser encontrada <a href="http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/1843/RAAO-7BQPVN/1/a_inflexao_do_conceito.pdf">aqui. Clique para ver!</a> </p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-202620040716719126.post-25772026985569785412011-08-21T19:45:00.005-03:002011-08-21T22:14:07.013-03:00"ENTRE RIOS" - DOCUMENTÁRIO SOBRE EXPANSÃO URBANA DA CIDADE DE SÃO PAULO<div align="justify">Quais são os limites da intervenção humana sobre o espaço? O crescimento das cidades deve ser planejado a serviço de quem? Quais as razões para a adoção do rodoviarismo individualista como nosso modelo essencial de transporte nas metrópoles?
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<br />É possível produzir um desenvolvimento urbano pautado nos preceitos da sustentabilidade, desenvolvendo a vida econômica e social garantindo o respeito ao meio ambiente?
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<br />O documentário "<span style="color:#3333ff;"><strong>Entre Rios</strong></span>", de 2009, produzido como trabalho de conclusão do curso de bacharelado em audiovisual do Senac São Paulo, dirigido por Caio Silva Ferraz, aborda algumas dessas questões tomando como foco a expansão urbana da cidade de São Paulo.
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<br />O filme explica como a elite paulistana buscou transformar a cidade em uma metrópole europeia ou ainda numa espécie de "Chicago da América do Sul", alterando os cursos dos seus rios, desmatando suas várzeas, aterrando, loteando e vendendo as áreas de suas margens dando vez à especulação imobiliária.
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<br />"<em><span style="color:#3333ff;">A urbanização de São Paulo foi uma coisa tão violenta que ocupou o lugar do rio. Então, enchente é coisa que nós inventamos. Ela é produto da Urbanização</span></em>", disse a professora Odete Seabra, do departamento de Geografia da FFLCH-USP.
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<br />"Entre Rios" ressalta o fato da urbanização ter priorizado a abertura de espaços para consolidação do automóvel de passeio como modelo de transporte às custas da precariedade dos transportes de massa, num evidente processo de modernização conservadora em oposição à uma modernização progressista.
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<br />E apresenta importantes depoimentos de especialistas nas áreas relacionadas ao tema da urbanização, além da já citada Professora Odete Seabra, como Professor Nestor Goulart Reis, do Departamento de História da Arquitetura da FAU-USP; Professor Alexandre Delijaicov, do Departamento de Projeto da FAU-USP; Professor Marco Antônio Sávio, do Departamento de História da UFU; e Professor Mario Thadeu de Barros, do Departamento de Hidráulica da POLI-USP.
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<br />O filme, com cerca de 25 minutos, é uma bela aula de Geografia Urbana! Aproveite!
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<br /><iframe height="225" src="http://player.vimeo.com/video/14770270?title=0&byline=0&portrait=0" frameborder="0" width="400"></iframe></div>
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<br /><p><a href="http://vimeo.com/14770270">ENTRE RIOS</a> from <a href="http://vimeo.com/user2460823">Caio Ferraz</a> on <a href="http://vimeo.com/">Vimeo</a>.</p>Unknownnoreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-202620040716719126.post-58270498228305276772011-08-17T19:00:00.006-03:002011-08-17T20:49:33.757-03:00A DOUTRINA MONROE E O DESTINO MANIFESTO<div align="justify">Os Estados Unidos da América possuem a quarta maior extensão territorial do planeta e o processo de formação do seu território, marcado por uma imensa expansão de sua área, ocorreu sob os fundamentos teóricos e ideológicos da Doutrina Monroe e do "Destino Manifesto".
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<br />O país que proclamou a independência em 1776 tinha apenas 13 estados, as até então chamadas 13 colônias que haviam se insurgido contra o domínio inglês. Atualmente são 50 estados ocupando área quase dez vezes maior que a inicial.
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<br />A expansão projetada desde os tempos da colonização ganhou força com a independência. O Tratado de Paris, de 1783, definiu as fronteiras dos Estados Unidos reconhecidas pela ex-metrópole, o Reino Unido, incluindo as áreas ao sul dos Grandes Lagos, entre os rios Mississipi e Ohio. Dali partiria a "<a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Marcha_para_o_Oeste_(EUA)"><strong><span style="color:#3333ff;">Marcha para o Oeste</span></strong></a>" para consolidar as fronteiras atuais.
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<br />No início do século 19, Napoleão exige o território da Lousiana, que pertencia à Espanha e incluía o porto de Nova Orleans, fundamental para o livre-comércio dos Estados Unidos. Com receio do expansionismo napoleônico, os americanos pagam-lhe 15 milhões de dólares pelas terras e dobram seu território num acordo em 1803.
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<br />Vinte anos depois, o então presidente dos Estados Unidos, <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/James_Monroe"><strong><span style="color:#3333ff;">James Monroe</span></strong></a>, num discurso histórico em que projeta a hegemonia geopolítica dos Estados Unidos no continente americano, profere a sentença clássica: "<em>América para os americanos</em>". O recado foi claro e direto para as potências europeias:
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<br />"<em><span style="color:#3333ff;">Julgamos propícia esta ocasião para afirmar, como um princípio que afeta os direitos e interesses dos Estados Unidos, que os continentes americanos, em virtude da condição livre e independente que adquiriram e conservam, não podem mais ser considerados, no futuro, como suscetíveis de colonização por nenhuma potência européia [...]</span></em>"
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<br />A América se descolonizava naquele início de século 19. Revolução Haitiana (1791-1804); Independência da Argentina (1810-1816); Independência do México (1810-1821); Independência do Brasil (1822). A Doutrina Monroe define a descolnização da América como processo irreversível e, claro, justificaria a expansão territorial através de aquisições ou guerras de territórios controlados por europeus na América.
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<br /></div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGEMIXydoM8aALJuxk1AcIZ5wyJ109UOFT7E3IeA9Mb3wv7yhYgrBNIGdz46XyRTiHSjzeSV1HLYl8nwjYOGqsUVoQVjg5Ekt2P2XUBi7oCfSbvcXcYsS367uu8Fgm3Qz-gigj8tmExxni/s1600/477px-James_Monroe_02.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 318px; DISPLAY: block; HEIGHT: 400px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5641944704880965218" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGEMIXydoM8aALJuxk1AcIZ5wyJ109UOFT7E3IeA9Mb3wv7yhYgrBNIGdz46XyRTiHSjzeSV1HLYl8nwjYOGqsUVoQVjg5Ekt2P2XUBi7oCfSbvcXcYsS367uu8Fgm3Qz-gigj8tmExxni/s400/477px-James_Monroe_02.jpg" /></a><p align="center"><span style="font-size:85%;color:#3333ff;"><strong>James Monroe</strong></span>
<br /><p align="justify">Se a América era para os americanos, não haveria razão para que europeus mantivessem posses territoriais no novo mundo. Assim, os americanos ainda buscariam controlar os territórios do Oregon e do Alasca, ampliando ainda mais a abrangência do seu território.
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<br />A ocupação das terras conquistadas foi estimulada e viabilizada por imensas correntes migratórias. A descberta de ouro na região da califórnia em 1848 - território anexado do México após guerra com a assinatura do <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Guadalupe_Hidalgo"><strong><span style="color:#3333ff;">Tratado de Guadalupe Hidalgo</span></strong></a> - atraiu milhares de pessoas para a Costa Oeste do país.
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<br />Outro grande evento que atraiu pessoas foi o <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Homestead_act"><strong><span style="color:#3333ff;">Homestead Act</span></strong></a> (Lei de Propriedade Rural - 1862). A Lei garantia a propriedade de terras de 130 acres de extensão para quem nelas se fixassem e produzissem ininterruptamente por cinco anos.
<br />
<br />Feita em meio à <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_de_Secess%C3%A3o"><strong><span style="color:#3333ff;">Guerra de Secessão</span></strong></a> (1861-1865), a Lei excluía desse direito os que já tivessem empenhado armas contra o governo dos Estados Unidos e garantia o acesso à terra apenas àqueles que fossem qualificados como "cidadãos desejáveis", o que incluía majoritariamente pessoas do perfil "WASP", ou seja, brancos, anglo-saxônicos e protestantes.
<br />
<br />No entanto, todo esse processo de expansão territorial e colonização foi revestido de um certo caráter missionário através da ideologia do <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Destino_Manifesto"><strong><span style="color:#3333ff;">Destino Manifesto</span></strong></a>. A ideia central consiste na "predestinação divina". Segundo a concepção do Destino Manifesto, Deus desejava que os norteamericanos dominassesm as terras da América do Norte.
<br />
<br /></p><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAlo1mlmIYJQmOylkCng1wfmrmyxHXqan57Wz-kbBWq1NN_TwdEPKge7z2sa01sshPVUvzRfeVp5A3UUzngyf4hN1wU-7mb3AnPylDNZ327YEyYrxMzmUQpY0vhyphenhyphenT6jIjZfEiUnD5oMWrI/s1600/788px-American_progress.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; DISPLAY: block; HEIGHT: 304px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5641944971551217730" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAlo1mlmIYJQmOylkCng1wfmrmyxHXqan57Wz-kbBWq1NN_TwdEPKge7z2sa01sshPVUvzRfeVp5A3UUzngyf4hN1wU-7mb3AnPylDNZ327YEyYrxMzmUQpY0vhyphenhyphenT6jIjZfEiUnD5oMWrI/s400/788px-American_progress.jpg" /></a><p align="center"><span style="font-size:85%;color:#3333ff;"><strong>Progresso Americano, de John Gast. Alegoria do Destino Manifesto.</strong></span>
<br /><p align="justify">Essa concepção foi largamente utilizada na prpaganda expansionista americana nos anos 40 do século 19. A expressão "Destino Manifesto", cunhada pelo jornalista John O'Sullivan, foi usada pela primeira vez em 1844 como argumento para que o congresso estadunidense aceitasse a propsta de anexação da República do Texas e depois em 1845 na defesa da anexação completa das terras do Oregon.
<br />
<br />Do ponto de vista territorial, o Destino Manifesto apoiou-se na Doutrina de Naturalização das Fronteiras que definia limites naturais para a posse do território. Desse modo, legitimou-se a ideia de que as terras ocupadas deveriam estender-se de um oceano ao outro, do Atlântico ao Pacífico, ou seja, os limites seriam naturais.
<br />
<br />Entende-se esse processo como "naturalização" das fronteiras quando partimos do pressuposto que as fronteiras são sempre artificiais, pois são construções humanas. Mas podem ser naturalizadas quando usam elementos naturais tais como oceanos, rios, linhas de cristas etc. como marcos naturais de fronteiras.
<br />
<br />O crescimento populacional acelerado da época, potencializado pela intensa entrada de imigrantes, somou-se ao argumento da predestinação divina na defesa do expansionismo. O'Sullivan argumentou assim:
<br />
<br />"<em><span style="color:#3333ff;">Nosso destino manifesto atribuído pela Providência Divina para cobrir o continente para o livre desenvolvimento de nossa raça que se multiplica aos milhões anualmente.</span></em>"
<br />
<br />É notável a presença da noção de raça nos ideais expansionistas. Isso porque o Destino Manifesto é acompanhado do sentimento de superioridade racial. A expansão dos domínios territorias enfrentou a oposição dos nativos indígenas que sofreram com o extermínio praticado pelos norteamericanos. Cada vitória contra um povo indígena inflava ainda mais o sentimento de superioridade racial.
<br />
<br />O Destino Manifesto teve ainda influência sobre o pensamento do geógrafo alemão <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Ratzel"><strong><span style="color:#3333ff;">Friedrich Ratzel</span></strong></a> e uma de suas principais teorias, a do "Espaço Vital". Ratzel impressionu-se bastante com os resultados da propaganda do Destino Manifesto e sua teoria foi, no século 20, reinterpretada e distorcida por nazistas para sustentar o expansionismo alemão com base na noção de superioridade racial ariana.
<br />
<br />A Doutrina Monroe e o Destino Manifesto ainda serviram de instrumentos idelógicos para justificar o expansionismo sobre territórios espanhóis como Cuba e Porto Rico e para a anexação do Havaí. O lema "América para os americanos" influenciou ainda na política do Big Stick, nos vultuosos investimentos em indústrias e terras na América Latina, e na busca da presença cultural através do cinema.
<br />
<br />Golpes militares durante a Guerra Fria são reflexos da tentativa de garantir o espaço latinoamericano como área de influência direta no contexto bipolar do conflito geopolítico contra a União Soviética. O uso das engrenagens do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial para fins de recuperação econômica ds países latinamericanos em crise e o <a href="http://conceitosetemas.blogspot.com/2009/03/consenso-de-washington-bases-e.html">Consenso de Washington</a> também são manifestações recentes dessa política.
<br />
<br />O crescimento de econonomias emergentes como o Brasil e o México nesse espaço latinoamericano e a aproximação da América do Sul com a China e a Europa são vistos como desafios à manutenção dessa ordem de vínculos que a Doutrina Monroe construiu e se esmerou para preservar.</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-202620040716719126.post-36812583844043311642011-08-13T12:30:00.002-03:002011-08-13T12:38:33.191-03:00O VENENO ESTÁ NA MESA<div align="justify">O filme do diretor <strong><span style="color:#3333ff;">Silvio Tendler</span></strong> devassa um ponto crucial e dramático da produção de alimentos no Brasil: o uso intensivo de agrotóxicos para fins de aumento da produtividade agrícola. Esses defensivos agrícolas (na verdade, ofensivos agrícolas), herbicídas, são venenos chegam às mesas dos brasileiros e de todos que consomem nossos produtos exportados.
<br />
<br />E por trás dessa violência que atenta contra a dignidade da pessoa humana estão as engrenagens do sistema capitalista preocupado em produzir mais gastando menos e evitando perdas para maximizar os lucros da atividade.
<br />
<br />Veja o filme clicando <a href="http://www.youtube.com/watch?v=KxY8Vxzfb-4&feature=related"><strong><span style="color:#3333ff;">neste link</span></strong></a> e conheça mais sobre os meandros dessa questão.</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-202620040716719126.post-8668075004708399722011-08-09T07:00:00.002-03:002012-02-09T10:03:54.301-02:00O MUNDO SEGUNDO A MONSANTO<div align="justify">A maior corporação entre as dedicadas à produção de trangênicos e insumos para a agropecuária não tem uma relação saudável com as pessoas, o meio ambiente, os animais e com a verdade.<br /><br />Com 90% do mercado mundial, A Monsanto, indústria química e de engenharia genética estadunidense, é denunciada no filme de Marie-Monique Robin por praticar absurdos como:<br /><br />Propaganda enganosa sobre a biodegradabilidade de produtos; exploração de tráfico de influência no alto-escalão do governo americano; despejo de resíduos químicos letais em áreas habitadas e nos ecossistemas de suas plantas industriais; entre outras atrocidades.<br /><br />A melhor forma de entender como tudo isso é feito pela Monsanto é ver o filme "O Mundo Segundo a Monsanto", que você pode ver agora.<br /><br /><iframe height="349" src="http://www.youtube.com/embed/gkQN5gopWSU" frameborder="0" width="425"></iframe></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-202620040716719126.post-84775167611264462232011-08-06T08:00:00.002-03:002011-08-06T09:53:45.797-03:00MECANISMOS DA GUERRA CAMBIAL E A CILADA DO EURO<div align="justify"><strong><span style="color:#3333ff;">Mecanismos da Guerra Cambial</span></strong><br /><br />Uma das principais formas de se garantir o crescimento de uma economia e a manutenção de suas finanças em níveis saudáveis é ganhar mais e gastar menos, uma receita muito popular. Contudo existem diversas maneiras de produzir esse efeito, entre as quais destaco as seguintes:<br /><br />- Arrecadar mais impostos e reduzir despesas internas.<br />- Exportar mais e importar menos.<br /><br />Quanto ao primeiro grupo de medidas, fica evidente que a parte mais prejudicada nesse tipo de ajuste é a população, que pagará impostos mais altos e verá seu governo reduzir os gastos com educação, saúde, habitação, transportes e outros setores importantes para a sociedade.<br /><br />O segundo grupo de medidas encontra obstáculos diferentes afinal não se muda o padrão de exportações e importações da noite para o dia.<br /><br />Para exportar mais é preciso gerar um ambiente propício à exportação e isso depende de infraestrutura de transporte, de armazenagem de produtos e de comunicações. Depende também da carga tributária, dos custos espaciais (aluguel ou compra de terrenos, preservação ambiental etc.) e dos custos de mão-de-obra.<br /><br /></div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgF9m9IliuPqMwMwsGo8GcDveBxHhnV01McEmdO7vWvRQ0obprVlXgiBaIylreGzM-ZozIYubXqF_DvJu_KIWFKZhXRg83X79h80HrPFa12QFcqacTRlXSd9J0U7D2A8dyY47RnepMFKRkM/s1600/untitled.bmp"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; DISPLAY: block; HEIGHT: 267px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5636711211299901842" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgF9m9IliuPqMwMwsGo8GcDveBxHhnV01McEmdO7vWvRQ0obprVlXgiBaIylreGzM-ZozIYubXqF_DvJu_KIWFKZhXRg83X79h80HrPFa12QFcqacTRlXSd9J0U7D2A8dyY47RnepMFKRkM/s400/untitled.bmp" /> <br />Fonte: http://migre.me/5pQw2<br /><br /><p align="justify"></a>Essas condições não são criadas em pouco tempo mas às custas de investimentos de longo prazo ou de pressões sobre os trabalhadores, que veem sua legislação flexibilizada e seus sindicatos incapazes de defendê-los, e sobre o meio ambiente, quase sempre prejudicado sem proteção ou reparação de danos.<br /><br />Reduzir as importações seria uma opção mais rápida com a possibilidade de se realizarem bloqueios às importações por decreto. No entanto, essa prática foge aos princípios que regulam o mercado internacional atual, configurando forte protecionismo, podendo, inclusive, ser impedida aos membros da Organização Mundial do Comércio através de sanções do organismo.<br /><br />Nesse contexto, a subvalorização cambial, ou seja, a desvalorização da moeda, se apresenta como um mecanismo que cria artificialmente as condições para elevar as exportações e reduzir as importações. Para entender como isso é possível, tomaremos dois cenários de comparação entre o Real (moeda brasileira) e o Dólar (moeda estadunidense).<br /><br />Cenário 1: Um dólar equivale a 2 reais, ou seja, o real está valorizado.<br /><br />Cenário 2: Um dólar equivale a 4 reais, ou seja, o real está desvalorizado.<br /><br />Observe que o Brasil já viveu essas duas situações em momentos diferentes nos últimos 10 anos. E tomemos, primeiramente, o ponto de vista de um exportador brasileiro.<br /><br />Se o produto de um exportador brasileiro tem custo final de 20 mil reais, no cenário 1, sua produção vale 10 mil dólares. Já no cenário 2, sua produção valeria apenas 5 mil dólares, ou seja, um valor menor e muito mais competitivo. Conclusão: a moeda desvalorizada facilita as exportações.<br /><br />Tomemos, agora, o ponto de vista de um importador brasileiro. Se o produto importado custa 20 mil dólares, no cenário 1 ele custaria 40 mil reais. Já no cenário 2, com real desvalorizado, o mesmo produto custaria 80 mil reais, ou seja, um preço bem menos competitivo. Conclusão: a moeda desvalorizada dificulta a importação.<br /><br />Diante da crise financeira que se arrasta desde 2008, a China, os Estados Unidos e alguns países europeus de fora da Zona do Euro adotaram mecanismos que criam e recriam a subvalrização cambial de suas respectivas moedas. O objetivo desses países é claro: elevar a balança comercial ganhando mercados e reduzindo importações.<br /><br /></p><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnVUDLozJUbXHKQ_hwHt6v3YjvZNaXIOfW4QpMdAyOTrSMHT6wQuJH0hNi9lNaNAjFqrKKJF06wE5_soh6A1yqahafgkT8odi5kL9Z0F5IyJ7bvSBMx-QKRvM_hHgxrw-aIpQOszvYVzzO/s1600/economist_16102010_1.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 304px; DISPLAY: block; HEIGHT: 400px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5636707440865823170" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnVUDLozJUbXHKQ_hwHt6v3YjvZNaXIOfW4QpMdAyOTrSMHT6wQuJH0hNi9lNaNAjFqrKKJF06wE5_soh6A1yqahafgkT8odi5kL9Z0F5IyJ7bvSBMx-QKRvM_hHgxrw-aIpQOszvYVzzO/s400/economist_16102010_1.jpg" /> <br />Fonte: http://migre.me/5pQ7Q<br /><p align="justify"></a>O governo brasileiro já acusou diversas vezes esses países de praticarem uma "<a href="http://oglobo.globo.com/economia/mat/2010/11/09/entenda-que-guerra-cambial-922989259.asp"><span style="color:#3333ff;">Guerra Cambial</span></a>", que afeta diretamente a economia brasileira, especialmente os seus setores exportadres. Esse ambiente "<em><span style="color:#3333ff;">corrosivo</span></em>" (ver link de "Guerra Cambial") levou o governo brasileiro a lançar uma política industrial apresentada como uma "cruzada" contra o ambiente comercial predatório.<br /><br />Segundo <a href="http://g1.globo.com/mundo/noticia/2011/08/dilma-ve-cruzada-da-industria-ante-comercio-predatorio-4.html"><span style="color:#3333ff;">matéria publicada no G1</span></a>, a política industrial lançada pelo governo "<em><span style="color:#3333ff;">inclui a devolução de impostos e financiamento a exportadores, desoneração de folha de pagamento para setores intensivos em mão de obra e uma política tributária especial para montadoras. O programa é anunciado num momento em que vários países desvalorizam suas moedas na ânsia por aumentar sua competitividade em uma economia enfraquecida, sobretudo nos países mais ricos</span></em>".<br /><br />Cabe ressaltar que em economias e em setores muito dependentes da importação, a subvalorização cambial pode ser desastrosa ao encarecer produtos essenciais como alimentos ou medicamentos importados, por exemplo, ou restringir a importação de maquinário industrial determinando desaceleração da produção industrial e desemprego, consequentemente.<br /><br /><br /><strong><span style="color:#3333ff;">A Cilada do Euro</span></strong><br /><br />O mecanismo da subvalrização cambial não está à disposição dos países que compõem a Zona do Euro. Como a moeda é comunitária, não cabe a um país ou outro resolver suas crises financeiras internas manipulando o valor do Euro. Quem controla a moeda comum da União Europeia é o Banco Central Europeu, em Frankfurt.<br /><br />Nesse caso as alternativas que tem se apresentado aos países em crise como a Grécia, a Irlanda, a Espanha, a Itália e Portugal tem sido:<br /><br />1 - recorrer à ajuda interna de outros membros do bloco com economias mais sólidas, como a Alemanha, a França e o Reino Unido. Uma situação que cria a desconfortável sensação para alemães franceses e britânico de estarem "sustentando" economias pobres.<br /><br />2 - Recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI) que foi criado justamente para oferecer créditos de curto prazo para fins de recuperação econômica.<br /><br /></p><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjyik_VM9aGx1iQw8-pozzwUtigCB1JWpTIRzE-116aQoukgXhxwMRfFhFGYY2Tf1N02U64VcFdiQa4raY6dY1nP5MbaFSw5eqCKihOwFof4hh-sEZHhx0mCtPzww_2Wl43PujXOgwwY4W/s1600/protestos_grecia_afp_02.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 322px; DISPLAY: block; HEIGHT: 210px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5636708793507510674" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjyik_VM9aGx1iQw8-pozzwUtigCB1JWpTIRzE-116aQoukgXhxwMRfFhFGYY2Tf1N02U64VcFdiQa4raY6dY1nP5MbaFSw5eqCKihOwFof4hh-sEZHhx0mCtPzww_2Wl43PujXOgwwY4W/s400/protestos_grecia_afp_02.jpg" /> <br />Fonte: http://migre.me/5pQhH<br /><br /><p align="justify"></a>No entanto, a receita tradicional do FMI baseia-se na aplicação do primeiro grupo de medidas que mencionamos aqui, ou seja, aumentar impostos e cortar gastos. As populações desses países já sabem que vão viver em recessão por muito tempo com efeitos sociais muito fortes. Desemprego, dificuldade de acesso à educação, saúde, moradia estão entre os principais problemas a serem o enfrentados por eles.<br /><br />Não é em vão que estão nas ruas a protestar.</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-202620040716719126.post-32445910231440189082011-08-03T10:30:00.005-03:002011-08-03T14:06:45.285-03:00A CRISE ECONÔMICA DOS ESTADOS UNIDOS<div align="justify">A situação econômica dos Estados Unidos inspira muitos cuidados. Como desdobramento da crise financeira que se arrasta desde 2008, quando bancos quebraram, empresas de grande porte faliram ou tiveram sua falência evitada pelo governo, a dívida que o país ostenta atingiu seu limite.<br /><br />A solução imediata proposta pelo governo de Barack Obama para evitar o default, ou seja, o calote aos seus credores, foi aumentar o teto do endividamento do governo de 14,3 trilhões de dólares para até 16,7 trilhões. Contrair mais empréstimos para pagar no futuro as dívidas que estão vencendo agora.<br /><br /></div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3XiXBgzd6j4eecHhR0frNmn6DFgaNkxL0CsVTBqqPD16WWVrMlXaQGmf_RK-9vm-ifSuXySkTk8hl8EtsEcogR9Jpk_EEQMKjxRo5I1ecqXrJsghIYxix_G4gBWhnVf4e_eeooKs-Kyal/s1600/Tio-Sam-crisis-Usa2.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; DISPLAY: block; HEIGHT: 159px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5636621162076085970" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3XiXBgzd6j4eecHhR0frNmn6DFgaNkxL0CsVTBqqPD16WWVrMlXaQGmf_RK-9vm-ifSuXySkTk8hl8EtsEcogR9Jpk_EEQMKjxRo5I1ecqXrJsghIYxix_G4gBWhnVf4e_eeooKs-Kyal/s400/Tio-Sam-crisis-Usa2.jpg" /> <p align="center"><a href="http://blogs.lavozdegalicia.es/pintochinto/2011/08/02/02082011-3/">Pinto&Chinto. La Voz de Galícia. 02/08/2011</a> </p></a> <p align="justify"><br />Mas a oposição republicana fez desse processo o seu momento político. Impôs a Obama o compromisso de redução dos gastos domésticos em aproximadamente 1 trilhão de dólares e, numa batalha de nervos, fez com que esse aumento do teto da dívida fosse aprovado somente no último dia antes do calote.<br /><br />Certamente a situação atingiu esse limite pois "<em><a href="http://g1.globo.com/economia/noticia/2011/08/agencia-de-rating-chinesa-rebaixa-nota-dos-eua-para-a.html"><span style="color:#3333ff;">o crescimento da dívida ultrapassou a expansão econômica geral e a arrecadação fiscal</span></a></em>" do país, como explicou a agência chinesa de avaliação de risco Dagong Global, ao rebaixar a nota dos Estados Unidos de A+ para A.<br /><br />O ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mantega, ironizou a decisão da agência chinesa e apresentou uma visão diferente daquela da Dagong Global quanto à solidez da economia estadunidense, de acordo com a <a href="http://www1.folha.uol.com.br/mundo/953783-mantega-ironiza-agencia-chinesa-que-rebaixou-nota-dos-eua.shtml">reportagem no site da Folha de São Paulo</a>:<br /><br /><span style="color:#3333ff;">"<em>Eles deviam tomar cuidado, porque o principal credor dos Estados Unidos é a China e eles estão rebaixando os títulos que eles possuem. Não é o caso de rebaixamento dos Estados Unidos, porque do ponto de vista financeiro, (o país) vai continuar sólido e cumprindo suas obrigações</em>".<br /></span><br />Contudo, a questão que deve ser posta para reflexão é: será que tais medidas aprovadas serão eficientes e suficientes para sanar as deficiências da economia americana, incluindo efeitos de longo prazo, ou tornarão o problema do endividamento um desafio ainda maior para as contas do país?</p>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-202620040716719126.post-8681055733918284722011-07-31T22:15:00.004-03:002011-07-31T22:49:32.118-03:00A REVOLUÇÃO DOS COCOS<div align="justify">A Geopolítica do espaço da Oceania, das terras do Pacífico, é muito pouco abordada nos ensinos fundamental e médio.<br /><br />O filme que trago hoje é um excelente exemplo das relações imperialistas de dominação política, econômica e cultural de territórios na Oceania. Trata-se de "Revolução dos Cocos", do diretor Dom Rotheroe, que exibe a situação da ilha de Bougainville, na Papua Nova Guiné.<br /><br />A obra mostra como o imperialismo - de forma bastante semelhante ao que fez na África - subjugou um povo, implantou o cristianismo e estruturou empreendimentos mineradores que exploraram de forma insustentável o território e seu ambiente.<br /><br />Revela também os meandros da luta dos Bougainvilleanos pela independência e contra os agentes dessa dominação e as formas de sobrevivência e produção desenvolvidas em função do bloqueio territorial a que foram submetidos.<br /><br />É nesse contexto que o fruto do coqueiro surge como produto essencial à sobrevivencia desse povo confinado, tanto como alimento quanto como medicamento, matéria-prima para artesanato e em muitas outras formas de uso, inclusive energéticas.<br /><br />Vale muito cada minuto de sua duração. Aproveite!<br /></div><p align="center"><br /><object width="480" height="385"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/p/3B5A0CB8A2EE7BEF?version=3&hl=pt_BR&fs=1"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><br /><embed src="http://www.youtube.com/p/3B5A0CB8A2EE7BEF?version=3&hl=pt_BR&fs=1" type="application/x-shockwave-flash" width="480" height="385" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"></embed></object></p>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-202620040716719126.post-30192653208823745582011-04-04T17:40:00.001-03:002012-09-23T22:51:25.516-03:00OS COMPLEXOS REGIONAIS BRASILEIROS<div align="justify">
O conceito de Região é um dos mais importantes da Geografia. Abordada por diversas correntes do pensamento geográfico, a região é uma subdivisão do espaço definida a partir de critérios objetivos pré-estabelecidos por quem faz a regionalização.<br />
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Existem regionalizações formais e informais. Há, ainda, regionalizações administrativas e científicas. Para entendê-las melhor, analisaremos as principais formas de divisão regional do Brasil.<br />
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A divisão oficial do Brasil, feita pelo IBGE, é um exemplo de divisão formal e administrativa. Ela contém as cinco Macrorregiões do país: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Essa divisão baseia-se nas características naturais do território nacional (relevo, clima) mas também se dá em função da composição social e dos atributos econômicos.<br />
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Obedecendo os limites das fronteiras entre os estados da federação, essa divisão regional facilita a compreensão das realidades nacionais a partir das informações estatísticas produzidas e agrupadas por cada estado. Esses dados são usados por prefeitos, governadores e pela presidência para planejar as ações governamentais sobre os territórios.<br />
<br />
Sendo muito genérica a divisão do Brasil em macrorregiões, o IBGE elaborou subdivisões mais profundas que permitissem o trabalho de planejamento territorial de forma mais eficiente. Assim surgem as Mesorregiões e as Microrregiões. <br />
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As mesorregiões se diferenciam pela estrutura produtiva ou por elementos naturais muito marcantes. As Microrregiões são diferenciadas essencialmente pelas formas dominantes de uso do solo e pela relevância de um centro urbano regional.<br />
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Um exemplo de divisão informal e científica do Brasil é a divisão em Complexos Geoeconômicos Regionais. Contemplando as características econômicas do território, inclusive os processos históricos que marcaram sua apropriação, o geógrafo brasileiro Pedro Pinchas Geiger elaborou uma divisão que não obedece aos limites dos estados do Brasil.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhr64-9LayL0FN9vuKZoJfDp5vxH3aWiayUc29E4NmkD3Cm6ygjQJZvcREaAC4kPBssGQ2Av1JOo9973VMDHFMEDN_k6jLZXAfu7WmUqsI8_fzreRxEumDnLTvpPh9cRm5qsmH-u0iDPkX-/s1600/Os+Complexos+Regionais+do+Brasil+001.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5650798471034913778" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhr64-9LayL0FN9vuKZoJfDp5vxH3aWiayUc29E4NmkD3Cm6ygjQJZvcREaAC4kPBssGQ2Av1JOo9973VMDHFMEDN_k6jLZXAfu7WmUqsI8_fzreRxEumDnLTvpPh9cRm5qsmH-u0iDPkX-/s400/Os+Complexos+Regionais+do+Brasil+001.jpg" style="cursor: pointer; display: block; height: 400px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 385px;" /></a><br />
Ela pode ser definida como uma divisão informal já que não possui um caráter oficial e pode ser definida como científica na medida em que sua elaboração obedece os rigores da análise geoeconômica do território brasileiro e sua apropriação histórica, como já assinalamos. Nela não existem 5 macrorregiões mas 3 complexos regionais: Amazônia, Nordeste e Centro-Sul.<br />
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A Amazônia coincide, essencialmente, com a Amazônia Legal, incluindo o norte do estado do Mato Grosso e o oeste do estado do Maranhão, ou seja, áreas que não pertencem à macrorregião norte.<br />
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Além da particularidade ecogeográfica, a região é marcada pelos menores níveis de industrialização do país. Destacam-se as culturas de subsistência, o extrativismo vegetal, os grandes projetos de mineração e a expansão recente - e devastadora - da fronteira agrícola nacional.<br />
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O complexo do Nordeste abarca todos os estados da macrorregião nordestina - exceto o oeste maranhense - e inclui a mesorregião Norte de Minas (MG), onde as características físicas, sociais e econômicas se assemelham muito mais com o sertão nordestino do que com o sudeste industrializado.<br />
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Subdividido em Zona da Mata, Agreste, Sertão e Meio-Norte,o complexo do Nordeste tem múltiplas características e grande diversidade interna impostas pela natureza e pela apropriação histórica do espaço nordestino.<br />
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O complexo do Centro-Sul reúne os estados do sul, sudeste e centro-oeste, exceto as frações já mencionadas que pertencem aos complexos da Amazônia e do Nordeste. Trata-se do complexo onde a presença e os desdobramentos da influência das indústrias são maiores. O eixo São Paulo - Rio de janeiro - Minas Gerais forma o centro pulsante da atividade industrial, a core area do país. <br />
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A industrialização peculiar da região sul e a expansão da agroindústria pelo oeste paulista e centro-oeste completam o painel com os principais componentes econômicos desse que é o maior e mais diversificado complexo regional brasileiro. <br />
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Se a divisão oficial do Brasil em cinco macrorregiões é genérica, a divisão em complexos regionais é ainda mais. No entanto representa um esforço notável de análise e síntese das principais características histórico-econômicas do território brasileiro.</div>
Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-202620040716719126.post-86851886056663120042011-03-28T23:30:00.002-03:002012-09-23T22:47:56.796-03:00A PRIMEIRA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL<div align="justify">
A passagem dos modos de produção artesanal e manufatureiro para o modo de produção industrial é, certamente, um processo transformador da realidade mundial, verdadeiramente digno de ser tratado como uma revolução. Até então, a evolução técnica das sociedades era muito lenta e com a indústria torna-se muito mais rápida e complexa. Para a produção, a grande mudança está na forte aceleração que o processo produtivo sofreu e na conseqüente multiplicação da capacidade produtiva.<br />
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Essa passagem ocorre em uma data indeterminada, por volta de 1760, ou seja, na segunda metade do século 18, em terras da Inglaterra. Isso porque, naquele contexto histórico, os ingleses reuniram um conjunto de condições básicas - além do desenvolvimento tecnológico e do empreendedorismo - que permitiram a ocorrência das mudanças que criaram o advento da Grande Indústria.<br />
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Entre essas condições que levaram ao pioneirismo inglês destacam-se a disponibilidade de capital; a existência de reservas de carvão mineral no país; a presença de mão-de-obra livre e desempregada em grande volume após a expulsão de camponeses com os cercamentos dos campos; e a disponibilidade de matéria-prima para as primeiras indústrias, como a lã produzida no país e o algodão importado, que abasteceram a indústria têxtil.<br />
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Num primeiro momento a produção industrial gerava produtos de primeira necessidade como roupas, calçados, ferramentas, materiais de construção, alimentos e utilidades domésticas. Ao longo do processo, foram desenvolvendo-se as indústrias de base, especialmente as metalúrgicas e siderúrgicas, quando, já no início do século 19, a demanda de materiais metálicos vai além dos artefatos militares e se estende à construção das primeiras ferrovias.<br />
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O primeiro mercado consumidor foi o próprio mercado nacional inglês. Aos poucos os investimentos foram ampliados, com incentivos do Estado, viabilizando a busca de mercados além das fronteiras da Inglaterra, pondo em curso os primeiros passos da expansão imperialista. A mineração do carvão sustentou as necessidades energéticas das máquinas a vapor dentro das fábricas e dos navios e trens que circulavam com a produção para os novos pontos de produção e comércio.<br />
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Com condições técnicas em franca expansão, porém ainda bastante limitadas, transportes e comunicações eram processos caros. Por isso, pelo menos por algumas décadas, a organização espacial das grandes indústrias foi marcada pela concentração em pontos especiais, que reuniam o maior número de vantagens disponíveis, tais como mão-de-obra, energia, matéria-prima e mercado consumidor, para reduzir os custos dos fluxos.<br />
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Essa etapa do desenvolvimento do capitalismo se desenrola sob a égide do pensamento econômico liberal, sintetizado em Adam Smith. Para ele, a economia possuía uma “mão invisível” que fazia o trabalho de auto-regulação de modo que a intervenção regulatória do Estado seria desnecessária e acabaria por prejudicar o funcionamento da economia. O Estado poderia atuar como facilitador do desenvolvimento reduzindo entraves burocráticos e corrigindo as crises geradas por rupturas eventuais do equilíbrio econômico.<br />
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Outra marca do capitalismo nesse momento é a prática e a defesa da livre-concorrência. Ela seria fundamental pois favoreceria aqueles empreendedores que buscassem conquistar mercados fabricando produtos melhores por preços menores, o que seria ótimo para os consumidores. Mas rapidamente os novos industriais entenderam que isso era nocivo para eles e passaram a se associar em estratégias como cartéis e trustes formando oligopólios industriais, ou seja, uma situação onde poucas empresas dominam todo um ramo ou setor de mercado.<br />
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O desafio dos produtores industriais era sobreviver às ondas de evolução tecnológica dos produtos. Quando um conjunto de tecnologias encontrava aplicação produtiva, os industriais empreendedores percebiam uma rápida expansão dos seus lucros. Mas, quando essas tecnologias se disseminavam, a expansão cessava e havia estabilização. O surgimento de novas tecnologias provocava a queda dos lucros da comercialização dos produtos ultrapassados. Era preciso inovar, destruir velhas tecnologias e criar novas: a destruição criadora, imagem clássica cristalizada pelo economista austríaco Joseph Schumpeter, estudioso desses ciclos de desenvolvimento tecnológico.<br />
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Um dos traços mais importantes de todo esse processo revolucionário é o da exploração intensa do trabalho humano. Há relatos históricos de jornadas de 14 até 18 horas diárias de trabalho sem nenhum dia de descanso semanal; de agressão aos trabalhadores, que tinham remunerações baixíssimas; e de uso do trabalho infantil, que era preferido pelos industriais por as crianças ganharem menos, serem mais dóceis e menos resistentes a aprender o trabalho. Uma condição geral que remete à escravidão. Fica mais simples entender por que tantos europeus deixaram seus países no século 19 sabendo que as condições de trabalho e de vida eram essas.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwefZieYPGD5JJYwHBaFBPZsn9BSu0jZkpwbFac-jwHbBWhmtq4v80wmOLyRBnnfYxP6_r6Ydb14wyWFpN61YHpI9Wq_MCl4xsgQv30sUufK9WNUIeMiw56l-5Hpttrj_0Yq-sh7wimrH9/s1600/Trabalho+Infantil+na+Ind%25C3%25BAstria.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5709742194037861650" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwefZieYPGD5JJYwHBaFBPZsn9BSu0jZkpwbFac-jwHbBWhmtq4v80wmOLyRBnnfYxP6_r6Ydb14wyWFpN61YHpI9Wq_MCl4xsgQv30sUufK9WNUIeMiw56l-5Hpttrj_0Yq-sh7wimrH9/s400/Trabalho+Infantil+na+Ind%25C3%25BAstria.jpg" style="cursor: pointer; display: block; height: 287px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 400px;" /></a><br />
Os trabalhadores se submetiam aos baixos salários em função dos altos níveis de desemprego nas cidades. Esse desemprego foi forjado na Inglaterra com a expulsão de camponeses para as áreas urbanas, formando o que Marx definiu como um “exército industrial de reserva”. Certamente a exploração dessa mais-valia – outro conceito de Marx, que representa a diferença entre o valor gerado pelo trabalho do operário e a quantia que ele recebe como salário – foi uma das principais fontes de lucro dos primeiros industriais do planeta. Os trabalhadores tinham muitos motivos pra se organizar em sindicatos e lutar por melhores salários e condições dignas de trabalho.<br />
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Por tudo isso, é importante destacar que a industrialização é, em essência, um processo que gera transformações excludentes na sociedade. No mínimo porque tira das mãos dos artesãos e passa para as mãos dos industriais o controle sobre as técnicas de produção; porque leva as primeiras potências industriais à colonização de novos territórios, na África e na Ásia, em busca de matéria-prima, mercados consumidores e espaços para o escoamento de seus capitais excedentes; porque conduz ao enriquecimento da burguesia industrial e à miséria de uma grande massa de operários excluídos. </div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-202620040716719126.post-56127159794609073562010-11-03T20:00:00.001-02:002010-11-06T17:25:39.870-02:00A POPULAÇÃO CHINESA<div style="text-align: justify;">A questão demográfica na China é complexa por fatores que vão muito além de tratar-se do país com a maior população do planeta. Distribuição desigual, políticas de controle da natalidade, mosaico étnico, nacionalismos separatistas e a questão do gênero feminino são outros condimentos que temperam a complexidade do país que realiza o maior censo demográfico da história em 2010, com a participação de seis milhões de agentes recenseadores.<br /></div><br /><div style="text-align: justify;">A população chinesa é distribuída de forma bastante desigual pelo território e tal distribuição é profundamente influenciada pela geografia física do país. As regiões autônomas do Tibete, de Xinjiang e da Mongólia Interior apresentam baixas densidades demográficas.<br /></div><br /><div style="text-align: justify;">No caso tibetano, por tratar-se de uma grande área cujas altitudes raramente são menores do que 4 mil metros, pelo clima frio e pelos solos rasos e pedregosos, há grande dificuldade para a fixação humana.<br /></div><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjT9hlz691vcN2BxdNOf6CVbGZFykFw6hJQrqQUZk7ZqzzTdrrVuosbC_GfRSGBnBa4YfIkvF48U7Iy2246bZ2kclQmVgx3OWtXz5Lboe504RwmP8I7V2YBbjxWC3j_ChJRT81KGqFFcMG/s1600/Divis%C3%B5es+administrativas+e+disputas+territoriais.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 326px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjT9hlz691vcN2BxdNOf6CVbGZFykFw6hJQrqQUZk7ZqzzTdrrVuosbC_GfRSGBnBa4YfIkvF48U7Iy2246bZ2kclQmVgx3OWtXz5Lboe504RwmP8I7V2YBbjxWC3j_ChJRT81KGqFFcMG/s400/Divis%C3%B5es+administrativas+e+disputas+territoriais.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5535451633984754882" border="0" /></a><br /><div style="text-align: justify;">Xinjiang e Mongólia Interior apresentam desertos em suas paisagens. O de Taklamakan e o de Gobi, respectivamente. Ambos são marcados por forte continentalidade, ou seja, grande distanciamento em relação ao oceano.<br /></div><br /><div style="text-align: justify;">Já as regiões da China Meridional das Colinas e a Manchúria apresentam densidades demográficas muito elevadas por possuirem litoral, por serem marcadas por regimes de chuva favoráveis à implantação tradicional da agricultura, e, por fim, por abarcarem a imensa maioria das Zonas Econômicas Especiais (ZEE’s) criadas no processo de modernização e abertura do país ao capitalismo.<br /></div><br /><div style="text-align: justify;">Sobre a China Meridional das Colinas é importante frisar que a região concentra a maior parcela da população chinesa, especialmente nos vales e planícies aluvionais ao longo dos rios Yang-Tsé e Hoang-Ho, ou seja, as principais zonas rurais do país, marcadas pela grande produção de arroz feita através do milenar sistema de jardinagem, intensivo no uso de mão-de-obra.<br /></div><br /><div style="text-align: justify;">A população chinesa é a maior do planeta, com mais de 1 bilhão e 300 milhões de habitantes, acompanhada de perto apenas pela da Índia, com pouco mais de 1 bilhão de pessoas. O governo de Mao Tsé-tung estimulava a natalidade como forma de aumentar a população do país e seu percentual em relação à humanidade. Mas com uma população assim, tão grande, dificuldades evidentes se apresentaram ao país como o desemprego e a fome.<br /></div><br /><div style="text-align: justify;">Desde 1979, vigora a política do filho único na China, cujo objetivo é reduzir o ritmo de crescimento acelerado da imensa população do país, para minimizar tais problemas. Atualmente as taxas de crescimento vegetativo do país estão abaixo de 0,7% ao ano. Um percentual que aplicado a 1,3 bilhão de pessoas representa um crescimento numérico de aproximadamente 9 milhões de pessoas por ano.<br /></div><br /><div style="text-align: justify;">No entanto, por conta de uma característica tradicional da sociedade, o cuidado dos idosos é responsabilidade dos homens e suas respectivas esposas. As mulheres casadas cuidam dos sogros e, via de regra, não têm permissão para cuidar dos próprios pais. Os casais desejam, portanto, ter filhos homens em detrimento das mulheres.<br /></div><br /><div style="text-align: justify;">Cresce, assim, o número de abortos quando se descobre que o bebê esperado é do sexo feminino, atingindo aproximadamente meio milhão de interrupções de gestações anualmente. Por isso, atualmente a China proíbe a identificação do sexo dos bebês nos exames de ultra-sonografia.<br /></div><br /><div style="text-align: justify;">Também ocorre o abandono de meninas ao relento para a morte. Como conseqüência, atualmente existem 117 homens para cada 100 mulheres. A média mundial é de 106 ou 107 homens para cada 100 mulheres.<br /></div><br /><div style="text-align: justify;">Além da preocupação com a velhice, os chineses preferem filhos homens pois eles garantem a perpetuação do sobrenome da família. Tal fato é influenciado pela religiosidade da maioria dos chineses, que é ligada ao culto dos antepassados. Manter o sobrenome vivo é uma forma de garantir que será lembrado pelos seus descendentes no futuro.<br /></div><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggoIXFjURX74gZohaXltXU5Wd4HCYzG6XTKOFFLgYxSpmDCg2W_LO-5Fm7oItpVe0kyX6OjQXkiO3u2xeU322NZa7YCAI6KdeiGT8oqjfh_b-zw9fn72pcYEev9jbsw9ulReIFiIopjit8/s1600/Etnias+Chinesas.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 399px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggoIXFjURX74gZohaXltXU5Wd4HCYzG6XTKOFFLgYxSpmDCg2W_LO-5Fm7oItpVe0kyX6OjQXkiO3u2xeU322NZa7YCAI6KdeiGT8oqjfh_b-zw9fn72pcYEev9jbsw9ulReIFiIopjit8/s400/Etnias+Chinesas.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5535451639409035682" border="0" /></a><br /><div style="text-align: justify;">Na China, 92% da população pertencem à etnia Han. Esses são os chamados “chineses étnicos”. Os demais 8% dividem-se em mais de 56 etnias minoritárias reconhecidas pelo governo e que formam um grande mosaico populacional. Os tibetanos e os Uigur são duas dessas etnias minoritárias, habitantes das regiões autônomas do Tibete e de XinJiang, respectivamente.<br /></div><br /><div style="text-align: justify;">E são nacionalistas. Cada grupo defende a separação de sua porção do restante da China. Os tibetanos tiveram sua soberania reconhecida pelos ingleses em 1904, porém tiveram sua capital ocupada pelos revolucionários chineses em 1950. Organizaram um levante contra tal ocupação em 1959, o que levou ao exílio do Dalai Lama, líder político e espiritual dos tibetanos, que passou a viver na Índia.<br /></div><br /><div style="text-align: justify;">Os Uigur formam um povo com quase 9 milhões de pessoas na China. Têm origem turcomena e são muçulmanos. Possuem vínculos culturais e religiosos muito mais intensos com os povos da Ásia Central do que com os Chineses. Por isso costumam realizar protestos com a intenção de transformar a Região Autônoma de Xinjiang num país independente para o seu povo.<br /></div><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVgyrd4X3dPjcPjjYwEXyzRdIW8fkRB0NBoaZr_wRMc21yTRGum2Ze1D8KNoAW8qKAN2uJoL0fOW2oibV7aRzCogPzusbno5CundphqB4XuA3IXmIpMTMWhDHwoyzNx3AW2sc6LfqT0wkc/s1600/China+-+Contradi%C3%A7%C3%B5es.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 292px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVgyrd4X3dPjcPjjYwEXyzRdIW8fkRB0NBoaZr_wRMc21yTRGum2Ze1D8KNoAW8qKAN2uJoL0fOW2oibV7aRzCogPzusbno5CundphqB4XuA3IXmIpMTMWhDHwoyzNx3AW2sc6LfqT0wkc/s400/China+-+Contradi%C3%A7%C3%B5es.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5535451633107929122" border="0" /></a><br /><br /><div style="text-align: justify;">É por essas razões que, a fim de dissolver a concentração majoritária dessas etnias em suas regiões, a China impõe migrações de chineses da etnia Han para essas regiões. O que acentua ainda mais as contradições criadas no país a partir do momento da abertura econômica, como as múltiplas oposições entre o campo arcaico e as cidades modernas.<br /></div>Unknownnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-202620040716719126.post-66790423058633177512010-08-30T13:00:00.000-03:002010-08-30T13:06:47.954-03:00O BRASIL E AS MIGRAÇÕES INTERNACIONAIS<div style="text-align: justify;">Mais um vídeo em que falo aos vestibulandos que acessam o site g1.com/vestibular.<br /><br />Desta vez o tema é o Brasil e as suas migrações internacionais.<br /><br />Resumo do G1:<br /><br />O professor de geografia do cursinho pH, Diego Moreira, dá uma aula sobre as migrações internacionais ocorridas no Brasil.<br /><br />No período de 1500 a 1930, o país apresentava um perfil receptor com a chegada dos colonizadores portugueses, os escravos africanos, os europeus não lusitanos e os asiáticos.<br /><br />A partir dos anos 30, como reflexo da crise de 1929, o Brasil começa a formar um perfil repulsor.<br /><br />A lei de cotas de 1934 restringe a entrada de imigrantes, há o êxodo rural e as cidades se tornam metrópoles que não comportam toda a população. O ambiente saturado e a falta de infraestrutura fazem com que os brasileiros deixem o país em busca de melhores condições de vida na Europa, Estados Unidos e Japão.<br /><br />Confira aula completa em vídeo.<br /></div><br /><div style="text-align: center;"><object width="480" height="392"><param value="http://video.globo.com/Portal/videos/cda/player/player.swf" name="movie"><param value="high" name="quality"><param value="midiaId=1325637&autoStart=false&width=480&height=392" name="FlashVars"><embed flashvars="midiaId=1325637&autoStart=false&width=480&height=392" type="application/x-shockwave-flash" quality="high" src="http://video.globo.com/Portal/videos/cda/player/player.swf" width="480" height="392"></embed></object></div>Unknownnoreply@blogger.com0